domingo, 30 de março de 2014

Crítica: Uma Canção de Amor para Bobby Long | Um Filme de Shainee Gabel (2004)


Moradora da cidade de Panamá City, na Flórida, Purslane Homing Will (Scarlett Johansson) recebe certo dia uma inesperada notícia: sua mãe, Lorraine morreu. Avisada meio que tardiamente por seu imprestável namorado, Lee (Clayne Crawford), ela se dirige rapidamente até Nova Orleans para o funeral após muitos anos longe da cidade onde nasceu. Mas sua mãe já havia sido enterrada um dia antes, lhe restando apenas a tarefa de reivindicar sua herança materializada em uma precária casa que numa suposição equivocada ela achava estar abandonada. Habitada por dois amigos de sua falecida mãe, Bobby Long (John Travolta) um  ex-professor de literatura que inspirado a citar famosos textos literários em suas conversas, e Lawson Pines (Gabriel Match) um propenso escritor de sucesso com uma forte ligação com seu amigo, onde ambos passam os dias bebendo sem grandes ambições. E nessa rotina de degradação em que esses dois alcoolatras se encontram, Purslane vem para mudar radicalmente sem saber a vida dessas ultrajantes figuras boemias, além é claro, a sua própria vida. "Uma Canção de Amor para Bobby Long" (A Love Song for Bobby Long, 2004) é um drama estadunidense independente baseado no livro "Off Magazine Street" escrito por Ronald Everett Capps, o filme foi adaptado para o cinema e dirigido por Shainee Gabel. Permeando seu trabalho com uma pitada de humor inteligente que geram descontraídas risadas, algumas passagens que inspiram o espectador a lacrimejar, belas paisagens ensolaradas da Louisiana onde acompanhamos um pouco do curioso estilo de vida local, Shainee Gabel entrega uma emocionante história que retrata com sensibilidade a reconstrução de vidas onde seus personagens fazem as pazes com seu passado.

Se a enxuta premissa descrita acima a jovem órfã Purslane Homing ganha certo destaque na descrição da história de "Uma Canção de Amor para Bobby Long", naturalmente o homem despedaçado pelo álcool e pelas tragédias de seu passado que dá título a esse longa-metragem, como seu leal escudeiro são sem dúvida o grande atrativo, como também suas relações diplomáticas com os demais personagens que compõem o elenco. Citando constantemente as palavras de renomados escritores e personalidades históricas (Ben Franklin, Charles Dickens, entre outros), Bobby Long não se contem em viver vários personagens diferentes em argumento, que a cada mudança impactante se usa das palavras alheias para expressar suas ideias e emoções afundadas nesse estilo de vida descompromissado com a prosperidade. Lawson Pines somente abençoa o curso traçado por seu mestre, o seguindo cegamente, apesar de ter suas dúvidas próprias caladas pela vida boemia. E em meio a essas figuras imaturas, a jovem Purslane Homing se mostra a figura menos culta e mais madura da casa, gerando excelentes momentos por esse desequilíbrio. E nesse contraste de diferenças há aspectos comuns que os ligam profundamente, sobretudo carregado de emoções dramáticas muito bem apresentadas. Mesmo com uma produção problemática (dificuldades de orçamento e muitas cenas que nem vieram a ser filmadas), Shainee Gabel aproveita bem todas as qualidades do elenco principal, confere uma beleza visual rica ao ambiente e uma sonoridade primorosa onde a trilha sonora composta por hipnóticas canções de Jazz e Blues poderiam re-intitular esse longa como: "As Canções de Amor para Bobby Long".

Apesar de se armar de um punhado de clichês bem aplicados, (o desfecho é facilmente detectável e ao mesmo tempo perdoável pelo envolvente desenvolvimento), "Uma Canção de Amor para Bobby Long" possui inspiradas qualidades que lhe conferem uma saborosa simpatia. Pouco conhecido pelo público (foi lançado no Brasil diretamente em DVD) e mal reconhecido pela crítica especializada (o site referência Rottentomatoes lhe concedeu uma média ligeiramente baixa), esse longa tem um apelo carismático pela inteligente entrega do personagem título que seduz inexplicavelmente o espectador.  

Nota: 8/10

quinta-feira, 27 de março de 2014

Crítica: Jovem & Bela | Um Filme de François Ozon (2013)


Isabelle (Marine Vacth) é uma jovem francesa de 17 anos como qualquer outra de sua cidade. Isabelle estuda em uma boa escola onde cursa o colegial, tem alguns amigos que se mostram relevantes para ela e uma amável família que lhe proporciona estrutura e condições financeiras que lhe conferem boas condições de vida, embora faça alguns trabalhos de babysitter ocasionalmente para ganhar algum dinheiro extra. Mas após um evento ocorrido nas férias de verão na praia (a perda da virgindade), ela revela-se em seu retorno transformada. Prostituindo-se constantemente, Isabelle começa a levar uma perigosa e inesperada vida dupla. "Jovem & Bela" (Jeune et Jolie, 2013) é um longa dramático escrito e dirigido por François Ozon, no qual acompanhamos sua misteriosa, para não dizer enigmática protagonista pelas quatros estações do ano (acentuadas por canções que enfatizam cada etapa do desenvolvimento de modo explícito) dividido em quatro capítulos. Sem uma história necessariamente original, Ozon surpreende pela inspirada abordagem que nunca deixa evidente as verdadeiras motivações de Isabelle para se prostituir, gerando sistematicamente material para que propague inúmeras suposições que necessitam ser desvendadas e que consequentemente despertam no espectador uma magnética chamada de atenção. Além do mais, ganha valorosos pontos pela criação de delicadas das imagens, seja do ambiente em que se passa a trama, ou de sua protagonista (em momento algum a nudez de Marine Vacth soa apelativa), como no desenvolvimento narrativo responsável que introduz passagens carregadas de inquietude materializadas nos personagens que buscam os serviços de Isabelle.

Distante de ser tão brilhante quanto seu trabalho anterior (Dentro de Casa, 2012), Ozon continua a botar em prática seu gosto pelo voyeurismo, aqui materializado na figura simpática do irmão mais novo de Isabelle interpretado pelo ator mirim Fantin Ravat, cuja relação é marcada de cumplicidade e admiração que gera momentos fascinantes de interpretação conferindo uma dose bem medida de lirismo a sua história. Se na maior parte do tempo Marine Vacth transparece uma certa melancolia, demonstrando claras dificuldades emocionais onde amar se mostra um sentimento de alcance distante, o garoto extrai de sua irmã momentos saborosos de leviandade. Além de investir em algumas subtramas que acompanham a família de Isabelle, de amigos e clientes, Ozon preenche sua obra com um ambiente que dá intencionalmente pistas da maior de todas as questões em volta dessa jovem: Por que uma jovem que não necessita iria se prostituir? Levando em consideração a lógica em volta das circunstâncias que cercam Isabelle (o despertar da sexualidade e as confusões resultantes dessa complicada fase da vida de qualquer jovem independente de ser homem ou mulher) isso sumariamente poderia servir de resposta a atitude da jovem. Ganância até foi especulado a certa altura do desenvolvimento. Mas o mundo criado por Ozon é em teoria mais complexo, desprovido de respostas lógicas que habitam manuais de auto-conhecimento, muito menos fáceis ainda que seu desenvolvimento procure demonstrar tal intenção com um desenvolvimento carregado de situações familiares ao enredo (materializadas por reações de auto-negação da família seguido por uma aceitação didática pouco convincente). Talvez o verdadeiro toque de genialidade desse longa-metragem, quando ao dosar a resposta com inúmeros indícios, ainda presenteie o espectador com um desfecho capaz de gerar diferentes interpretações. Um exercício narrativo agradável, "Jovem & Bela" lembra vários outros filmes cujo o enredo tem o desejo voluntário pela prostituição. Mas ao contrário dos homens (cuja crença popular feminina afirma que todos os homens são iguais) as mulheres naturalmente são um mistério diferenciado, ou pelo menos nada óbvias conceitualmente.

Nota:  7,5/10


sábado, 22 de março de 2014

Crítica: Tese Sobre um Homicídio | Um Filme de Hernán Goldfrid (2013)


Roberto Bermudez (Ricardo Darín) é um especialista em Direito Criminal que leciona em uma Universidade em Bueno Aires. Para seu espanto, Gonzalo Ruiz Cordera (Alberto Amman) um jovem advogado vindo da Espanha, e também seu sobrinho viajou especialmente para a Argentina para ser seu aluno em um seminário. Durante o lançamento de um livro de Bermudez, Gonzalo revela sua grande admiração pelo professor ao mesmo tempo em que demostra uma petulante rivalidade, materializada no assassinato de uma jovem garçonete nos arredores da universidade que indicam supostamente que o criminoso é seu aluno. Ainda que as pistas não justifiquem essa acusação, mas uma interpretação cuidadosa dos detalhes do crime deixam Bermudez convencido da culpa de Gonzalo. Obstinado a impedir que seu aluno cometa outro assassinato, Bermudez passa travar uma batalha onde suas armas são a astúcia e a inteligência farão toda a diferença na punição ou não de seu pretensioso oponente. "Tese Sobre um Homicídio" (Tesis sobre un Homicidio, 2013) é um suspense policial argentino enraizado no gênero dos filmes de serial killer muito comuns no cinema estadunidense. Um subgênero visto com muita admiração por muitos, e preconceito por outros em virtude de inúmeras produções desgastadas e desgastantes. Dirigido por Hernán Goldfrid, seu trabalho impressiona pela habilidade com que essa produção trabalha com os clichês do gênero e consegue apesar de alguns exageros desnecessários apresentar um resultado com um certo frescor.      

O cinema argentino apresenta frequentemente filmes que se mostram experiências agradáveis que são capazes de surpreender um espectador desavisado. "Tese Sobre um Homicídio" se enquadra perfeitamente nessa categoria de produções bem realizadas que tem essa qualidade de surpreender. E uma das principais qualidades desse longa se encontra em seu elenco principal, onde Ricardo Darín mostra porque é um dos mais bem sucedidos atores argentinos capazes de conferir evidência e confiabilidade há um produto de mero entretenimento. Embora o jovem Alberto Amman não deixa a desejar em sua interpretação carregada de sutis gestos e expressões que dizem mais do que mil palavras. Ainda que o roteiro de Patricio Vega tenha algumas deficiências (a mais gritante em seu desfecho apurado e desconectado com o desenvolvimento) também está repleto qualidades, como na direção da trama que trabalha com fluência a psicologia dos personagens; o desenvolvimento que em sua maior parte dosa de modo ajustado as hipóteses com as descobertas que mantem um nível de suspense envolvente; os imprescindíveis diálogos inteligentes divididos com cenas contemplativas que mostram tanto quanto seria possível com apenas palavras; e a forma como magistralmente o diretor Hernán Goldfrid mescla tudo com elegância num ritmo afinado de suspense e dramaturgia demonstrando o quanto os recursos técnicos (a cargo de uma trilha sonora intensa de Sergio Moure e uma direção de fotografia de Rolo Pulpeiro que desenvolve uma atmosfera coerente com a proposta) favorecem a condução Goldfrid, que acaba fazendo dessa produção um produto primoroso e agradável de ser acompanhado. Em resumo, "Tese Sobre um Homicídio" não apresenta nada de novo ao gênero, entretanto o que mostra é feito com muita habilidade e harmonia. Além do mais surpreende por vir de onde vem, mostrando porque o cinema argentino detêm obras que até quando em premissa demostram falta de pretensão, ainda assim apresentam um nível de excelência invejável.

Nota:  7,5/10


Tese Sobre um Homicídio - Trailer Legendado

Tese Sobre um Homicídio - Filme Completo Dublado

quarta-feira, 19 de março de 2014

Crítica: Enterrado Vivo | Um Filme de Rodrigo Cortés (2010)


Paul Conroy (Ryan Reynolds) é um motorista de caminhão americano que está no Iraque. Sem saber por quê e como, ele acorda enterrado vivo dentro de um caixão de madeira em algum lugar. Tendo pouco tempo de oxigênio no interior do caixão, e nenhuma ideia precisa de seu paradeiro, ele terá um grande desafio com poucas chances de ser resgatado e conseguir sobreviver. "Enterrado Vivo" (Buried, 2010) é um longa de suspense realizado pelo espanhol Rodrigo Cortés, cujo resultado de seu trabalho se mostra tão inspirado quanto claustrofóbico para o espectador. O que poderia muito bem ser visto como apenas uma ideia genial (igual a muitas outras mais que o cinema independente ocasionalmente ousa lançar), e que pelos caminhos traiçoeiros de uma narrativa falha facilmente se perderia em alguma etapa de seu desenvolvimento, aqui tanto a condução soberba de Rodrigo Cortés, quanto o roteiro seguro de Chris Sparling, projeta uma das melhores interpretações do suprimido ator Ryan Reynods que geralmente está vinculado a projetos desinteressantes. "Enterrado Vivo" é o tipo de filme que angustia o espectador por transporta-lo diretamente para a ação tão aterrorizante quanto é possível. Prender o espectador com a devida atenção através de uma trama relativamente simples, embora tenha a seu favor uma trama plausível, sem complexas camadas de irritante compreensão, desprovida de um abundante elenco repleto de personagens alegóricos por cerca de noventa minutos não é uma tarefa das mais fáceis.
      
Mas Rodrigo Cortés indubitavelmente sabe o que está fazendo e prova isso por não atenuar o terror psicológico que sem dúvida nenhuma é o combustível motor de sua história. Com sua trama começado desde os primeiros minutos de forma tensa, os poucos artefatos disponíveis ao enclausurado (um sofisticado telefone celular com pouca carga de bateria e um clássico isqueiro Zippo) disponibilizado por seus algozes sequestradores que reivindicam uma soma em dinheiro por seu resgate num prazo de duas horas, denota um estilo de narrativa que é de difícil execução (que concilie atmosfera e credibilidade) e que evidencia por toda parte uma clara homenagem a Alfred Hitchcock. Cortes leva sua premissa simples de sobrevivência ao espectador que a acompanha com tensas expectativas e ainda por cima confere conotações políticas convincentes. Esse é um dos aspectos magistrais dessa produção. Além do mais, esse filme é quase um show de um homem só, já que o esforço eficaz de Reynolds não cessa (com ou sem iluminação) por toda a duração do longa e o mundo lá fora, inclusive não se aquieta sobre suas circunstâncias. O diretor Rodrigo Cortés impressiona por sua habilidade com a câmera, que mesmo sob um restrito espaço físico, consegue movimentos de até 360 graus sem o suporte de artifícios digitais computadorizados que são verdadeiros truques de mágica considerando as condições de filmagem. "Enterrado Vivo" é materialização de uma superação, já que esse longa consegue dramaticamente sobrepor o desafio de conferir uma dose enorme de suspense e angustia de várias formas diferentes a uma situação já naturalmente tensa em sua forma crua.

Nota:  8/10

segunda-feira, 17 de março de 2014

Crítica: Capitão Phillips | Um Filme de Paul Greengrass (2013)


Em 2009, o Maresk Alabama, um navio cargueiro comandado pelo Capitão Rich Phillips (Tom Hanks) que viaja de Omã para Somália é invadido por piratas somalis sob a costa da África. Mesmo seguindo todos os protocolos de segurança teorizados para situações de risco como essa, cada vez mais comuns nessa região, nem tudo acaba saindo como planejado, onde o capitão acaba por se tornar refém desse grupo de piratas fazendo com que as autoridades competentes elaborassem uma operação de guerra para seu resgate. “Capitão Phillips” (Captain Phillips, 2013) é baseado em um traumático relato literário descrito no livro A Captain’s Duty: Somali Pirates, Navy SEALS and Dangerous Days at Sea” (em uma tradução livre “O Dever de um Capitão: Piratas Somalis, Oficiais da Marinha e Dias Perigosos no Mar”) escrito por Stephan Taldy e pelo próprio capitão da embarcação aqui retratada, foi adaptado por Billy Ray e dirigido por Paul Greengrass, cineasta consagrado por sua contribuição à “franquia Bourne” e pelo inesquecível “Voo United 93”. Essa dramática aventura marítima surgiu com grande destaque aos olhos do grande público e obteve merecidas indicações na cerimônia do Oscar 2014, onde cineasta conseguiu entregar uma história que por sinal em premissa até não se mostrava com grandes atributos, mas que no conjunto composto por elementos como o realismo necessário para se materializar uma situação de estresse real como a descrita em sinopse, além de fazer bom uso do elenco principal (principalmente composto por espetacular Tom Hanks e pelo estreante Barkhad Abdi), Paul Greengrass impressiona pelo resultado tenso e carregado de emoções.

A tensão transcorre em seu desenvolvimento. Com uma narrativa que sugere um estilo documental em certas cenas, com câmera em punho que enfatizam as urgências da ação retratada com contornos realistas que intensificam o suspense dos acontecimentos, além de planos mais convencionais típicos de cineastas mais tradicionais, Greengrass equilibra bem seu estilo, o mesmo aplicado em “Voo United 93”, com a necessidade da proposta. Detalhista e metódico em relação às nuances em volta dos conhecimentos de navegação, aos procedimentos de segurança naval e na relação padrão entre refém e criminoso, o cineasta confere um realismo de grande impacto a um produto sujeito as diferentes emoções de seus personagens. Enquanto Tom Hanks, que há muito tempo não entrega um personagem tão virtuoso em atitude e em motivação, Barkhad Abdi compõe um personagem extremamente genial por não querer ser mais do que realmente é: um ser humano. Apenas mostra sua história, onde seu destino balança entre o perdão e a condenação no coração do espectador. E o elemento decisivo na vida e no destino desses personagens se encontra na performance da figura esquentada e desconfiada do ator Barkhad Abdirahman, que fez um homem cético e confiante diante de uma situação extremada, também conhecer o incontrolável desespero. Se em grande parte o jogo de rivalidade entre os personagens principais possa parecer restrito as dependências da embarcação, o engenhoso roteiro de Billy Ray simboliza, principalmente através de diálogos bem pontuados, uma dimensão maior para descrever a história de seus personagens que refletem em que condição anda os relacionamentos entre as suas nações. “Capitão Phillips” é um filme imperdível, não apenas pelo filme em si, mas por mostrar como seu realizador tem tido uma crescente evolução reconhecida, tanto pelo público quanto pela crítica.

Nota:  9/10  

domingo, 16 de março de 2014

Super-Heróis Red Bull | Voar é pouco para Diego Fonseca

De acordo com a crença popular, todo mundo sabe que a bebida energética austríaca Red Bull pode lhe dar asas. Os comerciais animados da marca brincam incessantemente com esse aspecto. Mas bem que ela poderia dar vários outros poderes, não é? Segundo o diretor de arte Diego Fonseca, não se contentando simplesmente com a habilidade de voar que a bebida Red Bull oferece, ele criou um design visual para as latas que sugere que poderia conceder a seus consumidores mais alguns outros poderes além do que sua campanha de marketing já anuncia. Partindo desse princípio, o artista visual criou uma série de designs para as latas da bebida baseadas em personagens proeminentes da Liga da Justiça. O consumidor nunca irá encontrar essas latas para comércio. Trata-se de um projeto meramente conceitual e imaginativamente legal. Muito legal e bem cuidado. Para ver outros projetos visuais do artista confira seu site








sábado, 15 de março de 2014

Wes Anderson: Em Cartaz

Wes Anderson é um dos cineastas mais autorais e influentes das últimas duas décadas do cinema estadunidense. Um artista cujo pleno domínio sobre a arte visual faz de suas delicadas obras cinematográficas verdadeiras obras de arte. E olhando com cuidado sua filmografia, a ilustradora e sensível artista Marinaesque cria outras obras de arte com base nos filmes realizados por Wes Anderson. Mesclando diferentes técnicas, a ilustradora produz uma inspirada coleção de cartazes alternativos dos filmes de Anderson que igual aos filmes que a inspiraram a artista são um espetáculo.

 Pura Adrenalina (1996)


 Três é Demais (1998)

 Os Excêntricos Tenenbaums (2001)

 A Vida Marinha Com Steve Zissou (2004)

 Viagem a Darjeeling (2007)

 O Fantástico Sr. Raposo (2009)

 Moonrise Kingdom (2012)

O Grande Hotel Budapeste (2014)

sexta-feira, 14 de março de 2014

Crítica: Blade Runner – O Caçador de Andróides | Um Filme de Ridley Scott (1982)


Em 2019 uma corporação chamada Tyrel Corporation conseguiu sintetizar algo que poderia ser o mais próximo do que se pode chamar de vida. Ao criar robôs, andróides conhecidos como replicantes, de semelhança física idêntica a humanos, mas de força, inteligência e agilidade superior, a empresa passou a utiliza-los como mão de obra escrava em outros planetas colonizados pela raça humana. Porém após uma sangrenta rebelião, os replicantes foram banidos da Terra e eles passaram a serem perseguidos no planeta por policiais chamados Blade Runners. Assim quando um pequeno grupo de quatro replicantes é identificado nas redondezas de Los Angeles, o ex-Blade Runner Rick Deckard (Harrison Ford) aposentado do ofício retorna as suas antigas atividades. Embora a missão de capturar e exterminar esses androides jamais tenha sido fácil, sua tarefa dificulta-se a partir do momento de Deckard passa a se sentir atraído por Rachael (Sean Young), uma replicante que acredita cegamente ser uma humana, e que fará o lendário Blade Runner Rick Deckard, o vê-los com outros olhos. ”Blade Runner – O Caçador de Andróides” (Blade Runner, 1982) é um filme de ação e ficção cientifica inspirada na obra de Philip K. Dick (criador de obras emblemáticas do cinema como “O Vingador do Futuro” e “O Homem Duplo”), que além de efeitos visuais e de resultado ainda bem funcionais, e uma direção de arte inspirada, o longa-metragem possui um desenvolvimento que é pura poesia.

Dirigido por Ridley Scott, essa produção teve um reconhecimento de suas qualidades de modo tardio. De imediato dividiu opiniões, que com o respectivo culto por parte de fãs foi revisitado pela crítica especializada com mais atenção anos depois, onde a obra foi consequentemente elevada ao patamar de clássico da ficção científica hoje regularmente mencionada como referência no gênero. Com um roteiro sensacional de Hampton Fancher e David Peoples que aborda aspectos sobre a busca de uma identidade em meio a uma linha tênue entre a humanidade e a tecnologia, “Blade Runner” toca com habilidade e de forma sensível em questões de existencialismo com ares filosóficos. Embora se venda como uma produção de ficção científica, o trabalho de Ridley Scott bebe da mesma fonte de filmes noir que encontraram o glorioso reconhecimento nos anos 40. Com uma atmosfera sombria ambientada em futuro distópico, essa produção se enriquece ainda mais pela profusão da trilha sonora de Vangelis que intensifica toda a ação do enredo. Sobretudo, pelas atuações fascinantes do elenco principal composto por Harrison Ford, Sean Young, Rutger Hauer, Daryl Hannah, entre outros. ”Blade Runner – O Caçador de Andróides” já teve sete versões diferentes elaboradas pelos executivos para o filme onde que obteve reações do público diferenciadas a essas mudanças. Mas independente da versão, sua essência continua intocada (onde o humano e o desumano se confundem) tornando essa produção uma obra-prima merecedora de ser revisitada constantemente.

Nota: 9/10

quarta-feira, 12 de março de 2014

Crítica: Quebra de Conduta | Um Filme de Éric Rochant (2013)


Grégory Lioubov (Jean Dujardin) também conhecido como Moïse é um agente secreto da FSG (Organização de Combate a Crimes Financeiros) que trabalha para o governo russo nas imediações de Mônaco. Sua tarefa em suma é reunir informações financeiras sobre os empreendimentos ilegais do magnata Rostovsky (Tim Roth). Assim Moïse elabora um plano de espionagem que utiliza os serviços Alice (Cécile de France), uma habilidosa analista de mercado como uma fonte de informações sobre as atividades ilícitas de Rostovsky. Em troca desse arriscado serviço, ela receberia o direito de voltar aos Estados Unidos da América. Mas quando Moïse desenvolve um relacionamento amoroso com sua informante, o agente sabota o sucesso da operação secreta e seu próprio futuro. “Quebra de Conduta” (Möbius, 2013) é um thriller de espionagem francês com um enredo contemporâneo, elegante e com excelentes atuações. Longe de poder ser comparado a produções Hollywoodianas, pois o espião se resguarda de seu ofício e não se gaba de sua importância na função que desempenha, o diretor Éric Rochant usa de modo inteligente o universo da espionagem oculto no meio financeiro internacional, ao proporcionar um paralelo interessante com politica russa dos últimos anos, funciona como pano de fundo adequado para mostrar um romance carregado de sensualidade e marcado de contradições.

Quebra de Conduta” é um filme globalizado. Filmado principalmente na cidade de Monte Carlo, em Mônaco, a câmera de Éric Rochant desfila com leveza por lindas paisagens em Bruxelas e Moscou também, com os cuidados de uma direção de fotografia meticulosa que faz desse longa um filme de espionagem internacional bem cuidado e bonito. Mas se em sua aparência ele se apresenta fluente e rico visualmente, diga-se o mesmo ao restante dos elementos que compõem essa produção. O contexto político ligeiramente complexo é profundamente contextualizado na trama com um roteiro instigante que saca oportunas reviravoltas ao longo do desenvolvimento que prende a atenção do espectador, ainda que o arco dramático e de maior relevância permaneça mesmo focado no romance entre Moïse e Alice. Essa relação é apresentada de modo convincente, e muito pela química do elenco principal apaixonado e comprometido, além da intrometida presença de Tim Roth nesse conturbado romance. Enquanto ela permanece alheia às verdades sobre Moïse, ele desconhece alguns segredos em volta de Alice, como sua estreita relação com a CIA revelada através de uma inspirada e apropriada metáfora erguida sobre o conceito da Faixa de Möbius, a mesma que dá título a essa produção originalmente. Éric Rochant faz um trabalho de direção que equilibra bem realismo e ficção, como também as cenas de tensão arrebatadoras (a cena do elevador onde Jean Dujardin destacasse ao se confrontar com um segurança de Rostovsky), mostrando toda sua habilidade, sem precisar lançar mão de grandes recursos para causar o devido efeito. Como acima de tudo, em cenas delicadas de amor que oscilam ao sexo realisticamente projetado sem ser apelativo.

Em resumo, “Quebra de Conduta” é um filme de espionagem a ser descoberto. Complexo e confuso até certa altura, requerer a mais profunda atenção do espectador para não perder os infinitos detalhes que são distribuídos ao longo de seu desenvolvimento. Porém, Éric Rochant recompensa aos comprometidos com seu trabalho uma experiência requintada, que até nos raros momentos de brutalidade, o cineasta imprimi uma qualidade invejável de descrição a sua astuta e envolvente obra. Qualidade essa, a muito tempo extinta em produções cem por cento estadunidenses.

Nota: 7,5/10


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terça-feira, 11 de março de 2014

Crítica: O Justiceiro: Em Zona de Guerra | Um Filme de Lexi Alexander (2008)


Entre todos os personagens em quadrinhos da Marvel que tiveram suas particularidades transpostas para o cinema, talvez o anti-herói O Justiceiro (criado por Gerry Conway, Ross Andru e John Romita) fosse o que mais provocou lamentações por parte de seus fãs. Ainda que tenha tido apreciadores entre alguns fãs e espectadores, que ao longo de três filmes produzidos num quarto de século, com três diferentes protagonistas que interpretaram Frank Castle, nenhum dos longa-metragens transpôs a alma do material de origem de modo inquestionável. Por isso, “O Justiceiro” de 2004, estrelado por Thomas Jane (ator que é um fã confesso do personagem) talvez seja o mais próximo de uma retratação justa da figura implacável que esse personagem representa. Já que “O Justiceiro: Em Zona de Guerra” (Punisher: War Zone, 2008) um filme de ação que funciona de modo autônomo ao filme de 2004, que foi um fracasso monumental de público e crítica acaba por fazer da empreitada de Thomas Jane uma quase obra-prima. A propósito: o anterior a esse então dispensa comentários naturalmente. Portanto, se a motivação principal de Frank Castle no filme de 2004 era a vingança, aqui nessa produção ele somente dá continuidade a sua visão de justiça e aos seus métodos de aplica-la. Frank Castle (Ray Stevenson) um ex-militar das Forças Especiais passa travar uma guerra contra o crime organizado. Em um dos tiroteios contra um grupo de mafiosos, Castle desfigura o mafioso Billy (Dominic West) também conhecido como Belo. Numa retaliação, Belo, que passou a se autodenominar como Retalho assassina um agente do FBI e passa a ameaçar sua família. Com uma guerra a ser travada, Castle terá que fazer muitas escolhas difíceis para salvar as pessoas que ele ama, onde nem todas conseguiram se salvar em meio ao fogo cruzado.


Escrito por Nick Santora e Art Marcum, e dirigido por Lexi Alexander (Hooligans, 2005), dentre as poucas qualidades que esse longa ostenta, uma delas se encontra na coragem de seus realizadores em transpor toda a violência desmedida que é aplicada pelo personagem contra seus inimigos. Disparos que esfacelam cabeças e um enfileiramento de corpos a cada minuto de duração desencadeiam uma censura mais rígida ao público (o filme é censurado a menores de 18 anos) limitando suas chances de alcançar uma parcela maior de público. Outra coisa; se Thomas Jane transformou um homem leal à lei, pai e marido honrado, em um destemido agente da vingança com habilidade, o pouco conhecido Ray Stevenson tem todas as características físicas e emocionais necessárias para transpor o herói fazendo frente a seu antecessor. Mas a história, como o próprio argumento criado para essa produção dificulta qualquer chance de superação, ou ao menos equiparável. Frank Castle é um personagem fascinante, que é um produto consequente de um sistema repleto de falhas e que para a infelicidade dos criminosos, também é insuperável quando o assunto matar. De resto, o filme não oferece mais do que se espera (tiros, explosões, correrias e afins permeadas de muito sangue jorrando), desperdiçando um personagem carregado de emoções mal transpostas em uma história rasa sem o ajustamento com o formato cinematográfico que o filme anterior até tinha de certo modo. “O Justiceiro: Em Zona de Guerra” é o mais novo de três irmãos, menos prodígio e mais rebelde e implacável sobre o personagem mais violento da Marvel Comics.

Nota:  5/10


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segunda-feira, 10 de março de 2014

Crítica: Gravidade | Um Filme de Alfonso Cuarón (2013)


600 km acima do planeta Terra, a temperatura varia entre -100° C e 125° C. 
Não há nada que propague ondas sonoras.
Não há pressão atmosférica. Não há oxigênio. A vida no espaço é impossível.

O cinema de ficção cientifica sempre teve como um de seus principais objetivos, a criação ou recriação fiel de um planeta, que para o delírio dos espectadores materialize com fidelidade ou imaginação todo o perigo que o ser humano pode correr até mesmo diante de um mero contato. Os perigos ocultos do planeta desconhecido de “Alien O Oitavo Passageiro” (1979) que dizimou quase toda a tripulação de uma nave espacial, a primeira missão tripulada ao planeta vermelho em “Missão Marte” (2000), o futuro hostil ao qual o planeta Terra está destinado em “Depois da Terra” (2013), entre os outros mais que exemplifica o quanto esses planetas podem ser uma ameaça em potencial dentro de uma linha de objetivos pré-estabelecidos da ficção. Assim o cineasta mexicano Alfonso Cuarón vai além da recriação perfeita da estratosfera do planeta Terra, e apresenta através de “Gravidade” (Gravity, 2013), uma experiência emocionante que lança o espectador ao espaço explorando o quanto o vão que há entre os planetas (pouco explorado cinematograficamente) pode ser tão perigoso quanto o mais estranho ou familiar dos mundos criado pela ficção científica. Evidenciado por uma breve introdução informativa citada logo acima, Cuarón retira a segurança da gravidade de seus personagens e os lança a deriva pelo espaço (que leva junto o espectador) em uma produção que nivela com o máximo de realismo o ambiente orbital através de um espetáculo visual que levou anos para ser reproduzido. Em sua trama o espectador acompanha uma missão de manutenção do telescópio Hubble, que após um desastre onde a tripulação da nave Explorer é alvejada por destroços de um satélite deixa a inexperiente Dra. Stone (Sandra Bullock) e o especialista da missão, Kowalski (George Clooney) perdidos no espaço sem transporte para que possam voltar para casa.

Ganhador de 7 prêmios na cerimônia do Oscar 2014, incluindo o de Melhor Diretor a Alfonso Cuarón, o cineasta cria uma experiência inédita do cinema. Já regularmente mencionado como um dos poucos cineastas de autoria do cinema moderno, aqui ele apenas confirma as congratulations que seu “Filhos da Esperança” (2006) angariava com merecimento. “Gravidade” em suma é um espetáculo visual impressionante, com uma história sólida de perseverança e sobrevivência bem condicionada pela atriz Sandra Bullock, que possibilita que Cuarón mostre sua obra-prima. Com um elenco mínimo composto pelos rostos de Sandra Bullock e George Clooney, além de umas das poucas vozes do rádio, sendo uma delas de Ed Harris nas instalações da NASA, ao qual é chamado por Houston (o ator reprisa seu papel de controlador da missão desempenhado em Apollo 13, de 1995), Sandra Bullock é a atriz que nos conduz pelo espaço de forma mais presente. Ainda que George Clooney, um astronauta veterano cheio de histórias nostálgicas renda os momentos mais relaxantes desse longa, o filme é de Sandra Bullock que o segura de modo fantástico. Mas o combustível motor para fazer de “Gravidade” realmente um marco cinematográfico é a tensão revelada em sua premissa (uma astronauta flutuando no espaço sem chances de salvação). Por isso, numa cadeia de desastres que geram a emocionante ação brilhantemente reproduzida com realismo (a ausência do som atmosférico com efeitos sonoros fabulosos que permeiam as sequências de perigo imediato até chegam a sobrepor o impacto da ação), somos agraciados por sequências de tensão materializadas pelo esquivo da protagonista de um lixo espacial que lhe a alveja incessantemente quando menos se espera, pela escassez de oxigênio relevantemente enfatizada por controles mecânicos e uma remota chance de voltar para casa.

Gravidade” é um grande filme, produzido com que há de mais sofisticado em tecnologia de CGI (o filme praticamente estava esteticamente formado antes da inserção dos atores em cena), e que no papel sua história poderia ser teoricamente menos notável por seu improvável sucesso prático. Mas o roteiro de Alfonso Cuarón e seu filho Jonás, ambos injetam um material envolvente carregado de emoções e de uma profunda dramaticidade que preenche a narrativa de forma extraordinária, onde seu realizador apresenta uma aventura espacial acessível e fantástica ao mesmo tempo. Promete virar referência acadêmica para o futuro como “2001 – Uma Odisséia no Espaço” (1968) serve hoje.

Nota:  8,5/10


Alguns Efeitos Visuais de Gravidade promovidos pela empresa Framestore

Crítica: Fúria Sobre Rodas | Um Filme de Patrick Lussier (2011)


John Milton (Nicolas Cage) é um homem cercado de mistérios e com um único objetivo: tentar impedir as atividades de um culto religioso satanista liderado por Jonah King (Billy Burke) que matou a sua filha e sequestrou sua neta para sacrificá-la em um ritual. Para isso Milton conta com a ajuda de Piper (Amber Head) uma garçonete extremamente esquentada que ele acabou de conhecer em sua cruzada. Mas apesar da bem vinda ajuda, sua jornada de vingança e justiça também tem um inoportuno obstáculo materializado na estranha figura de o Contador (William Fichtner) que ao mesmo tempo o caça pelas ruas. "Fúria Sobre Rodas" (Drive Angry, 2011) é uma produção de ação e suspense que tenta ser justamente o que é: ruim de um jeito envolvente. E até certo ponto ela consegue isso de modo positivo ao reverenciar o gênero exagerado oriundo de produções B da década de 70 e 80. Embora surja como uma homenagem ao gênero que segue os passos de cineastas como Quentim Tarantino e Robert Rodrigues, "Fúria Sobre Rodas" tem os mesmos desafios que estes cineastas tiveram (cativar um público desabituado a filmes desprovidos do verniz estético da última década), mas sem ter a seu favor o talento e a paixão pelo estilo dos mesmos. Com isso o roteiro de Todd Farmer e Patrick Lussier apresenta uma produção que tem em sua narrativa, e acima de tudo em sua composição, a nudez gratuita de loiras estonteantes, a violência desmedida de um protagonista valentão, vilões mais que caricatos e os muscle cars de causar inveja, mas sem o envolvente espirito nostálgico do negócio.

Nicolas Cage é um talentoso ator que materializou personagens fascinantes em produções variadas ao decorrer de sua carreira, mas que nos últimos anos (entre alguns trabalhos ligeiramente interessantes) tem amargurado sucessivos fracassos de bilheteria e crítica. E nessa onda de filmes ruins o astro vem com essa produção que até nos confunde por querer ter uma estrutura mediana, repleta de efeitos visuais toscos, diálogos e situações endiabradas, cenas de ação marcadas por uma violência performática cheia de excessos ao som de uma trilha sonora (de responsabilidade de Michael Wandmacher) predominantemente composto por canções de rock meio anos 80 de sonoridade quase viciante, mas que não passa de uma produção feita para homenagear um tipo de cinema que não é visto pelo grande público com muito carisma. Um trabalho arriscado para quem busca supostamente um filme de retorno ao estrelato seguido de aplausos, ao qual se tudo der certo conseguiria no máximo boas risadas. E naturalmente não foi com esse filme que Cage veio a surpreender seus fãs. Já que em meio a personagens caricatos (como devem ser) que apenas atendem a necessidade desse longa, o destaque do elenco fica por conta de William Fichtner, a criação mais envolvente desse diverto filme. Misterioso e carregado de boas sacadas,  Fichtner é cercado de expectativa quando entra em cena e se revela a salvação do conjunto. Por fim, "Fúria Sobre Rodas" tem as suas qualidades em meio a uma imensidão de defeitos. Engraçadíssimo aos fãs de filme B, simpático aos simpatizantes e estranho aos iniciados, essa produção não tenta ser mais do que é. Talvez seu maior mérito, mesmo que esteja longe de ser uma homenagem realmente memorável.

Nota:  7/10

quarta-feira, 5 de março de 2014

Nem todo Mundo Ficou Bem na Foto!


Não demorou muito para que a foto que ganhou a atenção nas redes sociais (tirada pela mestre de cerimonias da entrega do Oscar ) ganhasse um versão satirizada nas mãos de outros artistas. Aqui a tarefa fica a cargo de Matt Groening, e a vítima não podia ser outra: Hommer Simpson. Não apareceu na foto, mas ainda está no lucro, já que participou da festa. Aplausos e gargalhadas para Hommer... não necessariamente nesta ordem. Confira a foto original logo abaixo:



terça-feira, 4 de março de 2014

Crítica: Conquistas Perigosas | Um Filme de Fredik James Bond (2013)


Existe uma evidente diferença geográfica entre Bucareste e Budapeste. Mas isso passou despercebido pela mãe de Charlie Countryman (Shia LaBeouf), que em uma visão mediúnica sugeriu ao filho que larga-se tudo e fosse para Bucareste. Tardiamente em outra visão o erro havia sido corrigido, mas já era tarde demais. Charlie Countryman já havia desembarcado na Romênia, se apaixonado pela linda violoncelista Gabi (Eva Rachel Wood), conhecido seu perigoso ex-marido Nigel (Mads Mikkelsen), cruzado o caminho do dono de uma boate de strippers, Darko (Til Schweiger) e se envolvido em uma série de encrencas ligadas a uma gangue criminosa que buscam uma fita de vídeo cassete que contém uma gravação incriminadora e que apenas Charlie sabe onde se encontra. “Conquistas Perigosas” (The Necessary Death of Charlie Countryman, 2013) é um drama com uma pitada de humor negro escrito por Matt Drake e dirigido pelo estreante de cinema Fredik James Bond (Moby Play – O DVD, 2001). Em uma Bucareste retratada como desprezível, repleta de pichações e que responde com violência e grosseria a questões corriqueiras de sociabilidade, Fredik James Bond tenta criar um romance contemporâneo em uma terra estrangeira com muitas referências e pouca sustentabilidade. Mesmo com um elenco primoroso (Shia LaBeouf, Mads Mikkelsen, Eva Rachel Wood, Til Schweiger entre outros) que se entregam aos seus papéis, Fredik não tem em mãos um roteiro bem definido que se mostre satisfatório, ou tenha substância que sustente uma história de 107 minutos. Sendo assim, Fredik bombardeia o espectador com inúmeras sequências visuais e sonoras (sobretudo brilhantes) apoiadas em sua especialidade: vídeos musicais.


Conquistas Perigosas” começa confuso transparecendo indecisão ao flertar com obras como “O Sexto Sentido” de M. Night Shyamalan, ou “A Praia” de Danny Boyle. Inclusive muito do trabalho de Fredik remete a lembrança de antigos longas de Boyle devido a sua sonoridade e energia latente, mas sem ter a fluência de um hábil condutor de tramas e histórias que sabe mesclar tudo com equilíbrio fazendo prevalecer em seu trabalho à substância escrita e não somente o aspecto visual. Se o primeiro ato é definitivamente confuso, o segundo se mostra demasiadamente lento evidenciado por um terceiro ato em que tudo acontece e se resolve ligeiramente sem nenhuma profundidade. Assim Fredik desperdiça uma boa premissa que surge como um atrapalhado road movie, mas que quando mostra em qual gênero quer estar, como um filme de crime que tem como pano de fundo um improvável romance, Conquistas Perigosas” acaba por dizer nada ao espectador. Shia LaBeouf havia cedido lugar para Zac Efron para protagonizar o papel de Charlie Countryman, mas retornou ao projeto após regularizar suas divergências com sua agenda. Entre qualidades e falhas, “Conquistas Perigosas” tem em sua trilha sonora sua maior genialidade. Com várias canções do músico/DJ Mobi (com quem Fredik já havia trabalhado antes na realização de um DVD de vídeos musicais) o diretor emoldura com habilidade cenas de correria, devaneios e momentos delicados de romance que surgem seguidamente no decorrer do longa. Trata-se de um filme interessante por sua beleza estética, mas obviamente limitado por não saber aproveitar todos os elementos que compõem essa obra, como os talentosos atores. 

Nota:   5,5/10