segunda-feira, 17 de março de 2014

Crítica: Capitão Phillips | Um Filme de Paul Greengrass (2013)


Em 2009, o Maresk Alabama, um navio cargueiro comandado pelo Capitão Rich Phillips (Tom Hanks) que viaja de Omã para Somália é invadido por piratas somalis sob a costa da África. Mesmo seguindo todos os protocolos de segurança teorizados para situações de risco como essa, cada vez mais comuns nessa região, nem tudo acaba saindo como planejado, onde o capitão acaba por se tornar refém desse grupo de piratas fazendo com que as autoridades competentes elaborassem uma operação de guerra para seu resgate. “Capitão Phillips” (Captain Phillips, 2013) é baseado em um traumático relato literário descrito no livro A Captain’s Duty: Somali Pirates, Navy SEALS and Dangerous Days at Sea” (em uma tradução livre “O Dever de um Capitão: Piratas Somalis, Oficiais da Marinha e Dias Perigosos no Mar”) escrito por Stephan Taldy e pelo próprio capitão da embarcação aqui retratada, foi adaptado por Billy Ray e dirigido por Paul Greengrass, cineasta consagrado por sua contribuição à “franquia Bourne” e pelo inesquecível “Voo United 93”. Essa dramática aventura marítima surgiu com grande destaque aos olhos do grande público e obteve merecidas indicações na cerimônia do Oscar 2014, onde cineasta conseguiu entregar uma história que por sinal em premissa até não se mostrava com grandes atributos, mas que no conjunto composto por elementos como o realismo necessário para se materializar uma situação de estresse real como a descrita em sinopse, além de fazer bom uso do elenco principal (principalmente composto por espetacular Tom Hanks e pelo estreante Barkhad Abdi), Paul Greengrass impressiona pelo resultado tenso e carregado de emoções.

A tensão transcorre em seu desenvolvimento. Com uma narrativa que sugere um estilo documental em certas cenas, com câmera em punho que enfatizam as urgências da ação retratada com contornos realistas que intensificam o suspense dos acontecimentos, além de planos mais convencionais típicos de cineastas mais tradicionais, Greengrass equilibra bem seu estilo, o mesmo aplicado em “Voo United 93”, com a necessidade da proposta. Detalhista e metódico em relação às nuances em volta dos conhecimentos de navegação, aos procedimentos de segurança naval e na relação padrão entre refém e criminoso, o cineasta confere um realismo de grande impacto a um produto sujeito as diferentes emoções de seus personagens. Enquanto Tom Hanks, que há muito tempo não entrega um personagem tão virtuoso em atitude e em motivação, Barkhad Abdi compõe um personagem extremamente genial por não querer ser mais do que realmente é: um ser humano. Apenas mostra sua história, onde seu destino balança entre o perdão e a condenação no coração do espectador. E o elemento decisivo na vida e no destino desses personagens se encontra na performance da figura esquentada e desconfiada do ator Barkhad Abdirahman, que fez um homem cético e confiante diante de uma situação extremada, também conhecer o incontrolável desespero. Se em grande parte o jogo de rivalidade entre os personagens principais possa parecer restrito as dependências da embarcação, o engenhoso roteiro de Billy Ray simboliza, principalmente através de diálogos bem pontuados, uma dimensão maior para descrever a história de seus personagens que refletem em que condição anda os relacionamentos entre as suas nações. “Capitão Phillips” é um filme imperdível, não apenas pelo filme em si, mas por mostrar como seu realizador tem tido uma crescente evolução reconhecida, tanto pelo público quanto pela crítica.

Nota:  9/10  

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