quarta-feira, 8 de maio de 2019

Crítica: Maus Momentos no Hotel Royale | Um Filme de Drew Goddard (2018)


Em 1969, o padre católico Daniel Flynn (Jeff Bridges), a cantora Darlene Sweet (Cynthia Erivo), o vendedor Seymour Sullivan (Jon Hamm) e a hippie Emily Summerspring (Dakota Johnson) chegam ao Hotel Royale. O hotel se localiza exatamente na fronteira entre a Califórnia e Nevada, onde todos são recepcionados pelo o concierge, Miles Miller (Lewis Pullman), o único funcionário que mantem o funcionamento do estabelecimento em seu declínio. O que a princípio parecia apenas mais um dia de trabalho para Miles, acabou tornando-se uma jornada aterrorizante onde os segredos obscuros em volta de seus hóspedes e sobre ele mesmo começam a serem revelados adentro da noite e coisas ruins começam a acontecer. “Maus Momentos no Hotel Royale” (Bad Times no El Royale, 2018) é uma produção estadunidense de suspense neo-noir produzido, escrito e dirigido por Drew Goddard. Em seu segundo filme como diretor após “O Segredo da Cabana”, de 2012, seu mais novo lançamento teve sua estreia no Fantastic Fest 2018, e embora tenha decepcionado nas bilheterias do mundo ao não superar seu orçamento de 32 milhões de dólares, o filme obteve em contrapartida um número considerável de menções elogiosas por parte da crítica especializada em relação ao conjunto da obra.

Maus Momentos no Hotel Royale” tem em sua essência uma elaborada história de crime e suspense no melhor estilo de Brian De Palma com toques sanguinolentos no estilo Quentin Tarantino. Apresentando um quebra-cabeça que se encaixa lentamente no enredo simplista dado por uma breve sinopse; Drew Goddard surpreende ao mostrar um roteiro de diálogos interessantes e recheado de reviravoltas pontuais brilhantemente configuradas por uma montagem inteligente, sua direção que mistura gêneros conscientemente e apresenta um elenco de primeira é outro ponto forte dessa produção, fazendo desse longa-metragem uma experiência cinematográfica genial. Seu fracasso de bilheteria é algo que desencadeia tanta revolta quanto espanto. O filme é bom em vários aspectos e merecia receber por isso. O elenco que reúne atores e atrizes inspiradas interpretando personagens à primeira vista comuns, mas multifacetados com o decorrer da trama, proporcionam desempenhos fantásticos como os de Cynthia Erivo (praticamente cantando em A Cappella quase que toda a trilha sonora) e Lewis Pullman, dono de algumas passagens formidáveis do enredo capaz de causar tanta comoção quanto diversão. A presença do astro Chris Hemsworth é a mais incomum, porém conectada de modo orgânico com o caos que instala sobre os personagens iniciais.

Embora o filme tenha um terceiro ato um pouco mais longo do que habitualmente pode-se ver na maioria das produções estadunidenses, mas por consciência de seu realizador, também é imprescindível que se diga que o check-in também não foi um dos mais enxutos do cinema e provavelmente um dos mais longos que já se realizou até hoje. A longa duração do filme talvez seja aos olhos de muitos um defeito, porém também se mostra coerente com a proposta de reconfiguração de gêneros que seu realizador propõe com a descida ao inferno para os alegóricos hóspedes do Hotel Royale e seu funcionário. Por isso, “Maus Momentos no Hotel Royale” é um ótimo filme por várias razões, mas principalmente para quem gosta de se surpreender com mudanças radicais que assolam personagens dados como conhecidos.

Nota:  8/10
  

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