quinta-feira, 16 de maio de 2019

Crítica: Free Solo | Um Documentário de Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi (2018)


Alex Honnold é um dos mais bem-sucedidos alpinistas do mundo. Depois de ter escalado os mais altos paredões de pedra do mundo, isso sem equipamentos de segurança, o jovem se prepara em todos os aspectos físicos e mentais para o que se pode chamar de o maior desafio que já enfrentou: escalar o El Capitáin sem cordas ou equipamentos de segurança. Embora o El Capitáin seja uma referência para escaladores profissionais, ele ainda nunca havia sido escalado antes dessa forma. Trata-se de um paredão de pedra de 975 metros de altura em Yosemite, que jamais havia sido escalado sem o uso de equipamentos de segurança. Se ele conseguir escalar o El Capitáin sem equipamentos, Alex será o primeiro alpinista a conseguir realizar o feito antes. “Free Solo” (Free Solo, 2018) é um documentário americano dirigido por Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi, que estreou no Festival de Cinema de Telluride e passou pelo Festival de Cinema de Toronto, onde venceu o People Choice Award, na categoria de Melhor Documentário. Também premiado com o Oscar 2019 de Melhor Documentário de Longa-Metragem, o trabalho dos documentaristas é surpreendente ao entregar um filme espantoso, repleto de imagens fabulosas e momentos dramáticos que cercam um atleta disposto a superar um desafio aos olhos de muitos como impossível. No final das contas o documentário mostra um ser humano dotado de muita coragem, humildade e obstinação.


Já em seus primeiros minutos, “Free Solo” dá espertamente a devida importância ao fato dos riscos da prática da escalada sem equipamentos de segurança. O percentual de praticantes é mínimo e os acidentes fatais não são incomuns no esporte. A narrativa proposta por Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi explora bem esse aspecto na forma de fatos e estatísticas e o conecta com naturalidade ao perfil desprendido e audacioso de Alex Honnold. É bem salientado que entre dois desfechos possíveis (a glória da conquista ou um fatídico acidente), somente um pode ser atingido. O documentário demonstra com uma montagem esperta a forte ligação do atleta com o seu esporte, ao esmiuçar sua história de vida, sua ascensão como atleta e o momento de mudanças positivas e obstáculos inesperados no qual Alex passa durante as filmagens que acompanham a execução do desafio de ser o primeiro alpinista a escalar o famoso El Capitáin numa escalada solo sem equipamentos. O filme é recheado de depoimentos relevantes de vários alpinistas que conhecem muito bem as dificuldades de executar essa escalada, ao passar as impressões pessoais de vários conhecidos de Alex, além da família, namorada e da equipe de filmagens que acompanha o período preparatório anterior ao famigerado dia da escalada, “Free Solo” ainda é brilhantemente preenchido com paisagens montanhosas americanas de grande beleza visual que ora é o melhor pano de fundo possível para o documentário e ora passa a ser o coadjuvante de uma história carregada de tensões e expectativas. “Free Solo” tem um visual impressionante aliado a um drama psicológico bem apresentado por uma realização engenhosa. Indicado para espectadores que gostam de histórias de vida legítimas e emoções fortes sem a inconveniente intervenção de efeitos visuais hollywoodianos.

Nota:  8/10

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