sexta-feira, 5 de abril de 2019

Crítica: Estrada Sem Lei | Um Filme de John Lee Hancock (2019)


Texas, 1934. Depois de 2 anos fugindo das autoridades, os famosos criminosos Bonnie e Clyde resgatam alguns comparsas da prisão de Eastham Prision Farm. Em resposta a mais essa ação criminosa, a governadora Fergunson (Kathy Bates) contrata a contragosto dois Texas Rangers aposentados. Frank Hamer (Kevin Costner) e Maney Gault (Woody Harrelson) tem a difícil tarefa de rastrear e capturar os notórios criminosos e impedir que eles continuem deixando um rastro de crimes e mortes por onde passam. “Estrada Sem Lei” (The Highwaymen, 2019) é uma produção americana original Netflix de drama e crime escrita por John Fusco e dirigida por John Lee Hancock (responsável pelo excelente “Fome de Poder”, de 2016). Inicialmente idealizado pela Universal Pictures para ser protagonizado por Paul Newman e Robert Redford, mas o projeto nunca foi realmente realizado. Porém a Netflix comprou os direitos da obra e com as filmagens iniciadas em fevereiro de 2018, o filme foi lançado em um número limitado de salas de cinema em 15 de março de 2019 e digitalmente em 29 de março de 2019. O filme reconta a história da difícil caçada policial ao casal de ladrões e assassinos Bonnie e Clyde. O casal viajou pela Central United States com sua gangue durante a Grande Depressão Americana, roubando bancos e pequenas lojas, onde mataram várias pessoas entre civis e policiais.

Estrada Sem Lei” tem ao contrário da versão romantizada de Arthur Penn, (Bonnie and Clyde, 1967), estrelado por Warren Beatty e Faye Dunaway, uma visão mais fiel e pungente do casal de criminosos. A narrativa que conta a história pela perspectiva dos dois policiais encarregados de frear a onda de crimes protagonizada pelo casal, apenas realça fatos em volta da perseguição, detalha a investigação e o processo de superação das infinitas dificuldades que no final das contas os levaram a ter sucesso nessa caçada. “Estrada Sem Lei” é um daqueles filmes que desperta a atenção do espectador pela dupla de protagonistas, mas mantem a sua atenção pela excelência do conjunto. Brilhante reconstituição de época, excelentes desempenhos por parte de todo o elenco e uma direção focada em contar uma história sem floreios e exageros. A escolha de Kevin Costner e Woody Harrelson não poderia ser melhor para essa produção, já que Costner desempenha com facilidade o papel de homem focado na caçada em busca de justiça (a passagem em que relata a maneira como foi se tornar um homem da lei é de arrepiar) enquanto Harrelson adiciona um toque cômico a seu personagem que proporciona alguma leveza bem-vinda a um enredo pesado retratado de modo às vezes bastante áspero. O roteiro é enxuto e objetivo em esclarecer ao espectador quem é bandido e mocinho nessa história, e traça um paralelo crítico interessante ao demonstrar o status de celebridade e heróis como os criminosos eram tratados por uma grande parte da população na época. Numa certa passagem onde Harrelson lê uma matéria elogiosa numa revista sobre o casal, seu personagem exemplifica de modo simples toda a sua indignação com a qual uma boa parcela da população não divide a mesma opinião.

Estrada Sem Lei” é um drama que segue uma cartilha simples de se contar um enredo dramático realista e autentico dos eventos que se passaram na época. O foco desse drama é esclarecer a posição que deveria ser óbvio do papel de quem era bandido e mocinho nos eventos passados, desmistificando o glamour quem foi conferido a Bonnie e Clyde pela mídia sensacionalista daquele tempo. É importante que seja dito que John Lee Hancock tem crescido como um grande realizador a cada novo trabalho. O cineasta aproveita bem o talento e a credibilidade dos dois protagonistas dessa caçada e entrega mais um filme de enredo ligeiramente familiar aos olhos do público em geral (o anterior era sobre a ascensão meteórica do gigante McDonald’s), mas de contornos fascinantes por seu envolvimento no projeto.

Nota:  7,5/10

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