quinta-feira, 23 de maio de 2013

Crítica: Bastardos Inglórios | Um Filme de Quentin Tarantino (2009)


Após anos e centenas de filmes ambientados na Segunda Guerra Mundial, dos quais poucos dramas se salvam e menos ainda podem se vender como obra-prima, esse drama de guerra chamado "Bastardos Inglórios" (Inglourous Basterds, 2009), dirigido pelo cultuado cineasta Quentin Tarantino ultrapassa os limites das possibilidades criando o filme de guerra definitivo. Sim, definitivo. Ainda que apenas faça sentido no universo tarantinesco, pode-se afirmar que se trata do melhor roteiro ambientado na Segunda Guerra Mundial em anos, mesmo sendo apenas uma história totalmente imaginária. Enquanto a maioria dos dramas procura ter como base histórias reais para compor sua premissa com o intuito de transpor uma obra fiel e sensível aos acontecimentos que marcaram a história da humanidade,  o roteirista/cineasta chuta o balde com sua força criativa e surpreende a todos com uma ficção que somente poderia sair da cabeça de poucos. Depois de anos cozinhando o roteiro em fogo brando, onde inclusive Tarantino especulou torná-lo uma série de televisão após atingir proporções gigantescas para o formato de um longa, mas enfim virou uma realidade cinematográfica. Acabou sendo o roteiro não escrito mais esperado de sua autoria (durante anos houve rumores sobre a existência de um filme de guerra escrito por ele, que não se confirmava, e somente criava expectativa numa legião de fãs do diretor). Tarantino é um dos poucos diretores que se podem dar o luxo de utilizar qualquer referência cinematográfica, ou não, e não ser rotulado de copioso. Suas referências são homenagens, sutis ou descaradas, feitas com bom gosto, criatividade e capazes de mudar nosso jeito de ver o mundo. E essa produção é um bom exemplo disso.  

Portanto, essa história que endossa a afirmação de sua capacidade de ser original, conta através de duas tramas paralelas que se completam de forma fascinante, sua visão nada convencional da história do mundo. Em uma dessas tramas, há o tenente Aldo Raine (Brad Pitt), líder de um batalhão especial conhecido por ‘Os Bastardos’, composto por soldados judeus que operam na França ocupada por Hitler com a finalidade de matar nazistas - o lema trupe é não fazer reféns.  Em outra trama temos Shosanna (Mélanie Laurent) moça judia, cuja infância foi marcada por testemunhar o massacre de sua família pelo coronel Hans Landa (Christopher Waltz). Quando adulta passa assumir outra identidade, agora proprietária de um cinema em Paris obtido através de herança. As histórias correm em paralelo, até o momento onde as duas tramas se convergem, quando os membros do alto escalão do exército alemão estão reunidos em uma prémiere de um longa de propaganda nazista de um ícone da corporação da Gestapo chamado Frederick Zoller (Daniel Brül). Assim cada grupo começa de seu modo a trabalhar a forma de execução do atentado que pode acabar com a guerra. Enquanto Aldo conta com a ajuda de seu grupo, como o Sargento Hugo Stiglitz (Til Schwelger), eis integrante do exercito alemão, condenado a morte e resgatado pelos bastardos para compor o grupo; o Sargento Donny Donowitz (Eli Roth), judeu de Boston conhecido pelos nazistas como “O Urso Judeu”, que tem virado celebridade por espancar até a morte soldados alemães com um taco de beisebol; o Tenente Archibald Hicox (Michael Fassbender), soldado britânico com a missão de prestar suporte aos bastardos nessa missão suicida; entre outros soldados judeus que compõem o grupo de ‘Os Bastardos’; planejam se infiltrar no interior do cinema disfarçados com identidades falsas para boicotar a Première explodindo-a. Ao mesmo tempo, Shosanna, dona do cinema, se utiliza da vantagem estratégica de estar sediando um evento utópico para os alemães, onde planeja incendiar o cinema com todo alto escalão nazista dentro. Mas numa reviravolta imprevisível, nada dá certo como o esperado.

A fita além de ter aquela violência performática bem característica dos trabalhos de Tarantino, traz excelentes diálogos e as melhores frases já escritas pelo cineasta, onde seu humor negro nunca esteve tão bem afinado deixando tanto as cenas do Coronel Landa, quanto às de Aldo Raine extraordinárias. Sobretudo, todo elenco apresenta-se em sintonia com a proposta aqui oferecida como também a trilha sonora que foge do lugar comum do gênero, apresentando uma sonoridade original e saborosa. Mas o espetáculo fica mesmo por conta do elenco principal, onde o primeiro, o Coronel Hanz Landa estampa carisma seguido de crueldade e uma frieza assustadora. Enquanto o segundo, Aldo Raine dissipa cinismo e deboche a reveria num tom cômico envolvente. Basta vermos o último comentário de Brad Pitt, antes da subida dos créditos finais, para saber que inclusive o próprio cineasta reconhece indiretamente sua plena satisfação ao proclamar através do personagem interpretado por Brad Pitt em circunstâncias inesperadas, que “Bastardos Inglórios”, pode ser seu melhor trabalho: “Sabe... está pode ser muito bem minha obra-prima.” Se Tarantino apenas especula essa possibilidade, eu não tenho dúvida nenhuma quanto a isso.

Nota: 10/10

7 comentários:

  1. Outro filmaço de Tarantino, com destaque para o sensacional Christoph Waltz.

    Abraço

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    1. Parece que Waltz teve suas melhores performances apenas com a parceria de Tarantino, apesar que seu trabalho em "Deus da Carnificina" não fica nada a desejar.

      abraço

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  2. Precisei utilizar um texto sobre o filme, em uma prova por mim elaborada...
    Utilizei esse texto...
    Meu deus! como me deu trabalho ter que revisar linha por linha desse ensaio: vírgulas, pontuação, falta de coesão, desorganizações sintáticas, erros de formatação.,,

    autor, vc precisa urgentemente de aulas de sintaxe.

    meu deus!

    tantas boas ideias, em uma forma tão mal traçada.

    bernardo

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  3. Um dos melhores filmes de Tarantino !

    Filmelixo

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    1. Também é um dos meus preferidos da filmografia de Tarantino.

      abraço

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  4. Só assisti a Django Unchained e Inglorious Basterds. E não julgo como tendo um superior, mas prefiro os Bastardos.
    Num liga pro Bernado, o texto ta bom do jeito que tá. :)

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    1. Da filmografia de Tarantino, "Pulp Fiction" foi o filme ao qual o cineasta angariou mais fãs. Sobretudo, meu preferido é inegavelmente "Bastardos Inglórios". Mas Django também é ótimo...

      Obrigado pelo apoio Anônimo e abraço

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