segunda-feira, 3 de junho de 2019

Crítica: A Dama Dourada | Um Filme Simon Curtis (2015)


Maria Altmann (Helen Mirren) é uma jovem mulher que fugiu de Viena por causa dos avanços dos nazistas sobre a Áustria durante a Segunda Guerra Mundial e se refugiou em Los Angeles. Sessenta anos depois da fuga, Maria começa uma jornada para recuperar os bens de sua família que foram roubados pelos nazistas, entre eles a obra-prima do pintor Gustav Klimt, chamada de “Retrato de Adele Bloch-Bauer”. Para isso ela conta com a ajuda do inexperiente advogado Randol Schoenberg (Ryan Reynolds), numa batalha judicial com o Governo da Áustria para que eles devolvam sua herança e tragam justiça ao que aconteceu com sua família durante a guerra. “A Dama Dourada” (Woman in Gold, 2015) é um drama biográfico escrito por Alexi Kaye Campbell e dirigido por Simon Curtis. O filme teve a sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Berlim. Um hábil realizador de cinebiografias, Simon Curtis já havia realizado o fascinante “Sete Dias com Marilyn”, em 2011. Em “A Dama Dourada” o cineasta consegue elaborar um longa-metragem adequado a sua proposta, que exibe um tratamento visual requintado aos eventos e com uma performance fabulosa de Helen Mirren e Ryan Reynolds, mas de pouca emoção apesar da história dramática que é contada.

A Dama Dourada” apresenta uma narrativa que alterna a retratação dos eventos que Maria Altmann sofreu em sua juventude, durante a ocupação nazista, com a difícil cruzada que foi levar seu caso a justiça em diferentes instâncias dos tribunais norte-americano e Austríaco. Seu caso se arrastou por quase uma década até se obter um veredicto justo. Entretanto, é curioso ver que os eventos passados no período onde os nazistas ocupavam o território austríaco que desencadearam manifestações de preconceito em Viena são infinitamente mais dramáticos e por vezes mais representativos em emoção do que a jornada judicial a que Helen Mirren é submetida. A atriz Tatiana Maslany que interpreta Maria na juventude faz um ótimo trabalho não devendo em nada para a estrela Helen Mirren. E quando as narrativas se mesclam de modo cinematográfico, Simon Curtis realiza passagens de grande inspiração visual. Mas o problema de “A Dama Dourada” é justamente esse: seu passado é mais fascinante de ser acompanhado do que propriamente seu presente. Enquanto toda a angústia dos eventos que retratam a ocupação nazista se mostra perceptível aos sentidos, a rebuscada reconstituição do processo judicial denota pouca força. Entre a reconstituição dos fatos e algumas liberdades poéticas necessárias, o roteiro demonstra uma forte inclinação em querer repousar no convencional.

Longe de ser uma cinebiografia ruim, mas distante de ser algo memorável, “A Dama Dourada” é um filme muito bem feito, com um elenco de apoio funcional e bem produzido. Embora Simon Curtis entregue uma produção agradavelmente competente que equilibra bem seus defeitos e suas qualidades, há nesse subgênero exemplares mais redondos. Se em alguns momentos da história alguns aspectos são enaltecidos pelo comum verniz cinematográfico, também há momentos tediosos que não lhe caem bem.

Nota:  7/10


2 comentários:

  1. A história é interessante e o filme um pouco mais do que mediano.

    Fica difícil ver Ryan Reynolds como advogado.

    Abraço

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    1. Poderia ser melhor talvez, mas não sinto os eventos em redor do processo sejam fascinantes. O filme tem uma roupagem muito televisiva que não contrasta bem com o formato cinematográfico. Uma pena.

      abraço

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