segunda-feira, 10 de março de 2014

Crítica: Fúria Sobre Rodas | Um Filme de Patrick Lussier (2011)


John Milton (Nicolas Cage) é um homem cercado de mistérios e com um único objetivo: tentar impedir as atividades de um culto religioso satanista liderado por Jonah King (Billy Burke) que matou a sua filha e sequestrou sua neta para sacrificá-la em um ritual. Para isso Milton conta com a ajuda de Piper (Amber Head) uma garçonete extremamente esquentada que ele acabou de conhecer em sua cruzada. Mas apesar da bem vinda ajuda, sua jornada de vingança e justiça também tem um inoportuno obstáculo materializado na estranha figura de o Contador (William Fichtner) que ao mesmo tempo o caça pelas ruas. "Fúria Sobre Rodas" (Drive Angry, 2011) é uma produção de ação e suspense que tenta ser justamente o que é: ruim de um jeito envolvente. E até certo ponto ela consegue isso de modo positivo ao reverenciar o gênero exagerado oriundo de produções B da década de 70 e 80. Embora surja como uma homenagem ao gênero que segue os passos de cineastas como Quentim Tarantino e Robert Rodrigues, "Fúria Sobre Rodas" tem os mesmos desafios que estes cineastas tiveram (cativar um público desabituado a filmes desprovidos do verniz estético da última década), mas sem ter a seu favor o talento e a paixão pelo estilo dos mesmos. Com isso o roteiro de Todd Farmer e Patrick Lussier apresenta uma produção que tem em sua narrativa, e acima de tudo em sua composição, a nudez gratuita de loiras estonteantes, a violência desmedida de um protagonista valentão, vilões mais que caricatos e os muscle cars de causar inveja, mas sem o envolvente espirito nostálgico do negócio.

Nicolas Cage é um talentoso ator que materializou personagens fascinantes em produções variadas ao decorrer de sua carreira, mas que nos últimos anos (entre alguns trabalhos ligeiramente interessantes) tem amargurado sucessivos fracassos de bilheteria e crítica. E nessa onda de filmes ruins o astro vem com essa produção que até nos confunde por querer ter uma estrutura mediana, repleta de efeitos visuais toscos, diálogos e situações endiabradas, cenas de ação marcadas por uma violência performática cheia de excessos ao som de uma trilha sonora (de responsabilidade de Michael Wandmacher) predominantemente composto por canções de rock meio anos 80 de sonoridade quase viciante, mas que não passa de uma produção feita para homenagear um tipo de cinema que não é visto pelo grande público com muito carisma. Um trabalho arriscado para quem busca supostamente um filme de retorno ao estrelato seguido de aplausos, ao qual se tudo der certo conseguiria no máximo boas risadas. E naturalmente não foi com esse filme que Cage veio a surpreender seus fãs. Já que em meio a personagens caricatos (como devem ser) que apenas atendem a necessidade desse longa, o destaque do elenco fica por conta de William Fichtner, a criação mais envolvente desse diverto filme. Misterioso e carregado de boas sacadas,  Fichtner é cercado de expectativa quando entra em cena e se revela a salvação do conjunto. Por fim, "Fúria Sobre Rodas" tem as suas qualidades em meio a uma imensidão de defeitos. Engraçadíssimo aos fãs de filme B, simpático aos simpatizantes e estranho aos iniciados, essa produção não tenta ser mais do que é. Talvez seu maior mérito, mesmo que esteja longe de ser uma homenagem realmente memorável.

Nota:  7/10

2 comentários:

  1. Não gostei, já assisti piores e me diverti mais. Assisti na televisão e não notei a trilha sonora, talvez tenha influenciado :s

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  2. Particularmente gosto muito do Cage, e talvez isso tenha me influenciado a tornar seu trabalho elogiável. Apesar de que gostei mais, muito mais de William Fichtner, a quem nunca me agradou em quase nada. Não consigo me justificar... e concordo que há outras produções do gênero no qual esse filme se encaixa que são muito melhores.

    abraço

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