Jim Bennett (Mark Wahlberg) é um professor de literatura que tem uma visão do mundo tão estupida quanto arriscada. Para ele é tudo ou nada. Para ele o sucesso é como se fosse uma benção divina, onde ser bom não basta e ser o melhor é a meta. E por isso, levando a sua vida de forma extrema em função dessa perspectiva a ser alcançada, sobre a superação, Bennett não pestaneja um segundo sequer em fazer apostas suicidas. E considerando sua visão da vida que associada ao seu desenfreado vício pelo jogo, não é nenhuma surpresa que esteja completamente afundado em dívidas quase impossíveis de serem quitadas com agiotas e gângsters. E para piorar, a cada oportunidade de saldar suas dívidas ele encontra uma forma de piorar suas condições mais ainda. Mas quando uma jovem estudante e promissora escritora, Amy Phillips (Brie Larson) e um jovem jogador de basquete e seu aluno, Lamar Allen (Anthony Kelley) passam a se envolver em sua fracassada jornada de apostas, Jim Bennett terá uma última chance de provar que nem tudo depende de sorte quando se trata de apostar. “O Apostador” (The Gambler, 2014) é uma tragicomédia estadunidense escrita por William Monahan (de “Os Infiltrados”) e dirigida por Rupert Wyatt. Trata-se também de refilmagem de filme de 1974, escrito por James Toback e estrelado por James Caan. Com um desempenho razoável de bilheteria no exterior, essa produção foi lançada diretamente em vídeo por aqui, a qual divide público e crítica. Sobretudo, trata-se de um filme simplesmente arrojado, dinâmico e com um nível de funcionalidade comercial agradável.
Acompanhar a revoltante trajetória do personagem de Mark Wahlberg em “O Apostador” pode ser tão irritante quanto interessante. Sendo que a forma como ele se afunda em milionárias dívidas de jogo de modo tão consciente quanto inconsequente, antes da chegada da reviravolta entregue num clímax cinematográfico de grande funcionalidade, talvez o processo de desenvolvimento da trama não seja uma experiência totalmente agradável. Sua descida a miséria é mais jogada do que desenvolvida em tela. Embora suas motivações sejam abordadas, das mais diferentes maneiras, e a atuação de Wahlberg esteja brilhantemente entregue por um desempenho que expõe o melhor do ator, é inegável que seja recoberto por um verniz comercial de grande artificialidade (o tom suavemente cômico com que os credores lidam com o personagem de Wahlberg transparece isso). Mas o filme detém uma série de bem-sucedidos méritos em sua essência: bons diálogos atribuídos pelo texto temerário do roteirista William Monahan; atuações divertidas com destaque para John Goodman; uma ótima trilha sonora e uma montagem repleta de boas sacadas visuais e narrativas; fazem dessa produção um bom exemplar da filmografia de Rupert Wyatt (responsável pela ressureição da franquia “O Planeta dos Macacos”), como a do próprio protagonista, onde Mark Wahlberg entrega um desempenho notável repleto de passagens vibrantes. Embora esteja longe de ser uma decepção, “O Apostador” é acima de tudo, um filme mais indicado aos fãs do astro. Sua história simples, sua estética arrojada e seu desfecho feliz mais do que esperado nem sempre pode ser o que todo mundo gostaria de ver. O estúdio que produziu essa refilmagem nem especulou essa possibilidade.
Nota: 7/10
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