sexta-feira, 29 de março de 2013

Crítica: Selvagens | Um Filme de Oliver Stone (2012)


Ben (Aaron Johnson) e Chon (Taylor Kitsch) são grandes amigos, de personalidades bem diferentes, mas com interesses em comum. Os dois amigos dividem as tarefas de bem sucedido negócio de plantio e distribuição de maconha na Califórnia.  Mas além de dividirem os negócios referentes ao narcotráfico, também dividem conscientemente a mesma namorada, Ophelia (Blake Lively). As coisas não podiam estar melhores, tendo nos negócios uma lucratividade espantosa e no amor um equilíbrio diferente do habitual. Porém, o sucesso dos jovens no comércio de maconha chamou a atenção de um cartel mexicano comandado por Elena (Salma Hayek) que lhes oferece uma sociedade impedida de recusa. Contudo, ao recusarem a oferta propondo entregar os negócios definitivamente para o cartel, Ophelia é sequestrada, como vingança e medida de precaução para que a dupla venha a colaborar com o cartel da forma que desejam. Um resgate é negociado com Lado (Benicio del Toro), amando de Elena, mas o valor estipulado equivale a toda a grana que eles ganharam nos últimos anos. Assim os amigos aceitam as condições do cartel, ao mesmo tempo que elaboram em sigilo um plano alternativo para que possam ficar com Ophelia e ferrar aqueles que destruíram seus planos para o futuro. "Selvagens" (Savage, 2012), é a mistura do cineasta Oliver Stone (Platoon, Assassinos por Natureza), de sexo, drogas e muita... mas muita violência, mostrando porque essa produção onde seus protagonistas estão na caça da redenção ganha o título de selvagens.

Trata-se de um filme de entretenimento, cujo aspecto mais interessante dessa produção é procurar a justificativa para a escolha de seu título. Acompanhamos com cuidado o sutil processo de transformação desencadeado pela circunstâncias extremas as quais os protagonistas são expostos, com algumas narrações em off totalmente desnecessárias feitas  por Blake Lively. Mesmo sem heróis declarados - de certo modo, ninguém é santo nessa história - o diretor marca esse longa com seu estilo visual e narrativo, com cores gritantes, imagens saturadas e cortes sequenciais. Um detalhamento técnico bem produzido que enriquece a trajetória dos protagonistas, que são algumas das promessas das grandes produções do futuro se tudo correr bem. O diretor Oliver Stone sela os momentos viscerais em volta das execuções com seu estilo e corrige as deficiências da história pouco moderada que foi baseada no livro de Dow Winslow com habilidade, porém não aproveita com a devida astúcia o papel de John Travolta, como agente duplo da corrupção e perde a mão em seu desfecho com uma reviravolta tipica de cineastas estreantes. Usa o espectador final com se fosse uma exibição de teste para medir as reações.  Pecado esse que Stone não pode se dar ao luxo de cometer a essa altura da carreira. Contudo, consegue delinear com precisão várias nuances inerentes do roteiro, como o processo de transformação da personalidade Aaron Johnson e Taylor Kitsch. Como também o papel de Elena, balançando constantemente entre chefe do crime organizado e mãe zelosa e preocupada. Enquanto Benicio del Toro, ficando especialista em papéis vilanescos, aqui desempenha o papel de júri e executor, não trazendo nenhuma surpresa em seu papel, apesar dos excelentes diálogos que troca com Travolta, apenas confirma o quanto selvagem o ser humano pode ser. 

"Selvagens" é um bom filme que não fez o estardalhaço costumeiro que os filmes de Stone faziam em outros tempos. Entretanto, também não se preocupa em trazer mensagens reais a um público globalizado que não se espanta mais com violência as margens de áreas de conflito sob domínio do narcotraficantes. Os atritos e embates decorrentes do narcotráfico em fronteiras mexicanas não é um assunto de interesse primordial a grande massa, ainda mais enquanto estiver sendo abordado apenas com claras preocupações estéticas e repleto de personagens que forçam uma fuga da estereotipagem. Era mais do que necessário uma preocupação com um enredo mais profundo e que respondesse porque esse longa veio.  Acima de tudo, que possa de certo modo levar algum tipo de esclarecimento original ao espectador que ele ainda não tenha contemplado nos noticiários. 


Nota: 6,5/10


quarta-feira, 27 de março de 2013

Crítica: Sete Psicopatas e um Shih Tzu | Um Filme de Martin McDonagh (2012)


Marty (Colin Farrel) é um roteirista passando por uma crise criativa. De seu novo projeto que tem passado por duras penas, apenas conseguiu escrever o tão famigerado título. Sabe exatamente que envolverá psicopatas e vai se chamar "Sete Psicopatas", mas ao mesmo tempo, desconhece o rumo de toda trama envolvendo esses personagens. Tecnicamente seu roteiro não existe, a não ser na cabeça de Marty, ainda que de modo nebuloso. E para auxiliá-lo na tarefa de escrever esse confuso roteiro, entra em cena seu melhor amigo, Billy (Sam Rockwell) um ator fracassado e que sequestra cachorros em parceria com Hans (Christopher Walken) como forma de sustento. Por meio de um anúncio de jornal colocado por Billy convocando todos os psicopatas dispostos a contar sua história, pensa em levar a Marty a inspiração que lhe falta para escrever sua história. Porém, como de costume a ideias brilhantes de Billy os colocam diante do mais temível dos psicopatas, o gangster Charlie (Woody Harrelson) que teve seu cãozinho Shih Tzu sequestrado. Assim numa caça aos responsáveis pelo desaparecimento do cão, Charlie sem querer leva toda a inspiração possível para compor esse inusitado roteiro. "Sete Psicopatas e um Shih Tzu" (Seven Psycophaths, 2012) é uma comédia de humor negro tão estranha quanto a própria palavra ficção. E o mais interessante de tudo, é perceber que todos os envolvidos nessa produção - inclusive e possivelmente o Shih Tzu também - evidentemente saibam disso. Basta vermos a infinidade de personagens estranhos em situações bizarras que permeiam toda obra. Isso sem contar os diálogos e a narrativa adotada pela produção em contar a trama em volta de um filme através do mesmo, quase que de forma simultânea. Qualquer suspense em relação aos rumos dessa trama são desintegrados de ante-mão pelos próprios personagens por meio de devaneios sem direção. 

E sem direção é o gênero no qual esse longa-metragem se encontra - ação, comédia e com  sérios flertes com a dramaturgia expressos em subtramas, além de passagens de violência que beiram o horror. Começa violento, como o próprio protagonista anuncia está questão como necessária, mas vai ganhando contornos diferentes aos poucos, sem um proposito bem definido visualmente. A relevância disso reside numa mensagem não muito bem  expressa no conjunto. O destaque mesmo fica por parte do elenco, verdadeiros especialistas em interpretar personagens excêntricos na telona sem encontrar nisso um grande desafio. Colin Farrell fez uma demonstração disso ao interpretar o filho alienado do chefe que herda a empresa após infarto fulminante do pai em "Quero Marar Meu Chefe" (2011), como o ator Sam Rockwell, ao interpretar o papel de ninfomaníaco detentor de problemas sérios de caráter no filme "No Sufoco" (2009). Christopher Walken e Woody Harrelson nem se fala, de tantos que foram os personagens estranhos e cômicos materializados por eles. O problema é que um bom filme se faz de um conjunto de elementos que devem andar em sintonia, ou ao menos na mesma direção. Essa produção atira para todos os lados, sem ter um tiro certeiro em nenhum elemento excepcional. Funciona até certo ponto, apenas na medida para prolongar a duração da trama, mas ainda de forma mediana onde mais choca do que enriquece a narrativa. 

Qualquer sinônimo de agrado que o espectador possa ter sobre essa fita, é meramente fruto da consciência da falta de ambição de seus realizadores. Diverte pela naturalidade que une comédia, horror e ação alternadamente, mesmo que em se tratando de uma comédia, isso não ofereça nenhum desafio para a direção de Martin McDonagh. O elenco já ganha o público  até mesmo com uma direção conduzida no piloto-automático. Imagine sob uma condução que demonstre o mínimo de competência. "Sete Psicopatas e um Shih Tzu" é bom programa que não vai mudar a vida de ninguém, muito menos, a do cachorrinho. Provavelmente nenhum grande estúdio irá chamá-lo para protagonizar um grande blockbuster.

Nota: 6,5/10


Ilustrações Estilizadas de Marko Manev

O designer Marko Manev criou ilustrações inusitadas que se espalharam pela internet, quando ao apresentar imagens com estilo "Noir" de famosos super-heróis dos quadrinhos, nos faz imaginar como ainda não haviam pensado nisso antes. Todas em preto e branco, perfeitamente sombreadas e em situações ricas em dramaticidade, são perfeitamente ambientadas a todos os personagens de fácil reconhecimento até para quem não é fã do gênero. Confira logo abaixo algumas de suas ilustrações:













segunda-feira, 25 de março de 2013

Crítica: O Sequestro do Metrô 1 2 3 | Um Filme de Tony Scott (2009)


Baseado no livro de John Godey (pseudônimo usado por Morton Freedgood), o diretor responsável por essa produção, o cineasta Tony Scott (21/06/1944 – 19/08/2012), repete sua fórmula de sucesso já desprovida de qualquer chance de fazer sucesso. Sua narrativa ágil e visual corrido repleto de imagens seguidamente cortadas já não funcionam como funcionavam em tempos de Top Gun – Ases Indomáveis” (1986). Tão pouco, como em “Inimigo de Estado” (1998), tecnicamente arrojadíssimo para a época ao levantar debate sobre certas questões em seu enredo que ainda hoje geram discussões inflamadas através de um formato blockbuster. Em “O Sequestro do Metrô 1 2 3” (Taking of Pelham 1 2 3, 2009) é dos exemplos mais fracos de sua fascinante e agitada filmografia, particularmente perdendo apenas para o desinteressante “Domino” (2005). Na trama de “O Sequestro do Metrô 1 2 3” acompanhamos Walter Garber (Denzel Washington) um executivo num processo de transição na companhia metroviária da cidade de Nova York. Por causa de uma suspeita de suborno ocorrida por investidores estrangeiros, foi preventivamente rebaixado para a função de um simples coordenador de tráfego até o desfecho desse impasse. Mas quando um dos trens do metrô é tomado em sequestro com vários passageiros dentro, por um misterioso grupo comandado por Ryder (John Travolta) coube a Garber fazer as negociações por exigência do líder do grupo. Entre um pedido de resgate de U$$ 10 milhões pelos passageiros e as imprevisíveis negociações conduzidas por Ryder, ambos terão o rumo de suas vidas mudado antes do fim da linha.



Essa produção é uma refilmagem de um filme de 1974, agora sob o olhar de Tony Scott, em plena era da internet e da telefonia celular. Se sua estrutura não oferece nada de novo, do que o cineasta já havia criado antes, o elenco principal é a luz no fim do túnel desse longa-metragem. Tanto John Travolta, no papel de vilão climatizado, quanto Denzel Washington como herói injustiçado, que por ventura desse tenso sequestro, consegue apresentar o impossível para os olhos do espectador, apresentam interpretações vibrantes na medida. São somente personagens fascinantes em função dos atores incumbidos de interpretá-los. Do contrário, talvez se seus papéis tivessem caído nas mãos de astros menos cativantes ou competentes, seus personagens cairiam consequentemente em descrédito. A dupla deita e rola sobre os trilhos, não deixando mais ninguém brilhar na película. Sua estrutura técnica é convincente, bem montada como é de característica de Scott, que desenvolve a trama elaborada do roteiro de Brian Helgeland com energia e somente peca no desfecho devido aos excessos de dramaticidade distante das possibilidades do conjunto da obra. O ator John Torturro, outro grande nome do elenco, chega a ficar completamente ofuscado dentro da trama diante do duelo psicológico dos protagonistas. “O Sequestro do Metrô 1 2 3” é entretenimento nervoso, não chega a ser incontrolável, mas está distante de oferecer ao espectador a emoção de outros sucessos consagrados desse saudoso diretor.

Nota: 6/10

sexta-feira, 22 de março de 2013

Crítica: Contra o Tempo | Um Filme de Duncan Jones (2011)


É em sua complexidade que mora seu maior atrativo. Pelo menos, antes de ver o elenco em ação eu achava isso. “Contra o Tempo (Source Code, 2011), estrelado por Jake Gyllenhaal (Soldado Anônimo) Michelle Monaghan (Missão Impossível III) e Vera Farmiga (Os Infiltrados), é uma fita que engana direitinho o espectador se apresentando inteligente e se revelando equivocada. Particularmente prefiro filmes com personagens complexos ao invés de histórias complicadas. No entanto o assisti a efeito de curiosidade. A primeira impressão em suma, tudo parece inverossímil, porém bem orquestrado do começo até certo ponto, deixando a história convincente dentro do possível. Em resumo, o capitão Colter Stevens (Jake Gyllenhaal) é integrante de um projeto militar secreto denominado “Source Code” – Código Fonte. No projeto o capitão Stevens assume o corpo de outro homem, vítima de um atentado terrorista em um trem, assumindo a sua identidade nos últimos oito minutos de sua vida. Com este recurso é possível procurar indícios que possam ajudar numa investigação para evitar outro atentado terrorista que ainda não ocorreu. Porém ao tentar descobrir o autor do atentado, acaba se apaixonando por uma das passageiras do trem chamada Christina (Michelle Monaghan). Assim Stevens volta no tempo não apenas para evitar o próximo desastre, mas para mudar o curso da história como se tinha como definido.  


Tendo na direção Duncan Jones (filho de David Bowie), o diretor conseguiu algo bem difícil em teoria ao conciliar uma ideia absurda em que protagonista assume a identidade física e psíquica de outro homem em seus últimos oito minutos de vida, com uma realidade palpável, pode-se considerar no mínimo um sinônimo de competência. Não se trata de uma tarefa fácil. E nisso, a maior qualidade dessa fita concentra-se no elenco, entregue ao roteiro improvável de Ben Ripley, que flerta com meia dúzia de outras produções desconexas sem responsabilidade. Mexe com uma temática perigosa – focada em viagens no tempo e física quântica – dando a falsa sensação de ter o conhecimento necessário para a condução de uma trama sempre ameaçadora para realizadores inexperientes. Favorecido por uma estrutura técnica eficiente, fotográfica e musical, “Contra o Tempo” evidencia certas falhas em seu desfecho enrolado, contudo entrega um filme interessante na maior parte da produção. Enfim Jones realiza um bom programa de entretenimento passageiro. Posso afirmar que os realizadores, acima de tudo o diretor, seguiu a mensagem taxada no roteiro, e fez ao seu modo valer cada segundo de seu tempo, e principalmente daqueles que se deram ao prazer de cedê-lo para ver o resultado final de seu filme. E depois de dezenas de deja vús do trailer visto em outros lançamentos da distribuidora, eu acabei gostando de investir uma hora meia de meu tempo em seu trabalho.

Nota: 6,5/10

quinta-feira, 21 de março de 2013

Crítica: Looper – Assassinos do Futuro | Um Filme de Rian Johnson (2012)


Viagem no tempo é sempre uma temática revisitada ocasionalmente pelos estúdios de cinema. Onde, entre muitas produções, poucas se salvam e alcançam o tão almejado sucesso devido às dificuldades óbvias desse arenoso terreno da ficção cientifica. Em “Looper – Assassinos do Futuro” (Looper, 2012), temos um raro exemplo de recente acerto que recicla ideias passadas, injetando um gás nesse subgênero demasiadamente desgastado pela pretensão de realizadores incompetentes. Na história acompanhamos Joe (Joseph Gordon-Levitt) um assassino da máfia de Kansas City, no ano de 2044. Seu trabalho é eliminar vítimas enviadas do futuro. Viagens no tempo já são possíveis, porém apenas são usadas clandestinamente. Esses assassinos, chamados Loopers, encarregados de eliminar pessoas que são enviadas do futuro possuem data certa para o fim de sua serventia. Após o termino do contrato de trabalho, a expectativa de vida gira em volta de cerca de 30 anos, onde é certo que inclusive eles serão enviados para o passado e eliminados como queima de arquivo. Porém, quando Joe é confrontado com seu eu mais velho (Bruce Willis), desencadeia uma corrida contra o tempo para evitar a confirmação do anúncio de um colapso que o espera no futuro. Em tese, não há nada de novo nessa produção, contudo tanto o roteiro quanto a direção de Rian Johnson fazem dessa fita um excelente programa de raro entretenimento.

Toda trama é bem explicada, com justificativas perfeitamente delineadas e um breve resumo da trajetória do protagonista, familiarizando o espectador com suas motivações e as circunstâncias que giram em volta de seu personagem. As tensões em torno do protagonista são um deja vú do que ocorreu com o personagem de Paul Dano. Ali mora a justificativa para que Joseph Gordon-Levitt consiga por fim aos planos de Bruce Willis antes que a máfia ponha as mãos nele. Apesar de lhe ser conferido um tempo menor de tela ao astro Bruce Willis, seu personagem tem uma relevância inegável na trama. As feições dadas pela inspirada maquiagem à sua versão mais jovem demonstra isso. Tanto Joseph Gordon-Levitt, quanto Bruce Willis, estão ótimos em seus papéis, e muito pelo afinado trabalho da produção que mesclou passado e futuro de forma simples e bem arquitetada, juntando elementos como humor, violência estilizada e ação de modo coerente sem exageros desnecessários. Jeff Daniels abandonando as comédias bobocas é alivio, já que inclusive em um personagem sério ele consegue dar certa leveza a seu papel de vilão. Emily Blunt está linda e funcional dentro da trama. “Looper – Assassinos do Futuro” é o melhor filme de viagem no tempo dos últimos tempos. Não chega a ser memorável, porém não faz feio e muito menos decepciona o espectador com certos absurdos que geralmente marcam esse gênero. Divertido como deve ser.

Nota: 7,5/10

quarta-feira, 20 de março de 2013

Crítica: O Incrível Hulk | Um Filme de Louis Leterrier (2008)


O cientista Bruce Banner (Edward Norton), numa busca desesperada pela cura para suas transformações em "Hulk" (uma criatura verde e sempre destrutivamente irritada), gerada de seu corpo em função de situações emocionalmente tensas que foi desencadeadas pelo envenenamento de suas células por radiação, ele vive escondido de seus perseguidores e afastado das pessoas que ama. De sua namorada Beth Ross (Liv Tyler), a quem nutre um carrinho especial, e que mesmo depois de anos sem vê la, ainda a ama, e do general Thunderbolt (Willian Hurt) que o procura incessantemente para capturá-lo e estudá-lo afim de usar sua capacidade de transformação em uma arma militar. Nessa procura, o general cria algo similar ao Hulk através do soldado Emil Blonsky (Tim Roth) que passa a ser um oponente à altura do Incrível Hulk. Em "O Incrível Hulk" (The Incredible Hulk, 2008) estamos diante de uma sequência que não dá indícios disso no nome, mas com uma abertura recheada de estilizados flashbacks que evidenciam o fato. Descarta as escolhas feitas para o personagem realizado por Ang Lee, no trabalho intitulado "Hulk" (2003), mas não abandona as possibilidades lançadas por ele. O elenco de seu longa foi substituído completamente, no entanto as motivações em volta do personagem continuam semelhantes: a busca da cura. Mas desta vez, materializadas pelo diretor francês Louis Leterrier, também responsável pelo sucesso da franquia "Carga Explosiva", especialista em dar ao público o quer sem ter a pretensão de fazer a diferença.




Contudo, essa produção tem ares de remake incrustadas em sua trama, que abomina a transposição cerebral e distanciada do personagem dos quadrinhos para telona realizada pelo cineasta chinês Ang Lee. Deixando de lado comparações, o trabalho de Leterrier apresenta nada mais e nada menos do que se esperava desse longa-metragem. O desejo da Marvel de ressuscitar Hulk certamente teve sua maior influência no fato do lançamento da produção de "Os Vingadores" (2012), realizado por Joss Whedon. Redesenhar a afetada imagem deixada pelo filme de 2003 em um produto mais comercial e antenado com a linha narrativa recentemente adotada pela Marvel Studios para seus filmes era vital para o sucesso do trabalho de Whedon. Portanto, "O Incrível Hulk" não é nada mais do que uma produção tecnicamente interessante, sem inovações e de resultado apenas satisfatório. Funciona melhor do que o filme anterior, mas também não se propõe a ser um sucesso de público e crítica. Dentre todos os filmes solo dos personagens que compõe a Iniciativa Vingadora, certamente que essa produção é a mais fraca até então. Certamente que essa produção é muito mais Hulk que Ang Lee jamais imaginou, mas esteve longe de fazer justiça ao título de incrível também.  


Nota: 6/10


segunda-feira, 18 de março de 2013

43 Adjetivos "Para Maiores"



1.    Absurdo – Realidade e bobagens se alternam em tela;
2.    Alienado – É extremada;
3.    Barulhento – Muita gritaria com nada a dizer;
4.    Bizarro – A merda literalmente voa no ventilador;
5.    Censurável – Não dá para ver com pais ou sogros sem passar vergonha;
6.    Confuso – Não tem sinopse que defina essa produção e faça sentido;
7.    Desbocado – Ganhou de muita produção boca do lixo;
8.    Destrutivo – Olha a bomba!
9.    Detestável – Você ama ou odeia, isso é certo;
10.  Engraçado – Sim, também é engraçado, mas sem pingo de bom gosto;
11.  Enjoativo – Se você gostou do começo, espera até passar a metade;
12.  Exagerado – Não tenho palavras para descrever isso;
13.  Explícito – “American Pie” é fichinha perto desse longa;
14.  Fantasioso – Eu vi Gnomos!
15.  Fragmentado – É o único termo para descrever essa narrativa.
16.  Gratuito – De graça é caro;
17.  Grotesco – Fica a cargo do Wolverine essa parte;
18.  Incompreensível – Ser ou não ser, eis a questão.
19.  Inconveniente – Ninguém respeita o sexo frágil e suas mudanças físicas;
20.  Indeciso – Vai, não vai, vai, não vai... virar em nada;
21.  Indigesto – São tantas cenas... tantas emoções!
22.  Indiscreto – Esqueça as etiquetas, tá tudo liberado;
23.  Inédito – Não há nada parecido, mas isso não quer dizer que seja relevante;
24.  Inesperado – Está longe de ser previsível como qualquer bom besteirol;
25.  Inimaginável – Todo aquele elenco, em um filme desses... putz!
26.  Inovador – Depende da perspectiva;
27.  Irritante – Só a realidade que alavanca toda trama absurda;
28.  Mal-Educado – Dispensa apresentações ou formalidades;
29.  Nojento – Quase o tempo todo;
30.  Odioso – É melhor ficar só no trailer, porque pega mais leve;
31.  Ostensivo – Quantidade não é sinônimo de qualidade;
32.  Perturbado – Fica o espectador;
33.  Perturbador – Responsabilidade de seus realizadores;
34.  Polêmico – Poderia gerar alguma polemica, se alguém o levasse a sério;
35.  Preconceituoso – Somente com a normalidade;
36.  Pretensioso – O elenco é grande, mas não vai se multiplicar em ingressos;
37.  Ridículo – Bob Kane que diga;
38.  Sinistro – Crime e covardia andam de mãos dadas;
39.  Subversivo – Me fez lembrar aqueles vídeos de execução sumaria;
40.  Tratante – Faça o que digo, mas não faça o que eu faço;
41.  Variado – São todos os gêneros e nenhum ao mesmo tempo;
42.  Vingativo – Sem censura nenhuma podendo chocar;
43.  Violento – Depois de tudo isso, alguém acha que não teria violência?

sábado, 16 de março de 2013

Crítica: Firewall - Segurança em Risco | Um Filme de Richard Loncraine (2006)


Jack Stanfield (Harrison Ford) é um especialista em segurança de computadores que trabalha no Landrock Pacific Bank. Jack é um executivo que construiu uma carreira sólida desenvolvendo sistemas anti-fraude para o ramo bancário. Casado com Beth (Virginia Madsen) e pai de dois filhos, Jack nunca imaginou que a maior vulnerabilidade de seus infalíveis sistemas de segurança possa ser ele mesmo. Com sua vida particular sendo acompanhada a semanas por criminosos, Bill Cox (Paul Bettany), um ambicioso criminoso sequestra sua família e força-o a possibilitar uma fraude bancária de 100 milhões, na qual Bill jamais seria acusado e Jack levaria toda a culpa. Assim Jack terá que usar toda sua coragem, e acima de tudo, sua inteligência para salvar sua família e impedir que os verdadeiros criminosos desse roubo milionário tenham sucesso. "Firewall - Segurança em Risco" (Firewall, 2006)  é um interessante thriller dramático dirigido por Richard Loncraine. Longe de ser memorável dentro da carreira do astro Harrison Ford, não deixa de ser interessante pelo uso prático das inovações da tecnologia aplicadas pelo protagonista para salvar sua família. Por quê? Muitas vezes temos uma infinidade de recursos tecnológicos a nossa disposição, mas usados de forma limitada e com pouca criatividade. 

Se a história de "Firewall" se mostra exagerada e por vezes inverossímil (típica de um produto enlatado), e os momentos que buscam desencadear alguma tensão no espectador soem de pouca expressividade, nós temos aqui uma história ligeiramente interessante (pela aplicação prática da tecnologia) mostrando que Harrison Ford tem condições de sobra para sustentar um longa-metragem com poucas novidades e uma trama que carece de fluência no gênero no qual habita. É sempre uma grata surpresa vê-lo salvando o dia como o herói. Como também Paul Bettany tem o perfil de um vilão temeroso até quando o roteiro não ajuda. O sequestro é conduzido de forma burocrática e sem nenhuma inovação narrativa ou atrativos estéticos. A trilha funciona na climatização do suspense, quando há suspense nos acontecimentos, já que grande parte do longa se mostra previsível e ajustado ao formato em que foi concebido. Por isso "Firewall - Segurança em Risco" funciona mais como um simples entretenimento escapista, do que propriamente como suspense intrigante. Serve para passar o tempo e divertir, mas corre o risco de cair em desagrado ao gosto de muitos. Se vai ou não agradar ao espectador, depende de suas expectativas em relação a premissa do filme. Só sei que poderia render muito mais.

Nota: 5,5/10 

quinta-feira, 14 de março de 2013

Abertura? Resumo? Clipe? Você escolhe!


Recentemente poucos filmes se apresentaram de forma tão visceral e sombria quanto essa produção chamada "MillenniumOs Homens que não Amavam as Mulheres". Dirigido por David Fincher, o cineasta praticamente retornou a mídia que o consagrou (aos vídeos musicais) com essa abertura visualmente arrojada, enigmática e de sonoridade agressivamente contemporânea que resultou em uma introdução fenomenal. 

É show! Comentem ou façam um abaixo-assinado.


terça-feira, 12 de março de 2013

Crítica: 7 Dias em Havana | Um Filme de Laurent Cantet, Benicio Del Toro, Julio Medem, Gaspar Noé, Elia Suleiman, Juan Carlos Tabío e Pablo Trapero (2012)


7 Dias em Havana” (7 Días en La Habana, 2012) segue uma tendência em unir vários cineastas diferentes em estilo e nacionalidade para contar pequenas histórias em curtas-metragens interligados por uma temática ou ambiente em comum. É o que se chama de filmes coletivos. Aqui temos a cidade de Havana como pano de fundo para sete tramas diferentes que se passam no espaço de tempo de uma semana. Cada qual age de forma autônoma, contribuindo para o sucesso do conjunto. Temos o ator Benicio Del Toro dirigindo, “El Yuma” que ironiza a relação entre os norte-americanos e os cubanos; “Diário de um Principiante”, do cineasta palestino Elia Suleiman, mostra a perturbação de um viajante diante de outra cultura enquanto aguarda para falar com o próprio Fidel Castro; “Doce-Amargo” do cubano Juan Carlos Tabío acompanhamos um casal (Jorge Perugorría e Mirta Ibarra) que completa o orçamento apertado fazendo doces e onde à filha (Melvis Estevez) decidi fugir para Miami numa precária balsa; "A Tentação de Cecilia", do espanhol Julio Medem mostra o drama cubano na busca por novas oportunidades fora da ilha descrevendo as dúvidas de uma jovem seduzida por um estrangeiro europeu (Daniel Brühl); entre outras histórias.


Essa produção é coproduzida por uma marca de Rum e uma agência de publicidade, num trabalho conjunto entre Cuba, França e Espanha. Através do roteiro do famoso escritor cubano Leonardo Padura Fuentes, responsável por “Adeus, Hemingway”, os envolvidos nesse projeto dão contornos romanceados as tramas diferenciadas do autor, onde umas funcionam naturalmente melhor do que outras. Mas evidentemente todas tem sua expressividade delineada brilhantemente num olhar meio que turístico sobre o ambiente. Temas como sexo, fé e a insuperável musicalidade desse povo são elementos presentes em todos os curtas. Elementos esses que dão o tom dessa obra. Ao término de “7 Dias em Havana” pode-se constatar que nem todas as histórias contadas são acertos, evidentemente, mas demonstram ter seu valor ao apresentar Cuba diferente dos noticiários reacionários. Um lugar exótico e real, repleto de problemas de fácil entendimento global e composto por um povo animado e descontraído apesar das dificuldades sociais e políticas que os assolam há décadas.

Nota: 7/10  

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Crítica: O Segredo da Cabana | Um Filme de Drew Goddard (2011)


Deixe-me contar um segredo. O longa-metragem de terror e suspense chamado “O Segredo da Cabana” (The Cabin in the Woods, 2011) é simplesmente horripilante. E quando me refiro a ser horrível, já que se trata de uma fita de horror não digo isso no bom sentido.  No entanto, notícias ruins correm rápido e provavelmente somente eu ainda não sabia desse fato. Mesmo assim deixo aqui meu desafeto nessa resenha para enfatizar minha decepção. Na história acompanhamos cinco amigos que decidem passar um final de semana de férias em uma cabana na floresta para curtir sexo, drogas e bebidas. Mas o que eles não sabiam era que nesse ambiente isolado estavam sendo monitorados para atender a um inimaginável plano.  Se Sylvester Stallone conseguiu um resultado bacana e respeitável ao reunir ícones de filmes de ação dos anos 90 em um único filme, esse trabalho conjunto de Joss Whedon (Produtor), com Drew Goddard (Direção) resultou em uma sátira desnecessária de figuras bem conhecidas do gênero terror/suspense. Lançado em novembro de 2012 nos cinemas nacionais, essa produção reúne vários personagens marcantes do terror em uma única produção: zumbis, Serial Killer, palhaço assassino, monstros, assombrações, entre outros.

Com uma trama em tese que oscila entre o inventivo e o nostálgico, tem como resultado algo medonho. A costura desproporcional de uma infinidade de personagens de universos próprios em uma única empreitada não poderia ser feliz. O filme flerta com vários estilos, mas não abraça nenhum deles com competência, deixando por fim com ares de besteirol sem ter a pretensão. O roteiro não ajuda em nada e o elenco, por mais bacana que se apresentou, não salva essa produção de ser desagradável em demasia. Tem efeitos visuais, que vistos isoladamente, até demonstram esmero técnico, mas devido ao pobre roteiro não servem para nada a não ser encher os olhos do espectador, enquanto a direção encomendada de Drew Goddard tenta organizar o caos de forma coerente. “O Segredo da Cabana” é uma homenagem ao gênero no mínimo constrangedora, esquecível e descabida. Até tem bons momentos, mas que obviamente não fazem diferença no conjunto, deixando claro que obviamente também não era ainda o seu momento de brilhar nas telonas. Faltou tanta coisa, que quase é impossível descrever. Obviamente não foi sangue, já que Goddard praticamente pintou as paredes dos cenários com sangue para dar o clima de terror a sua obra. Se ele achou que isso bastava para chocar o espectador e alavancar sua empreitada ao sucesso deve ter levado um susto. 

Nota: 3,5/10

sexta-feira, 8 de março de 2013

Crítica: O Quarto do Pânico | Um Filme de David Fincher (2002)


Meg Altman (Jodie Foster) é uma mulher recém-separada, que com sua filha adolescente Sarah (Kristen Stewart) passam a morar em uma nova casa nos arredores de Manhattan, na cidade de Nova York, após a separação. Essa casa tem uma peculiaridade: além dos cômodos tradicionais, ela tem um quarto oculto em suas dependências para situações de emergência. Logo em sua primeira noite na casa, por coincidência ela é invadida por três estranhos (Forest Whitaker, Jared Leto e Dwight Yoakame como esperado, mãe e filha se refugiam no tão famigerado quarto. Entretanto o objetivo dessa invasão se encontra justamente no interior do mesmo. Assim se trava uma batalha entre os que querem entrar no quarto, e mãe e filha que precisam impedir que isso aconteça a todo custo.  Olhando para trás é fácil constatar que "O Quarto do Pânico" (Panic Room, 2002) é somente um exercício ocupacional para um cineasta do nível de David Fincher. Isso não quer dizer que esse longa seja ruim, ou superficial na carreira de Fincher, mas que está apenas aquém da capacidade de seu realizador. Apesar de todas as qualidades narrativas exibidas nessa fita, que se resumem tanto na premissa, quanto no desenrolar da trama criada por David Koepp, ambas não oferecem um desafio para um diretor que comandou anteriormente trabalhos complexos como "Seven" (1995) e "Clube da Luta" (1999) de forma magistral. Enquanto "Seven" foi um exemplo de climatização bem realizada que resultou em um desfecho aterrador, "Clube da Luta" tinha uma história cerebral ajustada numa estrutura narrativa que foi tecnicamente perfeita.

Em "O Quarto do Pânico" temos um pouco dos dois: um clima que remete a lembrança de filmes de Alfred Hitckcock; e uma composição estrutural sofisticada. A forma como a câmera de Fincher faz uma varredura suave pelos cômodos da residência, logo no início, apresentando-a ao espectador é de uma perspectiva no mínimo inteligente, pois de certo modo, a casa é um elemento chave dentro dos eventos que virão a se desenrolar ao decorrer da trama. Além do surgimento do créditos iniciais num sutil contraste com a arquitetura da cidade. O clima claustrofóbico obtido das circunstâncias em que mãe e filha são submetidos é digno de um grande suspense - impotência e vulnerabilidade andam de mãos dadas com o beneficio da super proteção proporcionada pelo quarto - apesar da sinopse simples. Sua proteção é uma prisão com tempo de validade curto, que acarreta em desespero. Acompanhar as manobras dos invasores em ultrapassar as barreiras que os separam é de uma angustiante sensação transposta com habilidade. O circuito interno de TV disponibilizado no interior do quarto é em teoria uma forma de amenizar seu desconforto diante da fatalidade, porém a narrativa de Fincher prova que esse recurso somente inflacionou o terror diante da ameaça. Um detalhe importante: a relação mãe/filha antes de se enclausurarem no quarto não eram das melhores evidentemente. Circunstâncias extremadas ocasionalmente fortalecem laços rompidos. No caso o elo familiar, humanamente instintivo de proteger sua filha, obrigando Meg a tomar decisões e atitudes arriscadas, demonstra a profusão de sacrifício que o ser humano é capaz sob as condições adequadas. Enquanto a filha, retribui sem palavras declaradas sua gratidão e reconhecimento do fato.

Se o elenco feminino atende as necessidades desse longa, com belas interpretações, diga-se então o masculino: Jared Leto está sinistro e aterrorizante em sua determinação de cumprir o trabalho a qualquer custo, independente do que for necessário para abrir a porta do quarto - até mesmo matar. Para uma trupe de invasores amadores, as circunstâncias desencadearam instintos primitivos inusitados, tanto no elo familiar aprisionado no quarto, quanto em Leto, por não medir as consequências de seus atos. Enquanto em Forest Whitaker, aflorou arrependimento visivelmente expresso em uma passagem específica da fita. Um olhar que diz mais do que mil palavras. O lado bom dos trabalhos de Fincher, é que até o mais despretensioso de seus projetos, como esse "O Quarto do Pânico" tem sua relevância, mesmo sem o impacto marcante que suas produções apresentam na maioria das vezes. Trata-se de um filme medido e limitado por sua narrativa, mas brilhantemente realizado e imperdível a quem o desconhece. 

Nota: 8/10

quinta-feira, 7 de março de 2013

Crítica: Amor Impossível | Um Filme de Lasse Hallström (2011)


Com um título nacional fora de contexto e uma história em sua premissa até interessante, o cineasta sueco Lasse Hallström (responsável pelo longa-metragem "Querido John"), como também o restante dos envolvidos falham em dar crédito a essa visão romanceada de um universo tão peculiar como o da pesca de salmão. Como romance esse longa não funciona e como comédia basta ver o trailer para usufruir das melhores piadas dessa produção. Assim em “Amor Impossível” (Salmon Fishing in the Yemen, 2011), acompanhamos um xeique visionário chamado Muhammed (Amr Waked) que busca levar os benefícios da arte da pesca do salmão para o seu país, ao inserir a pesca esportiva no meio do deserto independente de quanto isso vá custar. Para realizar seu sonho ele tem a advogada Harriet (Emily Blunt), incumbida da tarefa de convencer o especialista britânico no assunto Alfred Jones (Ewan McGregor), na execução da impossível tarefa. Se não fosse a interferência do governo britânico em consolidar essa ideia, a princípio absurda, por meio de sua porta voz Patricia (Kristin Scott Thomas) o assunto jamais sairia da teoria. Num cenário estremecido pela guerra no Oriente Médio, a criação de noticias positivas é essencial para preservar as aparências entre os governos. E num panorama de impossibilidades vemos essa fábula sobre fé e realizações acontecendo a partir do desejo de um homem em compartilhar o prazer de uma simples pescaria.

De longe,  “Amor Impossível” promete algo extraordinário em seu enredo, mas não cumpre por uma série de razões. Este é com certeza um dos mais fracos filmes de Hallström. Com uma história baseada no livro de Paul Torday, a trama ganha contornos cansativos e de pouca emoção. É difícil afirmar qual é o pano de fundo dessa produção: a pesca do salmão ou o arrastado romance dos protagonistas. Enquanto a apaixonante Emily Blunt perde pontos por não traduzir com expressividade suas dores particulares, o competente ator Ewan McGregor demonstra não ter mais aquele tino para comédia romântica como nos tempos de filmes como “Por Uma Vida Menos Ordinária”. E se os protagonistas dessa história não tem um desenvolvimento fascinante, Kristin Scott Thomas dá um charme a sua personagem como uma espécie de vilã cínica e manipuladora num cenário sem heróis declarados. Inclusive o ator Amr Waked tem boas passagens, em sua maioria inspiradoras que dão uma acentuação adequada à proposta oferecida pelo roteiro de Simon Beaufoy (Quem Quer Ser um Milionário?). Mas no geral, “Amor Impossível” não agrada simplesmente por não causar nenhum tipo de emoção legítima, onde apenas acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos a espera da subida dos créditos finais. 

Nota: 5/10

domingo, 3 de março de 2013

Crítica: Os Vingadores | Um Filme de Joss Whedon (2012)


Devo afirmar sumariamente, de que esse longa-metragem se superou. O filme "Os Vingadores" (The Avengers, 2012) atendeu a todas as minhas expectativas ao incorporar vários elementos necessários do universo da Marvel, e ao mesmo tempo completamente distintos, que se mostraram fascinantes para compor um longa à altura de minha ansiedade, e porque não dizer também de seus fãs: confrontos épicos entre os heróis, enredo plausível e conectado ao universo dos personagens, suspense e mistério acentuado, elenco em plena sintonia e com uma divisão de tela proporcional, direção ágil, efeitos especiais bacanas, ação de qualidade, humor refinado e várias outras qualidades que poderia escrever infinitamente. Esse filme não apenas ficou bom, mas ficou ótimo. Se tivesse sido realizado há cinco anos, não teria feito o estrondo que alcançou, entre a crítica e o público, estourando recordes de bilheteria e satisfazendo fãs, que muitas vezes são exageradamente críticos. Certamente é apenas mais um blockbusters pipocando criado com a única finalidade de ganhar horrores de dinheiro, mas inquestionavelmente bem realizado. Por isso, caso não tenha assistido aos filmes-solo do Capitão América: O Primeiro Vingador (Captain America – The First Avenger, 2011), ao filme Thor (Thor, 2011), O Incrível Hulk (The Incredible Hulk, 2008) e aos filmes do Homem de Ferro (Iron Man, 2008 e 2010) deve-se, apesar de tardiamente, assisti-los para familiarizar-se com o processo de evolução que levou a criação da S.H.I.E.L.D. (Divisão de Intervenção Internacional Estratégica de Espionagem e Aplicação da Lei), como é finalmente apresentada no filme dos vingadores.


A história por incrível que pareça, não foi costurada para unir todos os personagens em um único filme – como os pessimistas profetizavam – e sim, foi encaixada com precisão – como deve ser – ainda tendo uma infinidade de personagens de diferentes personalidades dentro do mesmo roteiro sem menosprezar ninguém do variado conjunto. Mérito dado a Joss Whedon, que conseguiu fazer muito, e muito mesmo, ainda que as probabilidades estivessem contra ele no imaginário dos incrédulos. Responsável pela finada série “Buffy – A Caça-Vampiros” também tinha essa característica de ter vários personagens agindo simultaneamente, apesar de ser mais simples conduzir algo assim numa série televisiva. Um longa-metragem temporizado com pouco tempo de trama se complica e inflaciona a responsabilidade. Trata-se sempre de um orçamento milionário distribuído em cerca de 2 horas que corre o risco de fracassar sem dar oportunidade para medida de correção dependendo dos equívocos cometidos.   


A trama de “Os Vingadores” é resumidamente movida pelo interesse de vingança e poder de Loki (irmão de Thor) em dominar o planeta terra. Foca as ações da S.H.I.E.L.D. em reunir urgencialmente soldados com habilidades especiais através da chamada Iniciativa Vingadora, para combater os inimigos que nenhum outro exército do mundo estaria apto. E esse inimigo, aparentemente em forma de mensageiro da morte, aparece, onde Os Vingadores juntam-se depois de várias divergências para combatê-lo em prol da existência humana. Muitas produções desse gênero falharam em criar uma trama que transparece-se clareza e naturalidade com muitos personagens, porém o roteiro de superprodução assumida, tem a coerência e a leveza de um trabalho independente – é divertido e de fácil compreensão até mesmo para quem não havia visto os filmes-solo dos personagens. Tem ares de ser um filme de Michael Bay, exagerado e visualmente sofisticado. Mas basta ver os créditos finais para se constatar que essa impressão se resume apenas na aparência, pois o conjunto da obra tem muito mais a oferecer do que os melhores trabalhos de Bay. 


Personagens antes desfocados e pouco aproveitados em suas aparições anteriores ao filme dos vingadores tiveram oportunidade de provar seu valor diante de ícones mais conhecidos como Hulk, Homem de Ferro, Capitão América e Thor. Scarlett Johansson somente ampliou seu destaque, que já havia alcançado em O Homem de Ferro 2, quase nos fazendo desejar um filme solo dela como a Viúva Negra. A atuação de Jeremy Renner como o Gavião Arqueiro, e como seu personagem foi articulado dentro da trama, oscilando entre vilão e mocinho fechou as contas, sem dever nada. O astro, Samuel L. Jackson mostrou porque veio no papel de Nick Fury – além das semelhanças físicas que o deixam quase idêntico ao personagem dos quadrinhos – o ator mostra-se realmente convincente no papel de líder de uma organização do porte S.H.I.E.L.D. sem ficar com cara de bobo. E apesar do infeliz destino do agente Coulson – tratar-se de personagens em quadrinhos, o que não quer dizer que seja definitivo - foi brilhante, inclusive quando gerou a motivação que faltava ao grupo para se unir para combater o mal que estava prestes a dominar o mundo. Sua participação indireta, usada com astúcia de Nick Fury, transformou-se naquele momento vibrante que todos os espectadores ansiavam durante a sessão. 


O ator Tom Hiddleston continua seu papel de vilão não punido com a devida eficiência. Caracterizado com ganância, inveja, ambição, e cheio de problemas familiares pendentes, refletem suas motivações para ser o estopim da criação da Iniciativa Vingadora. O personagem Capitão América consegue se redimir em comparação a sua primeira aparição, justificado por seu expressivo desempenho como líder e por sua desenvoltura na trama. Chris Evans deveria agradecer ao Robert Downey Jr., por ter gerado seus melhores momentos em cena. Os hilários principalmente. E engraçado foi à forma como um personagem como Hulk, interpretado dessa vez por Mark Ruffalo, uma escolha interessante diga-se de passagem, protagonizou um grande desfecho de forma espirituosa que jamais causaria censura por parte de fãs familiarizados ou não com o comportamento do personagem. Hulk se apresenta de forma fascinante ao espectador. A interpretação de Chris Hemsworth como Thor - arrogante e presunçoso, porém mais habilidoso com o martelo Mjolnir - continua uma incógnita sem alterações para bem ou para mal. Apenas cumprindo seu papel dentro da trama atende as necessidades essenciais do enredo. A disputa de forças com Tony Stark foi seu ponto alto, e imprescindível como elemento necessário na fórmula dos quadrinhos levada ao cinema. Divergências entre heróis, sempre foi comum nas HQs. Como a reunião de personagens diferentes da mesma editora em uma única publicação sempre resultou em confrontos inflamados nem sempre justificáveis.


Trata-se de um filme cuja realização técnica é irretocável. A direção de fotografia de Seamus McGarvey ressalta a o brilho e as cores que fazem lembrança ao formato dos quadrinhos. Os efeitos visuais estão bem acabados e sempre tem sua aparição em momentos cruciais da trama, deixando claro o brilhantismo da produção. Os efeitos visuais são ferramentas para se obter o resultado, e não o objetivo do trabalho. O destaque fica por conta do elenco, que puxa para si as atenções do espectador, independente se estão verdes ou voando. A importância inegavelmente existe, justamente por se tratar de um filme de heróis, mas o roteiro proporciona bons momentos com apenas diálogos e imagens legais de nossos heróis. A trilha sonora de Alan Silvestri também funciona redonda, apesar do pouco tino comercial que marca a cinessérie do Homem de Ferro com AC/DC e Black Sabbath. Um excelente filme para ser conferido em 3D, apesar de perder força desse recurso na telinha.


E Robert Downey Jr. interpretando o Homem de Ferro, somente nos fez salivar pelo lançamento do terceiro filme, que se mostrou otimista por parte da Marvel Studios em aumentar seu orçamento na expectativa de realizar mais um grande marco de bilheteria através do sucesso alcançado pelo filme dos Vingadores. Logicamente trata-se de entretenimento criado para proporcionar lucro, onde poucos longas do genero conseguem transcender os limites das possibilidades como a franquia do Homem Morcego realizada por Chrstopher Nolan. E se há alguém a agradecer pelo fantástico filme que “Os Vingadores” se tornou afinal, sem dúvida nenhuma todos os aplausos devem ser direcionados a Robert Downey Jr. por seu carisma e sua transposição perfeita do herdeiro das Industrias Stark. Nada mais justo que os trailers pré-exibição fossem monopolizados pela presença dele. Outras sequências dos personagens vêm por aí, e certamente dos Vingadores virá também no seu tempo. Resta-nos aguardar por mais um ano de transposições cinematográficas de sucesso como tivemos em 2012.  

Avante Vingadores! 

Nota: 9/10