Devo
afirmar sumariamente, de que esse longa-metragem se superou. O filme "Os Vingadores" (The Avengers,
2012) atendeu a todas as minhas expectativas ao incorporar vários
elementos necessários do universo da Marvel, e ao mesmo tempo completamente distintos,
que se mostraram fascinantes para compor um longa à altura de minha ansiedade, e
porque não dizer também de seus fãs: confrontos épicos entre os heróis, enredo
plausível e conectado ao universo dos personagens, suspense e mistério
acentuado, elenco em plena sintonia e com uma divisão de tela proporcional,
direção ágil, efeitos especiais bacanas, ação de qualidade, humor refinado e
várias outras qualidades que poderia escrever infinitamente. Esse filme não
apenas ficou bom, mas ficou ótimo. Se tivesse sido realizado há cinco anos, não
teria feito o estrondo que alcançou, entre a crítica e o público, estourando
recordes de bilheteria e satisfazendo fãs, que muitas vezes são exageradamente
críticos. Certamente é apenas mais um blockbusters pipocando criado com a única
finalidade de ganhar horrores de dinheiro, mas inquestionavelmente bem
realizado. Por isso, caso não tenha assistido aos filmes-solo do Capitão América: O Primeiro Vingador (Captain America –
The First Avenger, 2011), ao filme Thor
(Thor, 2011), O Incrível Hulk
(The Incredible Hulk, 2008) e aos
filmes do Homem de Ferro (Iron
Man, 2008 e 2010) deve-se, apesar de tardiamente, assisti-los para
familiarizar-se com o processo de evolução que levou a criação da S.H.I.E.L.D. (Divisão de Intervenção Internacional Estratégica de Espionagem e Aplicação da Lei),
como é finalmente apresentada no filme dos vingadores.
A
história por incrível que pareça, não foi costurada para unir todos os
personagens em um único filme – como os pessimistas profetizavam – e sim, foi
encaixada com precisão – como deve ser – ainda tendo uma infinidade de personagens
de diferentes personalidades dentro do mesmo roteiro sem menosprezar ninguém do
variado conjunto. Mérito dado a Joss Whedon, que conseguiu fazer muito, e muito
mesmo, ainda que as probabilidades estivessem contra ele no imaginário dos
incrédulos. Responsável pela finada série “Buffy
– A Caça-Vampiros” também tinha essa característica de ter vários
personagens agindo simultaneamente, apesar de ser mais simples conduzir algo
assim numa série televisiva. Um longa-metragem temporizado com pouco tempo de trama se complica e inflaciona a responsabilidade. Trata-se sempre de um
orçamento milionário distribuído em cerca de 2 horas que corre o risco de
fracassar sem dar oportunidade para medida de correção dependendo dos equívocos
cometidos.
A trama de
“Os Vingadores” é resumidamente movida
pelo interesse de vingança e poder de Loki (irmão de Thor) em dominar o planeta
terra. Foca as ações da S.H.I.E.L.D. em reunir urgencialmente soldados com
habilidades especiais através da chamada Iniciativa
Vingadora, para combater os inimigos que nenhum outro exército do mundo estaria
apto. E esse inimigo, aparentemente em forma de mensageiro da morte, aparece,
onde Os Vingadores juntam-se depois
de várias divergências para combatê-lo em prol da existência humana. Muitas
produções desse gênero falharam em criar uma trama que transparece-se clareza e
naturalidade com muitos personagens, porém o roteiro de superprodução assumida,
tem a coerência e a leveza de um trabalho independente – é divertido e de fácil
compreensão até mesmo para quem não havia visto os filmes-solo dos personagens.
Tem ares de ser um filme de Michael Bay, exagerado e visualmente sofisticado.
Mas basta ver os créditos finais para se constatar que essa impressão se resume
apenas na aparência, pois o conjunto da obra tem muito mais a oferecer do que
os melhores trabalhos de Bay.
Personagens
antes desfocados e pouco aproveitados em suas aparições anteriores ao filme dos
vingadores tiveram oportunidade de provar seu valor diante de ícones mais
conhecidos como Hulk, Homem de Ferro, Capitão América e Thor. Scarlett
Johansson somente ampliou seu destaque, que já havia alcançado em O Homem de
Ferro 2, quase nos fazendo desejar um filme solo dela como a Viúva Negra. A
atuação de Jeremy Renner como o Gavião Arqueiro, e como seu personagem foi
articulado dentro da trama, oscilando entre vilão e mocinho fechou as contas, sem
dever nada. O astro, Samuel L. Jackson mostrou porque veio no papel de Nick
Fury – além das semelhanças físicas que o deixam quase idêntico ao personagem dos quadrinhos – o ator mostra-se realmente
convincente no papel de líder de uma organização do porte S.H.I.E.L.D. sem
ficar com cara de bobo. E apesar do infeliz destino do agente Coulson – tratar-se
de personagens em quadrinhos, o que não quer dizer que seja definitivo - foi
brilhante, inclusive quando gerou a motivação que faltava ao grupo para se unir
para combater o mal que estava prestes a dominar o mundo. Sua participação
indireta, usada com astúcia de Nick Fury, transformou-se naquele momento
vibrante que todos os espectadores ansiavam durante a sessão.
O ator Tom
Hiddleston continua seu papel de vilão não punido com a devida eficiência.
Caracterizado com ganância, inveja, ambição, e cheio de problemas familiares
pendentes, refletem suas motivações para ser o estopim da criação da Iniciativa
Vingadora. O personagem Capitão América consegue se redimir em comparação
a sua primeira aparição, justificado por seu expressivo desempenho como líder e
por sua desenvoltura na trama. Chris Evans deveria agradecer ao Robert Downey
Jr., por ter gerado seus melhores momentos em cena. Os hilários principalmente.
E engraçado foi à forma como um personagem como Hulk, interpretado dessa vez
por Mark Ruffalo, uma escolha interessante diga-se de passagem, protagonizou um grande desfecho de forma espirituosa que jamais causaria
censura por parte de fãs familiarizados ou não com o comportamento do
personagem. Hulk se apresenta de forma fascinante ao espectador. A interpretação de Chris Hemsworth como Thor - arrogante e presunçoso, porém mais habilidoso com o martelo Mjolnir - continua
uma incógnita sem alterações para bem ou para mal. Apenas cumprindo seu papel
dentro da trama atende as necessidades essenciais do enredo. A disputa de forças com Tony Stark foi seu ponto alto, e
imprescindível como elemento necessário na fórmula dos quadrinhos levada ao
cinema. Divergências entre heróis, sempre foi comum nas HQs. Como a reunião de
personagens diferentes da mesma editora em uma única publicação sempre resultou em confrontos inflamados nem sempre justificáveis.
Trata-se
de um filme cuja realização técnica é irretocável. A direção de fotografia de Seamus McGarvey ressalta a o brilho e as cores que fazem lembrança ao formato dos quadrinhos. Os efeitos visuais estão bem
acabados e sempre tem sua aparição em momentos cruciais da trama, deixando
claro o brilhantismo da produção. Os efeitos visuais são ferramentas para se
obter o resultado, e não o objetivo do trabalho. O destaque fica por conta do
elenco, que puxa para si as atenções do espectador, independente se estão
verdes ou voando. A importância inegavelmente existe, justamente por se tratar
de um filme de heróis, mas o roteiro proporciona bons momentos com apenas
diálogos e imagens legais de nossos heróis. A trilha sonora de Alan Silvestri também
funciona redonda, apesar do pouco tino comercial que marca a cinessérie do
Homem de Ferro com AC/DC e Black Sabbath. Um excelente filme para
ser conferido em 3D, apesar de perder força desse recurso na telinha.
E Robert
Downey Jr. interpretando o Homem de Ferro,
somente nos fez salivar pelo lançamento do terceiro filme, que se mostrou
otimista por parte da Marvel Studios
em aumentar seu orçamento na expectativa de realizar mais um grande marco de
bilheteria através do sucesso alcançado pelo filme dos Vingadores. Logicamente trata-se de entretenimento criado para
proporcionar lucro, onde poucos longas do genero conseguem transcender os
limites das possibilidades como a franquia do Homem Morcego realizada por
Chrstopher Nolan. E se há alguém a agradecer pelo fantástico filme que “Os Vingadores” se tornou afinal, sem
dúvida nenhuma todos os aplausos devem ser direcionados a Robert Downey Jr. por
seu carisma e sua transposição perfeita do herdeiro das Industrias Stark. Nada mais justo que os trailers pré-exibição
fossem monopolizados pela presença dele. Outras sequências dos personagens vêm
por aí, e certamente dos Vingadores virá também no seu tempo. Resta-nos aguardar por mais um ano de transposições cinematográficas de
sucesso como tivemos em 2012.
Avante
Vingadores!
Nota: 9/10
Confesso que ainda não assisti, nem "Os Vingadores", nem os filmes individuais de cada herói, que o antecedeu. A verdade é que o universo Marvel ainda desperta pouca curiosidade em mim... Contudo pretendo vê-los, mas sem pressa...
ResponderExcluirGosto não se discute Bruno. Particularmente sou fã de cultura pop, e essa materialização desse universo na película é um sonho realizado. Apesar dos inúmeros escorregões que esse gênero tem tido, fico feliz a cada acerto.
ResponderExcluirabraço e obrigado pela visita!