Distante do status que o subgênero de filmes baseados em personagens de quadrinhos tem na atualidade, com produções milionárias, com astros do cinema como protagonistas, grandes diretores em tramas de proporções fantásticas que rendem críticas e bilheterias mais do que positivas, como também tem agradado os mais variados públicos da sétima arte, “O Sombra” (The Shadow, 1994) surgiu nos meados da década de 90 em meio a um pequeno grupo de pioneiros nesse gênero (outro seria “O Fantasma”, de 1996; dirigido por Simon Wincer), onde todos tentavam pegar carona no sucesso do Homem-Morcego materializado por Tim Burton (inclusive The Shadow e Batman possuem vários aspectos em comum). Baseado em um personagem pouco conhecido das grandes franquias do momento e de um passado recente, O Sombra foi criado por Walter B. Gibson na década de 30, no qual sua transposição para o cinema teve a direção de Russel Mulcahy (responsável pelo “Highlander – O Guerreiro Imortal”, de 1987) e o roteiro de David Koepp. De orçamento modesto e cara de cinema B, esse personagem como o próprio longa-metragem é uma relíquia ligeiramente competente desse subgênero. Em sua trama acompanhamos o milionário Lamont Cranston (Alec Baldwin) nos anos 30. Visto como um ditador cruel em alguma região remota do Oriente, Lamont é convertido em um bondoso homem e retorna a cidade de Nova York onde aplica seus conhecimentos e poderes ocultos adquiridos em sua peregrinação em benefício da humanidade ao se transformar em um misterioso vigilante cujo único objetivo é levar justiça a todos os malfeitores da cidade.
Sempre encarei essa produção, “O Sombra” como um primo distante e pobre de Batman, pouco conhecido, mas ao mesmo tempo inspirador que surgiu precocemente num mercado que ainda tinha muito que aprender. Entretanto, ainda com todos os obstáculos a serem superados que vão dos desafios técnicos de uma criação fiel do personagem e seu ambiente, ao preconceito do espectador com um filme baseado em um personagem de uma revista em quadrinhos de algumas décadas atrás, esse filme consegue apresentar um nível agradável de entretenimento mesmo sem grandes recursos e desprovido de atrativos. Na verdade, ele até possui um charme todo particular: com uma reconstituição de época fascinante seja nos contornos ou nas cores, boas atuações com destaque para o veterano Alec Baldwin, efeitos visuais funcionais e um vilão e uma ameaça aterradora bem encaixada na trama e sensata ao enredo respeitando a época em que se passa, Russel Mulcahy entrega um filme até respeitável em comparação a outros desastres que compõe sua filmografia. O problema é que o personagem por si só não possui a força necessária para virar uma figura cult entre apreciadores de personagens em quadrinhos. Em resumo, “O Sombra” é um filme de aventura e fantasia até bem feito, mas que não tem o carisma necessário para ser memorável e angariar novos fãs para o material de origem. Mas se não é memorável, ainda assim trata-se de uma obra digna de louvor se comparado a alguns filmes mais contemporâneos providos de recursos e experiência de seus realizadores.
Nota: 7/10
Lembro vagamente deste filme... mas vc deu nota boa!
ResponderExcluirEstá longe de estar a altura de transposições dos filmes da Marvel ou da DC, mas é interessante de um jeito particular. Discreto, elegante e sem grandes fantasias. Vale conferir por curiosidade se você gosta do gênero.
Excluirabraço
De acordo com o wikipedia inglês, Sam Raimi, tinha intenção de dirigir um filme sobre esse personagem ou o batman, mas não conseguiu os direitos autorais, então criou um próprio chamado Darkman.
ResponderExcluirhttps://en.wikipedia.org/wiki/Darkman
Essa eu não sabia. E particularmente acho que teria ficado bom também, sendo que Darkman também tem o seu charme todo especial. Curiosidade interessante. Valeu
Excluirabraço
O filme é ruim, longe de ser nota 7.
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