O jovem nova-iorquino Jon Martello (Joseph Gordon-Levitt) é categórico com suas prioridades de vida: seu confortável apartamento, seu potente carro, sua endiabrada família, seu cuidado com o corpo, os amigos, as mulheres, além é claro, da pornografia são as coisas que mais importam para ele. Estranho, já que seus amigos o chamam de Don por causa de sua capacidade de enfileirar mulheres na cama sem esforço. No entanto, curiosamente a pornografia tem tido um valor de transcendência superior aos seus relacionamentos pessoais devido ao acúmulo de frustrações sexuais a cada nova aventura. Após inúmeras relações, Don percebeu que a vida como ela é não se assemelha em nada com os filmes e vídeos pornográficos que diariamente tem sido um vício incontrolável, o que gerou consequentemente um desapego com os relacionamentos pessoais legítimos. Mas quando ele acaba conhecendo Barbara (Scarlett Johansson), um aparente furacão que se revela uma conservadora mulher na vida real, é na figura de Esther (Julianne Moore) uma mulher mais velha com uma trágica história de vida que acaba mostrando para Jon uma nova perspectiva sobre a vida e seu futuro. “Como Não Perder Essa Mulher” (Don Jon, 2013) é uma sólida comedia romântica estrelada, escrita e dirigida por Joseph Gordon-Levitt. Considerando que inúmeros astros de cinema se aventuram a dirigir um trabalho próprio, onde a maioria acaba resultando em filmes desinteressantes ou até mesmo em completos fracassos, pode se dizer que o filme de estreia de Joseph Gordon-Levitt não poderia ter se saído melhor dentro do gênero ao qual se categoriza. Com uma ótima recepção da crítica e um faturamento considerável diante do custo da produção, esse inexperiente realizador se mostra uma promessa para o futuro.
Sendo que “Como Não Perder Essa Mulher” está para o público masculino como “Sintonia do Amor”, uma comédia romântica estrelada por Meg Ryan e dirigida por Nora Ephron está para o público feminino, essa aventura de seu realizador confere um novo e bem-vindo gás ao gênero. E somente por isso já vale uma conferida, por seu olhar sobre o sexo pela perspectiva masculina. E essa mistura que lança um olhar sobre o sexo, o amor e a pornografia de modo interessante, gera bons momentos de humor (as confissões religiosas do protagonista são hilárias) e muitos outros de reflexão. A perspectiva do enredo onde que todos os homens têm prontamente a pornografia nas mãos todos os dias pelos mais diversos canais de informação, e trata isso como algo vergonhoso e constrangedor aos olhos da sociedade, ao invés de simplesmente tomar esse fato como algo embutido da vida contemporânea, mostra que essa produção não tem em seu conjunto apenas qualidades em sua aparência (conferidas por um elenco afinado e uma direção segura), mas uma essência que a diferencia de noventa por cento de produções do gênero. Desmistifica o amor idealizado pelo cinema feito sob medida para inspirar corações solitários, e trata o sexo de modo sensato, como um fenômeno natural da vida perfeitamente alcançável e não como uma viagem de transcendência quase impossível de ser atingida por meros mortais. Ao final das contas, “Como Não Perder Essa Mulher” tem o equilíbrio de um produto que mescla bem entretenimento com o raro cinema de emoções. Embora não se proponha a conferir soluções explícitas para as divergências do amor em meio aos conturbados relacionamentos pessoais dos dias de hoje, mesmo que dê boas dicas para isso, como também não irá gerar fórmula para outros exemplares como ele, vale conferir seu desenvolvimento livre de preconceitos. O descarte de um final tipicamente “feliz” e meloso pode torna-lo um pouco incompreendido por uma gama expressiva de espectadores, como não permite que esse longa-metragem seja uma experiência cinematográfica menos interessante por isso.
Nota: 7,5/10
Cara, ainda não consegui entender como um ator tão ruim (na minha opinião), consegue fazer filmes tão bons. Sério!
ResponderExcluirParticularmente gosto de suas interpretações, mesmo ele estando longe de ser um dos meus atores preferidos das safras mais recentes de Hollywood. Atores como Ben Foster me chamaram mais atenção por suas interpretações do que propriamente por seus filmes.
Excluirabraço