Se houve um dia em que eu saí do cinema com sensação de ter acabado de ver um pedaço da história da sétima arte, foi certamente ao término da sessão de “Matrix” (The Matrix, 1999). Através de uma narrativa conceitual inédita para a época, que abordava temas clássicos de forma bastante original, os cineastas Larry e Andy Wachowski mesclaram perfeitamente vários gêneros diferentes em um único longa-metragem com originalidade. Elementos como Kung-fu, ficção cientifica, realidade virtual, filosofia, ação, efeitos visuais inovadores (hoje, completamente exauridos pelas inúmeras reproduções ocorridas em outras produções) além de um romance convincente antenado com a era digital, fizeram dessa produção um marco do cinema ligado a Cultura POP. Através de uma estética de HQs e filmes de ação made in Hong Kong, a direção como também o roteiro dos irmãos, transpõe um universo repleto de possibilidades que foram perfeitamente bem aproveitadas. Em sua história acompanhamos um mundo gerado por computador, que mantem a humanidade sob as rédeas que beiram uma escravidão, o hacker Neo (Keanu Reeves), sente a presença de algo incomum na realidade como conhece. E nesse momento, ele é resgatado por Morpheus (Laurence Fishburne), que revela uma verdade que irá mudar o mundo como ele conhecia.
Através de um roteiro bem amarrado, elegantemente cerebral sem ser chato, repleto de referências à cultura pop e sutis homenagens ao cinema convencional, essa produção de ficção cientifica bem conduzida também presenteia o espectador com impressionantes sequências de ação nunca antes vistas num só filme (cenas do Neo desviando de balas, tiroteios em câmera lenta, um helicóptero se chocando contra um prédio numa explosão fantástica, duelos de tirar o fôlego, e muito mais). Mas além do mérito de ter sido um filme vanguarda, que gerou sequências bacanas por sinal (Matrix Reloaded em 2003 e Matrix Revolutions também de 2003), um DVD somente com extras sobre os bastidores dessa produção, além de um DVD que intitulado “Animatrix”, composto por nove curtas de animação que esmiuçavam o universo de “Matrix” também inspirou a criação de outros produtos multimídia baseados nas histórias criadas pelos irmãos Wachowski, como livros, quadrinhos, jogos, que invadiram o lar de uma geração inteira através da internet. Lançando um herói que desprovido de uniformes extravagantes como dos quadrinhos, mas antenado nos interesses do mesmo público que tanto idolatra o formato, os cineastas criaram um fenômeno comercial que será constantemente lembrado no futuro. Com um elenco de heróis inspirado, num confronto épico com um vilão sensacional imortalizado pela atuação de Hugo Weaving, a história criada transcende os limites das possibilidades, pelo fato de que, mesmo após anos depois de seu lançamento, ainda tem sido referência certa para a elaboração de outros filmes que indiretamente adotam algumas soluções visuais e sua estética como inspiração ou homenagem.
Por fim, é difícil escrever algo a respeito de “Matrix”, que ainda não tenha sido dito, escrito ou contado por alguém. Sempre julgo a importância de um filme, pelo número de títulos que visivelmente são inspirados em uma obra específica. Por isso, mesmo depois de anos, ainda fico surpreso quando vejo cenas com o efeito bullet time sendo aplicado em sequências de ação de filmes atuais. Porém é inegável, que nada supera o conjunto criado pelos irmãos Wachowski, mesmo depois de todos esses anos. Lamentavelmente, a genialidade dessa produção inclusive tem sido um grande obstáculo para os próprios realizadores, que mesmo após anos (ainda que tenham realizados filmes bacanas, mas que nunca conseguiram resultados positivos de crítica e público na mesma proporção) não criaram um substituto a que desbancasse sua superioridade.
Nota: 10/10
Trailer do Filme: Matrix
Trailer do DVD Animatrix
Uma das formas de entender a importância de um filme e ver quantas outros trabalhos copiaram as mesmas ideias.
ResponderExcluirMatrix assim como Pulp Fiction, são dois longas que deram nova vida ao cinema e que foram copiadas a exaustão.
Abraço
Bem lembrado! Pulp Fiction também é um bom exemplo disso...
Excluirabraço
Esse filme revolucionou a maneira de fazer filme. O primeiro foi realmente muito bom, mas achei pisada na bola o segundo e o terceiro. Desnecessário, estragou a história.
ResponderExcluirAbraço
Particularmente gosto das sequências. Vejo como mérito ver que cada filme tem as suas particularidades. Enquanto o primeiro transborda originalidade, o segundo é mais voltado para a ação interrupta. O terceiro é uma incógnita: talvez seja o uso de efeitos visuais. Depende do ponto de vista de cada um...
Excluirabraço