terça-feira, 6 de agosto de 2013

Crítica: A Hospedeira | Um Filme de Andrew Niccol (2013)


Todos os males que afligiam a humanidade acabaram-se: fome, guerra, degradação ambiental, entre outros problemas que limitariam o futuro do planeta.  Mas a solução não veio por meio de uma raça humana mais consciente, e sim, foi conquistada por uma raça alienígena parasita que ocupou os corpos das pessoas do mundo inteiro chamada Almas. Esses seres simplesmente tomavam a completa autonomia do corpo humano o reduzindo a um mero recipiente físico para uma forma. Mas às margens dessa maciça invasão ainda há alguns alguns poucos seres humanos que fazem parte de uma resistência, e que mesmo depois de anos, ainda não foram dominados. E um desses foragidos é a jovem Melanie Stryder (Saoirse Ronan), que luta pela sobrevivência, dela e de seu irmão Jamie (Chandler Canterbury). Sua dedicação é tanta, que inclusive se sacrificou para salvá-lo. Melaine é dominada por uma alma chamada Peregrina que procura investigar sua lembranças com a intenção de buscar pistas sobre o paradeiro de outros membros da resistência. Mas a consciência de Melanie está viva e forte dentro do corpo e em constante conflito com a Peregrina. Aos poucos essa estranha coexistência resulta em uma fascinante cumplicidade, quando ao vislumbrar suas memórias, passa a ajudar sua hospedeira contra uma Buscadora (Diane Kruger) responsável pela captura de todos os seres humanos. "A Hospedeira" (The Host, 2013) é uma mistura de romance juvenil com aventura de ficção científica. Nessa mistura, tanto um quanto o outro não se mostraram verdadeiramente interessantes ou bem aproveitados. Baseado no livro da autora da Saga Crepúsculo, Stephenie Meyer, esse longa foi adaptado e dirigido por Andrew Niccol (Senhor das Armas, 2005) o qual tem um grande apreço pelo gênero da sci-fi, e que dessa vez, não conseguiu dar um toque de brilhantismo a essa produção como fez em "Gattaca" ou "O Preço do Amanhã" (o primeiro pela estética e o segundo pelo bom aproveitamento da premissa), ao mesclar suas experiências como cineasta.


O problema mais gritante dessa produção talvez resida no roteiro, onde que Andrew Niccol não conseguiu uma adaptação convincente. Levando para a tela um resultado ligeiramente clichê e esburacado, onde não conseguiu destilar da fonte um material carismático que conseguisse despertar fascínio no espectador, o filme perde pontos preciosos diante um público sedento por uma trama de romance soft com boas cenas de ação elaborada. Em teoria parece fácil, contudo outro produto similar (considerando que é focado no público juvenil) lançado na mesma época, "Dezesseis Luas, 2013" decepcionou nas bilheterias por não atender as expectativas de fãs. A história é a glória ou a desgraça de um longa desse gênero. Perguntas: "como?" e "quando?" desde o princípio foram completamente ignoradas na trama, substituídas pelo "por quê?" minuciosamente explicado, justificado e entendido, embora de impacto pouco contundente (os eventos da invasão são resumidos numa breve introdução) e sem imagens que realçassem esse acontecimento. O romance apesar de abusar de cenas de grande lirismo, essas mesmas não transcorrem com a devida funcionalidade, perdendo-se o efeito climático necessário. As paixões existem, mas não inspiram ninguém. E apesar de todas as motivações da liderança alienígena bem expressas, não há vilões realmente odiosos, mas ideais deturbados por confusos objetivos. O elenco funciona na medida do possível, já que a história em si tem suas falhas. A atriz Saoirse Ronan (Hanna) já demonstrou em outros trabalhos um desempenho de atuação bem superior ao apresentado nessa produção, como o restante do elenco não deram a devida emoção. O diretor Andrew Niccol também já envolveu-se em trabalhos bem mais fascinantes, embora a trilha sonora de Antonio Pinto continua sempre um espetáculo, tanto na escolha das canções, quanto no uso do instrumental. "A Hospedeira" funciona como entretenimento de distração, divertido até certo ponto e sem muitas pretensões. 

Nota: 6,5/10

2 comentários:

  1. Pensava que o filme fosse mais interessante. Até é interessante o roteiro, mas a história é muito parada e acaba por cansar o filme.
    Abraços!

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    1. Principalmente quando ela vai para a caverna. Parece que dali em diante dá uma desandada na trama que não tem mais volta. O filme em si, causa uma sensação que poderia ser melhor... isso o que mais me chateia.

      abraço Silvia

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