sexta-feira, 3 de maio de 2013

Crítica: Demônio | Um Filme de John Erick Dowdle (2010)


Sabe aquele filme que você pega na locadora somente por falta de opção? Com aquele peso perturbador de estar levando uma bomba para casa? Minha sugestão será: pegue o “Demônio” (Devil, 2010)  o primeiro filme da produtora Night Chronicles. E se você embarcar nessa sinistra viagem, você pode até se surpreender com o desenrolar da trama. E isso não é comercial de loja de eletrodomésticos fazendo promoção de ponta de estoque. Provavelmente você já não dera atenção a ele, e não o culpo, justamente pelo descrédito em que tombara seu idealizador M. Night Shyamalan por seus mais recentes trabalhos. Chegam a ser constrangedores se comparados a filmes como o fascinante “O Sexto Sentido” (1999) e o envolvente “Sinais” (2002). Por isso, por mais que lhe aconselhem seguirem o caminho de Deus, o “Demônio” (o filme) pode ser uma boa alternativa de entretenimento escapista interessante. Assim, através de outros realizadores, tendo na direção o diretor John Erick Dowdle (Quarentena) e Brian Nelson (Menina má.com) no roteiro, eles passam a contar a história de cinco pessoas que inusitadamente ficam enclausuradas dentro de um elevador que de repente para de funcionar, e onde aos poucos os integrantes passam a ser assassinados violentamente um a um. A cada blackout, uma morte, que cria um mistério de quem pode ser o verdadeiro assassino dentre os confinados.


Com um elenco pouco conhecido, os destaques ficam com Chris Messina, Logan Marshall-Green, Jenny O´Hara, Bojana Novakovic, Bokeem Woodbine, Geoffrey Arend, Matt Craven e Jacob Vargas, o elenco cumpre a cartilha sem surpresas de interpretação. Apesar do grande mérito de “Demônio” estar na premissa e de como ela cresce ao decorrer do filme, com pouca oportunidade para estrelismo do elenco, a esperada revelação física do personagem título é o grande momento dessa produção. Ambientado em uma Filadélfia apresentada de cabeça para baixo, com uma possível sugestão da inversão do bem e do mal, logo no início já presumidamente se afirma a presença demoníaca de entidade no interior do elevador de um luxuoso prédio no qual toda a ação se desenrola. Com uma narrativa que alterna o foco das cenas no momento exato como todo bom suspense precisa, essa produção cujo título sugira um terror macabro com abundantes derramamentos de sangue, se mantém atenuada visualmente. A trama se concentra no suspense em volta de seus personagens, e do porque eles estão passando por essa situação. Existe uma tensão no lado de dentro, onde as pessoas querem sair, ao mesmo tempo uma tensa iniciativa dos funcionários e autoridades de abrir o elevador antes que seja tarde. Todos tem uma história explicativa que sugere do por que de estarem onde estão deixando crer que nada é fruto do acaso. Uma solução maniqueísta e funcional. E com esse recurso de unir as pontas soltas dos personagens ao mesmo tempo em que eles são eliminados do tabuleiro da vida, cria-se a maior qualidade do filme demonstrando várias reviravoltas até chegar ao clímax final, mais do que esperado em um filme de M. Night Shyamalan – mesmo que desta vez, indiretamente.


Certamente que o roteiro poderia e deveria ter sido mais profundo, com uns diálogos melhor elaborados, ao mesmo tempo mais abrangente quanto a certos temas paralelos sutilmente presentes na história, que renderiam um pouco de debate entre o elenco e um melhor aproveitamento do elemento humano. Deveriam ter aproveitado melhor os atores, sem exceção, onde não se encontra muito destaque pelas restrições lógicas da trama. Como inclusive a parte técnica, como a trilha sonora e os efeitos sonoros que não contribuem muito positivamente na tensão primordial do suspense. A irritante música do elevador teria sido uma ideia bem engenhosa se melhor utilizada. Contudo, o diretor conseguiu como primeiro trabalho da produtora, enfim desenvolver um resultado bem interessante com as possibilidades da premissa e os recursos disponíveis que até agradam sem ofender ninguém. Sua pretensão de fazer um filme diferente - que graças a Deus não tentou copiar o fenômeno cinematográfico “Atividade Paranormal - vale um voto de confiança, e acima de tudo, ressuscita na memória o talento de M. Night Shyamalan em criar histórias de suspense ligeiramente diferentes do habitual.

Nota: 7/10
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