quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Crítica: O Convite | Um Filme de Karyn Susama (2015)


Convidado para um jantar na sua antiga casa, o casal, Will (Logan Marshall-Green) e Kira (Emayatzy Corinealdi) entre outros antigos amigos, o pequeno grupo atende ao convite da ex-esposa de Will, Éden (Tammy Blanchard), que após dois anos vivendo no México sob a condução de um desconhecido culto religioso, ela retorna com seu novo e misterioso companheiro, David (Michiel Huisman). A realização do jantar tem como intenção, o de reunir os velhos amigos e apresentar novas pessoas ao grupo. Porém dois anos antes uma insuportável tragédia separou Will de Éden, e embora parecesse que tudo havia sido superado pelo tempo, essa descompromissada reunião noturna abre feridas do passado e ganha contornos sombrios em meio a toda hospitalidade do casal de anfitriões. Mesmo que todos os convidados ignorem que algo estranho se passa na casa, Will suspeita que seus anfitriões tenham um plano assustador por trás de toda a bondade aparente para com os seus convidados. “O Convite” (The Invitation, 2015) é drama de suspense e horror escrito por Phil Hay e Matt Manfredi, a qual a produção tem a direção da nova-iorquina Karyn Susama. Tenso, sombrio e realista, a diretora entrega um filme formidável como poucos se comparado com as inúmeras obras que são lançadas ultimamente nesse gênero.

Quando Will atropela com o carro um cervo que atravessa a estrada a caminho do jantar, e num ato de misericórdia sacrifica o animal com uma ferramenta do automóvel, essa pesada cena já dá a entender o que vem pela frente em “O Convite”. Todo material é sombreado por uma sensação de aflição e estranhamento impressa em sua narrativa. O tom sombrio impera por todo o material gerando uma atmosfera de tensão quase paupável. Mesmo sem ter grandes nomes no elenco principal, o desempenho de Logan Marshall-Green, que em muito lembra em sua aparência e performance a figura do ator Tom Hardy, o pouco conhecido ator materializa e divide com o espectador todas as angustias presentes na casa. Pelo olhar de seu personagem, o ar delicado da normalidade é sempre alterado por suas desconfianças, pela situação delicada de seus traumas que beiram a paranoia ou pela sua inquietude diante das estranhas circunstâncias em que se encontra. Embora o filme tenha uma competente entrega de papeis feita por todo o elenco, o grande destaque se encontra mesmo no desempenho e pressentimentos do personagem de Logan Marshall-Green. O roteiro eficiente, com os dois pés firmados no realismo, serve uma proposta de mistério recheada de lógica intensificada pelas atuações convincentes e funcionais do elenco.

Responsável por filmes como “Boa de Briga” (2000), “Aeon Flux” (2005) e “Garota Infernal” (2009), a diretora demonstra um salto de amadurecimento admirável em “O Convite”. Obviamente proporcionado pelo material que detêm em suas linhas, para a felicidade do espectador, todas as características de um bom suspense psicológico que passa longe de clichês batidos e soluções fáceis. As tensões na tela acendem gradativamente, onde conforme o espectador acompanha atento aos desdobramentos do enredo, quando a atmosfera claustrofóbica cresce vertiginosamente até alcançar uma explosão mais do que esperada a todos que embarcaram nas desconfianças do protagonista. Além do produto competente que se mostra por um variado conjunto de acertos, de certo modo também se trata de uma crítica ao poder e influência nociva que alguns cultos religiosos têm sobre seus discípulos.

Nota:  8/10


2 comentários:

  1. Mais um que está na minha lista.

    Abraço

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    1. Como disse em minha resenha, trata-se de um filme muito interessante. Imperdível.

      abraço

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