terça-feira, 16 de agosto de 2016

Crítica: Esquadrão Suicida | Um Filme de David Ayer (2016)


A morte do Superman trouxe a vida uma grave necessidade. A ausência de uma força heroica que pudesse intervir aos mesmos interesses que o homem de aço atendeu durante um momento drástico da sobrevivência da humanidade. Assim o governo dos Estados Unidos toma uma atitude tanto inesperada quanto improvável: criar uma força tarefa excepcional composta com os piores criminosos do mundo para agir de acordo com os interesses do governo. E o teste de funcionalidade dessa ideia veio quando uma perigosa e misteriosa entidade do passado surge para destruir a humanidade, entram em cena esses estranhos heróis que não tem nada a perder para salvar o mundo. Mas ao mesmo tempo, isso levanta uma imprescindível questão: o quanto eles estão realmente interessados em salvar o mundo ao lado da lei e da ordem? “Esquadrão Suicida” (Suicide Squad, 2016) é uma aventura de fantasia estadunidense baseada no eclético grupo de anti-heróis homônimo da DC Comics que é adaptada para o cinema por David Ayer. Adaptação essa marcada de uma série de irregularidades, essa segunda maior aposta da DC para o ano de 2016 se mostra uma produção rasa, que desperdiça a irreverência dos seus personagens e deixa os inúmeros buracos da trama e a montagem delirante em contraste com uma campanha de marketing bem bolada.

Existe um sentimento de desapontamento latente em “Esquadrão Suicida”. E isso é quase unanime. Embora não seja tão ruim quanto à crítica especializada tem o rotulado nos meios de comunicação (como o maior desastre desse ano), ainda assim está bastante inferior ao que se esperava. Após vários burburinhos de bastidores envolvendo Jared Leto (que interpretou a nova cara do Coringa) e alguns trailers espetaculares, era de se esperar um melhor acertamento no desenvolvimento da trama e personagens. O filme causava a ligeira impressão de ser a combinação equilibrada de uma série de boas sacadas que foram adotadas em outros filmes da rival Marvel no passado. Tudo indicava que esse projeto seria a opção de entretenimento mais bem sucedida desse ano para fãs do gênero ou não. Mas infelizmente para o grande público, fã ou não dos personagens, não foi bem assim que aconteceu. Se “Batman vs Superman – A Origem da Justiça” (2016) dividiu opiniões, ainda que se mostrasse infinitamente superior ao filme do “Homem de Aço” (2013), o trabalho de David Ayer deixa a desejar em vários aspectos. Para começar pelo roteiro confuso, caótico, que banaliza ações e não empolga. Desprovido de objetividade, o roteiro aproveita pouco da potencialidade dos personagens e os lança numa bagunça de enredo que obviamente não detinha um foco preciso. O que consequentemente dificulta o trabalho do elenco, que tirando a presença de o Pistoleiro (interpretado por Will Smith) e Arlequina (interpretada por Margot Robbie), os demais não passam de meras excentricidades de conveniência. No final das contas, a exploração de personagens não é realmente satisfatória e por várias vezes desperdiçada. O que diga sobre o Coringa (interpretado por Jared Leto), que se comportou de forma mais interessante nos bastidores, numa possível estratégia de composição de personagem, do que em cena.

A trilha sonora de “Esquadrão Suicida” é brilhantemente escolhida, com várias canções empolgantes, mas que não se mesclam ao enredo com a devida funcionalidade é uma incógnita. A sonoridade é fantástica, mas excessiva a certa altura. O filme está repleto de efeitos visuais de grande vislumbre (algo em seu desfecho me fez lembrar o primeiro “Caça Fantasmas), embora o artificio não compense de modo algum as outras deficiências narrativas encontradas tanto na trama quanto na condução da ação realizada por David Ayer que não leva o espectador a um desfecho interessante. As boas sacadas de humor foram praticamente todas utilizadas nos trailers, não restando muitas outras surpresas para o filme em si. Na verdade, o melhor dessa produção se encontra realmente nos trailers. Quase tudo está lá, inclusive à expectativa dos espectadores que esperavam ver uma produção memorável.

Nota:  6/10

5 comentários:

  1. "desapontamento latente"... Bem... eu mesmo achei uma grande, ó, bosta.
    Abraços e espero que não deixe o blogue morrer.

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    1. Sim o filme está bem abaixo do esperado. Uma decepção infelizmente. Obrigado pela consideração quanto ao blog Kleiton.

      abraço

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