Autor de obras literárias como Justine e 120 Dias de Sodoma, Donatien Alphonse François, o Marquês de Sade (Geoffrey Rush), nascido em 1970 e morto em dezembro de 1814 estudou em um internato jesuíta e obteve uma carreira gloriosa no exército francês. Mas sua derradeira fama veio posteriormente de suas publicações cujo conteúdo sexual pornográfico desestabilizou a moralidade da sociedade conservadora francesa. Seus escritos que tornavam o ato sexual algo profano e carregado de perversão que transformava sua figura na realeza um incômodo. Dado como louco por Napoleão Bonaparte, Sade é trancafiado no sanatório de Charenton por seu comportamento libertino e para impedir que ele publique suas novelas. Aprisionado no sanatório sob a coordenação do padre e diretor Abbé Coulmer (Joaquim Phoenix) com a finalidade de aquieta-lo, Sade abusa da hospitalidade do padre ao continuar contrabandeando suas histórias para fora das limitações de Charenton através de uma serviçal, Madeleine (Kate Winslet) uma jovem que balança entre as curiosidades em volta da sexualidade e a repressão educacional de seu tempo. Quando observado que as medidas adotadas de encarcera-lo não vinham dando resultados, Napoleão delega a tarefa de silenciar o intransigente escritor ao alienista Royer Collard (Michael Caine), um homem de métodos severos e uma visão conservadora que andava de mãos dadas com as expectativas da sociedade. Mas o que era visto como a cura, somente veio a instigar ainda mais seu desejo por escrever. “Os Contos Proibidos do Marquês de Sade” (Quills, 2000) é um filme produzido em associação entre Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, dirigido por Phillip Kaufman e escrito por Doug Wright, adaptado de sua própria peça teatral. Tentando resumir os últimos anos da vida do controverso Marquês de Sade, Kaufman entrega um drama marcado por leveza e com excelentes atuações.
“Os Contos Proibidos do Marquês de Sade” é um relato cinematográfico suave e acessível de uma figura histórica de uma reputação brutal e egoísta que não se resguardava de excessos. Simplesmente não havia qualquer coisa que lhe impedisse de ser violento quando bem entendesse. Talvez esse aspecto contido da transposição de Philip Kaufman (A Insustentável Leveza do Ser e Henry & June) seja seu único defeito. Embora esse longa-metragem ganhe pontos pelas atuações, não somente de Geoffrey Rush que monopoliza grande parte do espetáculo com sua interpretação inspiradora do personagem histórico, como dos demais membros do elenco principal que entregam personagens fascinantes tão deslumbrados por Sade quanto o próprio espectador. Enquanto Rush confere uma personalidade cômica a Sade que casa bem com a proposta de Kaufman (uma visão mais comercial para o personagem), os demais atores interpretam com muita seriedade seus respectivos papéis. Cria de forma espontânea um equilíbrio agradável no desenvolvimento da trama. Além do mais, os aspectos técnicos (a direção de arte de Martin Childs e a direção de figurino de Jacqueline West) mostra um nível de competência e comprometido com uma recriação histórica acentuada. Mesmo não sendo a melhor retratação cinematográfica do escritor (cujo nome gerou o termo médico Sadismo, que define o prazer sexual obtido da dor física ou psicológica do parceiro ou parceiros), o filme agrada com facilidade. Por fim, “Os Contos Proibidos do Marquês de Sade” trabalha o tom melancólico da época com habilidade e competência, usa a literatura do escritor como uma metáfora gritante para criticar a miopia da censura e apresenta um elenco afinadíssimo onde a química entre Geoffrey Rush e Kate Winslet (repleta de insinuações provocantes) mexe com o imaginário do espectador sem causar dor.
Nota: 7/10
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A dupla de protagonistas tem grande atuação, principalmente o desbocado Geoffrey Rush.
ResponderExcluirAbraço
Geoffrey Rush tem essa particularidade de ser sempre grandioso em tela independente do papel. Ele sempre consegue conferir um toque magistral aos seus personagens. Gosto do trabalho dele também...
Excluirabraço