sábado, 12 de abril de 2014

Crítica: 47 Ronins | Um Filme de Carl Rinsch (2013)


Quando Lord Asano (Min Tanaka) recebe o grande Shogun Tsunayoshi (Cary-Hiroyuki Tagawa) em seu vilarejo para um tradicional evento comemorativo, Kira (Tadanobu Asano) Senhor do vilarejo rival que junto com sua concubina e feiticeira (Rinko Kikuchi) tramam um plano que provoca a desonra de Lord Asano e consequentemente o seppuku (ritual de suicídio). Com o vilarejo órfão de um mestre, o Shogun estabelece que a filha de Asano, Mika (Ko Shibasaki) deva se casar num prazo de um ano com Kira para que a paz reine entre os reinos. Mas com todos os samurais banidos do vilarejo e a certeza da culpa de Kira, o samurai-chefe de Lord Asano, Oishi (Hiroyuki Sanada), agora um ronin passa a recrutar seus antigos subordinados junto com um servo mestiço chamado Kai (Keanu Reeves), para iniciar seu plano de vingança antes que a filha de Lorde Asano se case com Kira. “47 Ronins” (47 Ronin, 2013) é uma adaptação hollywoodiana dirigida pelo estreante publicitário Carl Rinsch (pupilo de Ridley Scott) e escrita por Hossein Amini e Chris Morgan. Baseado numa das mais importantes lendas japonesas passadas no período do Japão Feudal no século 18, o filme é desenvolvido nos moldes de um blockbuster. Contudo, Rinsch falha em transpor para o cinema a sua visão do épico conto em que os espectadores acompanham as causas e consequências da ação de um grupo de 47 ronins (samurais sem mestre) que partem em busca de vingança pela morte de seu mestre. Fracasso de bilheteria e detonado pela crítica especializada, “47 Ronins” se mostra um filme perturbadoramente indeciso (explico isso mais abaixo), ainda que visualmente bem cuidado e narrativamente corajoso. 

Embora Rinsch exiba uma dinamica criativa em relação ao visual herdada de sua experiência em comerciais que flertavam com a sci-fi, sua estreia no comando de um longa épico não foi das mais felizes. Claramente Rinsch teve uma preocupação que priorizava os aspectos visuais de seu trabalho, deixando o desenvolvimento de sua trama em segundo plano. O cartaz de divulgação deste post evidencia isso. O sinistro personagem do cartaz acima foi prestigiado com um pôster individual tendo apenas cerca de 5 a 10 segundos de presença de tela. Sem nenhuma relevância a trama ou uma passagem realmente inspirada, a adoção de sua instigante figura é meramente decorativa (um conveniente apelo a curiosidade do espectador). Essa preocupação excessiva com esse aspecto, o visual, além do fato de seu realizador não estabelecer fluência em sua narrativa que mescla fantasia extraordinária com autenticidade histórica levam essa produção a ruína. Sem mencionar na falta de clareza em saber quem é o protagonista: Keanu Reeves ou Hiroyuki Sanada? É certo que o espectador foi conferir a performance do primeiro, mas a determinação que move essa produção parte de do segundo. O design de produção e a cenografia bem cuidada conferem uma materialização impecável do período. Porém, a inserção de efeitos em CGI (como a rápida caçada da besta entre outras passagens marcadas de artificialidade) despertam no espectador um sentimento de estranheza. O problema não seria necessariamente a existência desses efeitos e seu propósito, mas por parecer um corpo estranho dentro do conjunto. "O Último Samurai", outro blockbuster, esse totalmente ficcional, que aborda parte da história do Japão e os costumes da cultura dos samurais de modo que desperte interesse no rumo dos acontecimentos. "47 Ronins" como drama não funciona; e como filme de ação (mesmo tendo cenas de luta bem orquestradas) não empolga. 

"47 Ronins" sente pela falta de amadurecimento de seu realizador. Entretanto, mesmo que não beneficie o resultado limitado desse lendário épico, essa produção é marcada pela coragem não só dos personagens que independente do desfecho de sua missão de vingança teriam conscientemente um destino fatal. Carl Rinsch também teve coragem em realizar um filme de difícil realização além do que sua experiencia permite. Eu sei que isso não ajuda no filme, mas particularmente julgo ser uma atitude honrada. 

Nota:  5/10  

4 comentários:

  1. Ainda não conferi e tinha esperança de ser uma obra melhor do que você comenta no texto.

    Mesmo assim ainda estou curioso.

    Abraço

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    1. Eu esperava bem mais...muito mais. Achei o resultado muito limitado.

      abraço

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  2. EU estou querendo ver esse filme há uns dias...
    Não sei porque o Keanu Reeves se mete nessas roubadas.

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    1. Eu particularmente esperava mais, mas vale a experiência já que conheço muitas pessoas que até se agradaram com esse filme. Eu por outro lado odiei!

      abraço

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