sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Crítica: O Ataque | Um Filme de Roland Emmerich (2013)


Definitivamente o cineasta Roland Emmerich tem um fraco por destruir a Casa Branca. Após ter realizado essa façanha através do longa de ficção cientifica “Independecy Day”, um sucesso de público recheado de efeitos visuais que levou multidões aos cinemas em 1995, o cineasta volta a derrubar paredes e explodir tudo que se mexe nos arredores da Casa Branca através de  “O Ataque” (White House Down, 2013), um filme de ação estadunidense cuja a existência beira ao inexplicável. Sobrecarregado de deficiências, que vão de um roteiro pobre a uma realização pouco climática, o filme não empolga e menos ainda convence o espectador de ser uma boa opção de entretenimento. Ainda assim, sendo o segundo filme de 2013 a materializar um atentado terrorista sob o teto da Casa Branca, já que Antoine Fuqua também realizou um filme de premissa similar em vários aspectos através do longa “Invasão à Casa Branca”, o trabalho de Emmerich perde consequentemente muito de seu impacto. Apesar de ser uma de suas produções mais realistas em anos de megalomaníacas destruições, esse longa perde o efeito positivo pelas inúmeras comparações que o assolam. Apresentando uma proposta quase idêntica com o trabalho de Fuqua, ambos os filmes acabam por justificar a comparação com à franquia “Duro de Matar”. Porém, tanto uma quanto a outro não detêm o carisma e a competência que marcou a icônica franquia oitentista. A trama dessa produção: em “O Ataque” acompanhamos o ex-militar e agora segurança do Capitólio, John Cale (Channing Tatum) que sempre teve o sonho de integrar a equipe do serviço secreto responsável pela segurança do presidente dos Estados Unidos da América. Sua filha é fascinada pela Casa Branca, e seria um grande orgulho para ela que o pai fosse trabalhar como segurança do presidente Sawyer (Jamie Foxx). As expectativas são enormes para que ele seja aprovado, tanto que inclusive ela vai junto com ele a entrevista de emprego. Porém quando ele é reprovado no processo seletivo, lhe resta apenas à tarefa de dar continuidade a uma viagem turística pelo interior da Casa Branca. Contudo, tanto o governo dos Estados Unidos como o próprio John é surpreendido por ataque de um grupo paramilitar armado que sequestra e mantem o presidente refém no interior da Casa Branca aterrorizando as autoridades. Mesmo com todas as forças de segurança nacional empenhadas no salvamento do presidente, resta a John fazer a diferença numa luta contra o relógio para salvar sua filha e o presidente desse inesperado ataque.

Mesmo com uma infinidade de recursos a disposição de Emmerich, o cineasta não consegue dar credibilidade a trama de conspiração e terror que fundamenta seu trabalho. E muito disso, se deve ao trabalho desconcertante do roteirista James Vanderbilt (O Espetacular Homem-Aranha), que não constrói uma história no mínimo interessante. Recheada de diálogos desnivelados, que inclusive em muitos casos soam até constrangedores e quase impossíveis de serem digeridos pelo espectador sem causar enjoo, Vanderbilt entrega um roteiro complicado. Emmerich tenta torná-lo plausível, mas devido as suas próprias limitações é quase impossível encobrir as deficiências lógicas que assolam essa produção. Personagens caricatos em situações de pressão causam sonolência ao mais ávido dos espectadores por filmes de ação. Ação essa que apesar de algumas boas sequências bem conduzidas, em geral não equilibram os aspectos negativos dessa produção. O principal deles, o dramático. Já que o humor ingênuo, as frases de efeito, a presença de um show pirotécnico de Emmerich já não funcionam como no passado. Como também, se Jamie Foxx se mostrou em outros trabalhos uma escolha acertada para papéis aos quais foi incumbido, aqui em sua versão de Barack Obama é odiosa de ver. Se Channing Tatum promete ser uma boa opção de ator para filmes de ação para o futuro, que lida bem com cenas que requerem desempenho físico e momentos de humor politicamente incorretos, não será graças a sua interpretação em “O Ataque” que irá lhe garantir novos trabalhos. Enquanto o papel de vilão se inicia sob os agressivos cuidados de um regimento de mercenários e cai certeiramente no colo de um dos mais repetitivos vilões do cinema, cuja motivação para todo terror soa demasiadamente artificial. Como há a mudança de vilão convencional para surpreender o espectador, Tatum e Foxx também acabam por dividir convenientemente o papel de herói também (o comum herói solitário passa a receber uma inusitada ajuda para salvar o dia). Uma decisão narrativa de provável rejeição até ao mais fiel compatriota.

Tentar levar a trama furada de Vanderbilt a um nível respeitável não é tarefa fácil, nem ao mais hábil dos realizadores. Mais do que um filme de ação que pouco se pode levar a sério, Emmerich apresenta um desperdício de recursos, tanto de pessoal quanto técnicos. O trabalho de Vanderbilt, que insere termos e situações estratégicas reais em situações de ataque terrorista em um enredo precário e nada envolvente, mina o trabalho de Emmerich. Se alguns filmes do cineasta detinham ausência de um fluente roteiro também, ganhavam pontos pela materialização assumida de absurdas tramas que despertavam certa curiosidade e desencadeavam algum carisma magnético que seus espetáculos visuais proporcionavam. Em “O Ataque” há contornos mais realistas aos quais não tiveram o devido delineamento. Sobretudo se apenas destruições em massa forem o suficiente para lhe causar encanto, o trabalho de Emmerich talvez seja satisfatório, como dos seus trabalhos anteriores (O Dia Depois do Amanhã, 2012). Do contrário, escolha seu oponente direto e talvez se agrade mais.

Nota: 5/10

4 comentários:

  1. Boa análise e digo mais.....seu texto me convenceu a não assistir ao filme quanto me informou que James Vanderbilt é o roteirista. Detestei, como fã de quadrinhos O Espetacular Homem-Aranha.

    Abraços

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    1. Entre mortos e feridos, fico ainda com "Invasão da Casa Branca". Mas provavelmente porque simpatizo mais com Gerard Butler do que com Channing Tatum.

      abraço

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  2. Tem cara de ser só explosões e porradaria gratuita.

    Abraços

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    1. Tem cara, corpo e alma de uma produção com violência gratuita. Lamentável até para um produto assumidamente de entretenimento descartável.

      abraço

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