Apesar desse longa se apropriar do título da obra referencial de Isaac Asimov, o filme "Eu, Robô" (I, Robot, 2004), do cineasta Alex Proyas pouco tem em comum com seu texto composto por nove contos onde o autor expõe uma visão otimista da evolução de organismos cibernéticos. Assim esses contos de Asimov foram transpostos convenientemente pela indústria de Hollywood em uma trama policial de ficção cientifica recauchutada carregada de ação e muitos efeitos especiais. No entanto mistura tais elementos muito bem, dosando a ação desejada em um roteiro proporcionalmente cerebral que lhe confere certo charme.
Assim exibindo uma trama policial que se passa em 2035, a história envolve a morte de um cientista (Adrian Ricard) responsável criador do universo robótico exibido no filme. Assim o detetive Del Spooner (Will Smith), antigo conhecido da vítima e profundamente aversivo a tecnologia, passa a investigar o misterioso caso de suicídio. Com sua experiência como detetive, Spooner logo percebe haver algo errado e improvável na morte do cientista ao ligar fatos com probabilidades. Sua descoberta o leva a caçar um robô descontrolado que se auto intitula Sonny – cuja voz adotada é de Dustin Hoffman. Spooner odeia os robôs e prova para todos que eles podem cometer crimes, contrariando as três leis as quais regem o comportamento dessas máquinas. Essas leis: 1 – Um robô não pode ferir um ser humano, ou admitir por omissão que ele sofra algum mal; 2 – Onde um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto quando tais ordens contrariem a Primeira Lei; 3 – Um robô deve preservar sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e Segunda Lei. Porém aos poucos Spooner começa a perceber – com a ajuda da psicóloga interpretada por Bridget Moynahan – que a morte do cientista envolve muito mais do que um simples caso de assassinato cometido por um robô, o fazendo perceber que por trás da transparência dos fatos existe uma espécie de conspiração que ameaça a raça humana.
O protagonista dessa trama, já de início deixa claro seu ódio pelas máquinas, resultado da dor da perda de um ente querido em um acidente de carro, onde um dos robôs prestou o serviço de salvar sua vida ao invés de seu filho. O critério usado por aquele robô foi baseado em dados e expectativas de chances de vida dos socorridos, sem menor sensibilidade. Por isso o Smith faz de tudo contra essa tendência automatizada desprovida de humanidade que invade a sociedade. A presença desses organismos cibernéticos são tão comuns quantos celulares. Will Smith alterna bem seu papel sensível e preocupado com o futuro da raça humana, com o papel astro de ação ao melhor estilo Duro de Matar. Ainda mais intercalando com sua capacidade de fazer humor descompromissado que alivia a tensão da temática de alerta social. Melhor em cena do que ele mesmo, somente o robô Sonny que possivelmente é melhor revelação desse filme.
Por mais que o roteiro de Jeff Vintar e Akiva Goldsman use pouco da obra de Asimov, vários elementos originais são aproveitados com habilidade. A permanência da organização da U.S. Robotics é um exemplo disso. E como sempre os fãs de uma obra significativa desferem protestos diante de uma adaptação, toda cautela foi tomada em relação ao argumento do filme. A direção de Alex Proyas caracterizou a transposição com um visual moderno que lembra outros sucessos do gênero, porém com mais merchandising do que o espectador está habituado.
Nota: 7,5/10
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