segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Crítica: O Cavaleiro Solitário | Um Filme de Gore Verbinski (2013)


Comparações com "Piratas do Caribe" são inevitáveis. Pudera, pois um é cara do outro em vários aspectos. Mas aquilo que é visto como defeito, também pode ser encarado como qualidade, já que "O Cavaleiro Solitário" (The Lone Ranger, 2013) leva para o espectador várias virtudes de sua inspiração. O problema é que isso irrita (logicamente) o conhecedor dos icônicos personagens desse faroeste, como também desagrada uma considerável fatia do público que repudia a infantilização das produções ligadas, quando não produzidas exclusivamente pela Walt Disney Pictures. Embora essa produção tenha fracassado nas bilheterias (que segundo os realizadores o fracasso foi decorrente das negativas críticas da imprensa especializada), "O Cavaleiro Solitário" orçado em 300 milhões de dólares, está longe de ser uma aventura ruim. Como também, está distante de ser um bom faroeste a ser guardado na memória de fãs do gênero. Entretanto, como toda boa aventura nos moldes das mega produções da Disney, inegavelmente diverte o espectador como esperado. Sua trama se passa em 1869, e nos apresenta o advogado John Reid (Armie Hammer), formando uma parceria improvável com o índio Tonto (Johnny Depp). Tanto um quanto o outro buscam fazer justiça, cada um ao seu modo, em relação ao perverso criminoso chamado Butch Cavendish (William Fichtner). E nessa busca por justiça, eles cruzam o caminho de Sr. Cole (Tom Wilkinson), responsável da ferrovia que visiona o progresso e está disposto a tudo para realizar suas ambições.

Com um roteiro aventuresco escrito por Ted Elliot e Terry Rossio (responsáveis pela franquia "Piratas do Caribe") junto a Justin Haythe, o cineasta Gore Verbinski cria um produto exagerado com evidentes limitações narrativas, mas despretensiosamente divertido (o que não basta para se pagar diante de um orçamento milionário). Com uma produção monstruosa (que emprega gigantes equipes de maquiadores, figurinistas, técnicos, dublês e efeitos visuais) cada centavo deste investimento pode ser notado no decorrer dos 150 minutos de duração desse longa. As locações e a ambientação de western é claramente construída com o propósito de adequar toda a rica estrutura disponibilizada pela produtora, a uma trama bem condicionada ao ritmo empregado pela direção de Verbinski: muita ação coreografada, piadas gestuais e nenhuma originalidade. E se o elenco apenas cumpre seu papel, onde que Armie Hammer se esforça para justificar sua presença na interpretação do icônico personagem do western, a presença de Johnny Depp é de difícil explicação, apesar de sempre funcional. William Fichtner compõe um vilão implacável que oculta uma ligação estratégica que gera uma boa reviravolta. É evidente que o grande mérito de "O Cavaleiro Solitário" resida acima de tudo nas sequências de ação, alternadas por situações cômicas que divertem, e que enfatiza o tom de aventura projetado para essa produção. Embora toda a ação demonstre sincronia, há absurdos digitais em excesso que comprometem por vezes a naturalidade da ação. Detalhe esse, que somente não compromete o conjunto da obra em sua totalidade, devido a habilidade adquirida de Verbinsky através da franquia  "Piratas do Caribe", em orquestrar extensas e complexas sequências de ação explosivas temperadas com humor, e que aqui são ainda mais acentuadas, ao som da canção tema "William Tell Overture", de Rossini, que desponta em momentos emocionantes da ação.

Sobretudo, apesar de todas as limitações visíveis em "O Cavaleiro Solitário", essa produção se mostra um entretenimento de apelo visual gritante e ligeiramente divertido, mesmo com a adição econômica do gritante "aio silver". Com muita ostentação de recursos e pouco conteúdo, essa produção acaba sendo vítima de sua própria grandiosidade. Seu maior pecado, é não ter atendido as expectativas que seu lançamento gerou entre fãs do personagem e a imprensa especializada. Curiosamente a Disney tem a cada grande sucesso, lançado um decorrente fracasso (rolou algumas cabeças nos bastidores da produtora, após o fracasso do interessante "John Carter Entre Dois Mundos"). Mesmo equilibrando a balança, isso obviamente não basta aos executivos. Em si tratando do experiente cineasta Gore Verbinski, ele se saiu melhor na condução de "Rango", uma animação também ambientada no velho-oeste, e que gerou mais críticas positivas e nenhum prejuízo a seu realizador.

Nota:  7/10

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