terça-feira, 24 de setembro de 2013

Crítica: Jobs | Um Filme de Joshua Michael Stern (2013)


Cinebiografias em geral são um desafio a qualquer realizador. Desde cineastas conceituados de incontestável competência, até realizadores que são vistos como uma promessa para o futuro, veem nesse gênero de filme uma tarefa de difícil equilíbrio. Quanto mais célebre é a personalidade, mais elogios e críticas irá gerar daqueles que alinham certo carinho ou admiração pelo retratado (ou pelo menos conhecem naturalmente a figura ou seus feitos). "Jobs" (Jobs, 2013) não foge a regra. Uma cinebiografia de Steve Jobs, um dos homens mais relevantes dos últimos tempos, cuja genialidade tocou ou influenciou vários setores que iam da arte a tecnologia não seria uma tarefa fácil. Isso porque além de seus feitos, acima de tudo havia a imprescindível necessidade de retratar um pouco a trajetória de Jobs como pessoa (sua vida particular, sua ascensão e relacionamentos profissionais conturbados que tiveram na mídia tanto destaque quanto suas realizações). São cerca de trinta anos de vida espremidos em um longa com cerca de duas horas. Dirigido por Joshua Michael Strern e escrito pelo estreante Matt Whiteley, essa produção abrange na medida do possível algumas relevâncias em volta do gênio (a maior parte delas já haviam sido noticiadas no decorrer dos anos em jornais e noticiários), em um longa visualmente interessante, mas narrativamente sem força criativa. 


Talvez a coisa que mais impressione nessa produção, seja a semelhança física de Ashton Kutcher com o gênio (naturalmente com uma ajudinha de um eficiente departamento de maquiagem) nas diferentes fases da vida de Jobs. Além do mais, Kutcher materializa os trejeitos e maneirismos de Jobs com habilidade, mas para infelicidade do longa, o desenvolvimento não soa harmonioso (causa uma sensação de que teve uma montagem amadora). Há alguns saltos no tempo e de fatos que demonstram uma irregularidade gritante que causa incomodo. Na falta de profundidade concedida a acontecimentos decisivos da biografia do gênio, além de uma adequação mais dramática a certos momentos cruciais da história de "Jobs" (seu afastamento e reintegração da Apple), faz com que essa produção desperdice um potente enredo (somente a vida pessoal de Steve Jobs já renderia material para estruturar uma novela de horário nobre). Talvez para espectadores que tenham lido alguma de suas biografias, essa transposição se mostre mais clara, embora ainda assim haja incoerências. O diretor Joshua Michael Strern apresenta com fidelidade o mundo do inventor com uma reconstituição de época impressionante, mas falha em transpor a vida do homem com alguma originalidade. Curiosamente aborda alguns aspectos de sua personalidade sem censura e a sua visão empreendedora, mas não consegue corrigir as várias deficiências do roteiro atropelado. Em resumo, "Jobs" ainda não é cinebiografia definitiva do homem de grandes ideias que foi (há outros projetos em Hollywood para transpor a vida de Steven Jobs). Provavelmente, se ele ainda estivesse vivo e visse esse longa metragem, até ele reprovaria e ordenaria ser redesenhado. 

Nota:  5/10


4 comentários:

  1. "em um longa visualmente interessante, mas narrativamente sem força criativa."

    Que pena. Eu estava esperando algo mais.

    Recomendo, sempre, "Piratas do Vale do Silício". Este, sim, um ótimo filme sobre o empreendedorismo de Jobs e Gates, e com um foco bem peculiar sobre a vida privada do primeiro!

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    1. Nunca assisti a esse filme, mesmo tendo ouvido falar. Mas talvez fosse interessante vê-lo agora, depois de ter assistido a essa produção, mesmo que seja somente para efeito de curiosidade.

      abraço

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  2. O roteiro é primordial nestas adaptações biográficas e pelo seu texto este é o ponto falho do filme.

    O longa citado pelo Kleiton é uma produção para a TV feita nos anos noventa, se não estou enganado foi obraq do canal TNT, mas também não tive oportunidade de assistir ainda.

    Abraço

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    1. Sim, o roteiro não se acha deixando a trama recheada de incoerências. Podia ter ficado bem melhor do que ficou se tivessem dado um cuidado a alguns detalhes que acabaram se multiplicando por todo o longa. Enfim, não foi desta vez...

      abraço

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