A superprodução "Sherlock Holmes – O Jogo das Sombras" (Sherlock Holmes – A Game of Shadows, 2011) reúne novamente Robert Downey Jr. e Jude Law numa sequência cinematográfica inspirada no personagem literário criado por Arthur Conan Doyle. Continuação essa mais deslumbrante quanto o primeiro, deixando evidências, que os obstáculos existentes na primeira produção haviam sido completamente superados. Porque sobretudo, quando a direção encomendada de um filme-evento é delegada a um diretor estiloso, cujo personagem detém um status de consagração e reputação a zelar, é adotada por medida de precaução, uma abordagem mais cautelosa e convencional para não chocar o público e a crítica logo de cara. Dependendo dos resultados obtidos dessa peleja, seus realizadores ganham certa liberdade criativa e um incentivo orçamentário para impulsionar ainda mais sua visão do negócio como gratidão pelo bom trabalho apresentado anteriormente. Algumas franquias de sucesso indiscutível tiveram sua verdadeira ascensão após o segundo filme como "Homem Aranha", "X-Men", "Batman" e "Exterminador do Futuro". Tudo que foi idealizado no filme "Sherlock Holmes", ganha mais intensidade e ousadia em sua sequência, tornando essa produção um sinônimo de garantia de entretenimento.
Como no primeiro filme, o afinado entrosamento dos protagonistas Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.) e Dr. Watson (Jude Law) – que na vida real tornaram-se bons amigos - faz toda a diferença no andamento da trama. Apesar do ritmo rápido das cenas, antenado na ação; do clima de suspense policial e mistério encrustado na alma do filme; da importância do rumo em que se direciona a trama; é inegável, que seja na comédia onde mora sua maior virtude. As situações que cercam a dupla e as excentricidades de Holmes estão ainda mais hilariantes do que muito filme que se vende engraçado na teoria e não cumpre a promessa nem de longe. Muitas vezes nem é preciso dizer nada, e somente com as expressões distantes de Holmes diante dos ataques de fúria de Watson já nos cativa a um sorriso sem esforço. Mas é nos devaneios de intelecto do protagonista, muito bem interpretado por Robert Downey Jr., onde pode se dar gargalhadas conjuntas com o restante da plateia. Apesar das críticas negativas com ar de sabotagem que o primeiro filme rendeu, pela despretensiosa narrativa hollywoodiana da obra, sua proposta de entretenimento não deixou a desejar em momento algum da produção. Criado e realizado com foco de divertir, Guy Ritchie criou espertamente uma fabulosa franquia com um personagem inusitado. Se tivesse uma abordagem mais séria e convencional do personagem, seguramente teria agradado um seleto grupo de espectadores, que ressaltariam sua fidelidade e caracterização à obra de Arthur Conan Doyle, mas teria acabado por aí mesmo. Mas assim o produtor Joel Silver – responsável pelo sucesso de grandes blockbusters – somente fez o que alguém certamente já arquitetava no momento da divulgação para pegar carona em um sucesso. Vejam o que aconteceu com "Matrix", copiado e reinventado até exauri-lo por completo sem nenhuma responsabilidade.
A história desse longa-metragem segue a cruzada de Holmes em desvendar os planos malignos de seu maior antagonista, o então professor Moriarty (Jared Harris), um homem inteligente e misterioso. Watson volta novamente a ajudar Holmes em sua empreitada de desvendar assassinatos e conspirações que assombram a terra da coroa. Dessa vez, a dupla recebe ajuda do irmão mais velho de Holmes, Mycroft (Stephen Fry), e a cigana Sin (Noomi Rapace), nessa empreitada detetivesca de aventura. Nesse longa as suspeitas fundamentadas na primeira aventura foram confirmadas. Moriarty, um criminoso acima de qualquer suspeita, se mostra um rival a altura do brilhantismo de Holmes, que sem provas, não pode confirmar suas suspeitas de seu envolvimento num plano de conspiração contra o mundo. Por isso, apesar de todo arrojo visual e sofisticação narrativa, um dos melhores momentos do filme, fica a cargo de seu primeiro encontro formal, onde ambos travam um duelo verbal e de conhecimento que esbanja talento de interpretação. O elenco de apoio funciona bem, apesar da perda da personagem feminina de Irene Adler (Rachel McAdams), pela inserção do personagem de Noomi Rapace, que não se torna uma substituição à altura, mesmo pelo destaque que teve a sua disposição. No entanto o irmão de Holmes – talvez mais excêntrico e inteligente do que Sherlock – foi uma escolha excelente no conjunto. A ação continua explosiva, carregada de efeitos em câmera lenta e mais bem arquitetada. É unanime dizer que a cena do trem até esse momento, foi a melhor sequência da franquia pela revelação da capacidade de criar soluções improváveis e ágeis visualmente para salvar os personagens de uma enrascada.
O roteiro procura deixar tudo redondo, sem pontas soltas ou furos pecaminosos. O desfecho sempre acompanhado com pontuados flashbacks, para não deixar dúvidas na mente do espectador, torna a absorção das entrelinhas mais cômoda ao público e conveniente para a produção. E como todo filme de Guy Ritchie, deixa uma brecha – dessa vez gritante e ao mesmo tempo hilária – para uma sequência de um terceiro episódio. Por fim, "Sherlock Holmes – O Jogo das Sombras" é praticamente uma copia melhorada do primeiro longa, que particularmente julgava excelente, e que certamente irá gerar mais uma sequência no futuro, que não consigo imaginar melhor do que essa. E mesmo que desaprove essa febre de Hollywood em criar franquias cinematográficas de tudo que funciona uma vez, anseio vorazmente por mais um filme de Downey Jr. no papel desse detetive excêntrico que não para de me surpreender.
Nota: 8/10
Amo essa saga e olha que nem fã do personagem sou.
ResponderExcluirDiretor realmente foi soberbo nessa produção. Concordo também quando elogia a quimica entre os protagonistas.
abs
Particularmente, adoro Robert Downey Jr. em qualquer papel. O personagem em si, talvez não me chamasse tanta a atenção caso fosse interpretado por outro ator. Por isso não ficaria frustrado caso houvesse um terceiro episódio.
Excluirabraço