terça-feira, 10 de maio de 2016

Crítica: Evereste | Um Filme de Baltasar Kormákur (2015)


Baseado em fatos reais, o desastre que ocorreu em maio de 1996 no alto do Monte Evereste foi uma tragédia que marcou e ressoa como um aviso importante da história mais recente dessa montanha. Isso foi ocasionado pelo fato que vários escaladores de diferentes nacionalidades morreram naquela primavera ao tentar escalar a mais alta montanha do mundo. Um desafio que se mostrou tão perigoso quanto surpreendente. Isso ocorreu quando duas expedições, a da Adventure Consultants e da Mountain Madness foram surpreendidas por uma perigosa tempestade de ventos fortes e nevascas ofuscantes. Ambas as empresas especializadas em conduzir alpinistas amadores ao topo da montanha estavam em uma disputa por evidência na imprensa mundial e a pressão de obter sucesso em seu objetivo era muito grande. Enquanto uma era conduzida pelo guia neozelandês Rob Hall (Jason Clarke) e a outra pelo norte-americano Scott Fisher (Jake Gyllenhaal), a certa altura da expedição uma agressiva e repentina mudança climática muda tudo e as já difíceis chances de sobrevivência nesse inóspito território caíam para zero. O clima de propicio a insustentável tornou quase impossível o retorno ao acampamento mais próximo, como também tornou inviável a possibilidade de um resgate seguro aos poucos sobreviventes. Mesmo que muitos dos escaladores naquele ainda assim tenham conseguido sobreviver, os que morreram são lembrados e homenageados através desse relato cinematográfico. “Evereste” (Everest, 2015) é um drama escrito por William Nicholson e Simon Beauty e dirigido pelo eficiente diretor islandês Baltasar Kormákur. Um diretor que veio a estrear em Hollywood com o funcional “Contrabando”, em 2012 e depois com o thriller de ação policial “Dose Dupla”, em 2013. Em “Evereste” o diretor mescla bem um espetáculo visual de foco comercial com a devida seriedade dramática de um produto competente.

Evereste” tem em sua essência uma legítima história de bravura em meio às adversidades proporcionadas pela implacável mãe natureza. O que poderia ser apenas um típico filme-catástrofe ou de sobrevivência ao grande público, o que agradaria facilmente um significativo percentual de espectadores, também é capaz de oferecer algo mais ainda que em proporções menores do que espectadores que apreciam filmes baseados em fatos reais esperariam do enredo.  Mas esse confronto entre homem versus natureza retratado no trabalho de Baltasar Kormákur se mostra uma boa surpresa, de um lado conferido pelo espetáculo visual arrebatador dado pelo condicionamento técnico impecável; como do outro, pela reunião de um elenco espetacular muito bem aproveitado pela direção. Josh Brolin, Jake Gyllenhaal, Jason Clarke, John Hawkes, Robin Wright, Sam Worthington, Keira Knightley e Emily Watson são as escolhas de um grande elenco que colabora com o conjunto. Ao materializar suas histórias pessoais que fortalecem a carga emocional do filme, seus personagens criam um vínculo de empatia com o público vital. Com cerca duas ou três passagens de grande emoção (a história pessoal de um dos escaladores, o carteiro interpretado por John Hawkes é de amolecer o coração), ou o telefone da esposa grávida de Jason Clarke em um momento crucial da tragédia é outra passagem arrebatadora do filme. Sobretudo, há outras mais espalhadas ao longo da segunda hora dessa produção, já que a primeira se prende necessariamente a uma fluente apresentação de personagens e criação de atmosfera, onde qualquer descuido na escalada pode custar à vida.

Evereste” dispensa um embelezamento artificial para impor respeito. A carga dramática acontece naturalmente pela competência do elenco, ou pela força da história em si; a ação é sutil e precisa em proporção e na pontualidade; e a forma como Baltasar Kormákur transpõe o roteiro que foi inspirado em diversas fontes captura bem a atmosfera de vertigem preponderante no enredo. Embora a qualidade da imersão não tão eficiente quanto se gostaria, a contemplação dos acontecimentos já basta para garantir uma boa dose de satisfação. Trata-se de um exemplar a espera de ser descoberto. Além do mais, em certa passagem é destacado: Por que escalar o Monte Evereste? A resposta é: Porque ele está lá. Assim sendo, eu pergunto: Por que assistir “Evereste”? Para começar, somente pelo fato dele existir já é um bom começo.   

Nota:  7,5/10

2 comentários:

  1. Também fui surpreendido, esperava um filme que fosse apoiado apenas nas cenas de ação.

    A narrativa sóbria e a forma como os personagens são desenvolvidos, sem apelar para o heroísmo, são os grandes acertos.

    Como curiosidade, o jornalista Jon Krakakuer interpretado aqui por Michael Kelly, escreveria depois o livro "Na Natureza Selvagem", que virou grande filme nas mãos de Sean Penn.

    Abraço

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    1. Eu esperava ver um filme de ação emocionante e ganhei um drama emotivo. De um modo ou de outro, saí no lucro.

      abraço

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