quinta-feira, 21 de abril de 2016

Crítica: Máxima Precisão | Um Filme de Andrew Niccol (2015)


A Guerra contra o Terror sempre está ativa no território norte americano. Assim sendo, o major Tommy Egan (Ethan Hawke), um oficial da Força Aérea que está frustrado com sua atual ocupação militar é encarregado de operar ataques aéreos com drones por controle remoto nos arredores do Oriente Médio. Ele passa horas controlando drones sobre espaço aéreo afegão, embora trabalhe em uma base militar em Las Vegas, onde vive num pacato subúrbio desértico com sua esposa (January Jones) e filhos. Se em casa ele vive uma guerra por não se conformar com fim da possibilidade de voltar a pilotar caças, no trabalho surgem outros questionamentos que o perturbam igualmente. A guerra, os métodos de combate ao terrorismo e o perfil desses combatentes tem se transformado tão assustadores quanto à própria guerra. O peso psicológico conferido pela função tem se tornado um fardo insuportável de ser tolerado. “Máxima Precisão” (Good Kill, 2015) é um drama estadunidense escrito e dirigido por Andrew Niccol (responsável por filmes como “Gattaca”, “Senhor das Armas” e “O Preço do Amanhã”). Com uma nova parceria entre Ethan Hawke e Andrew Niccol, o cineasta deixa de lado suas perspectivas comerciais de ficção científica e o seu senso de humor ácido visto em seus trabalhos anteriores, e abraça seu conto de guerra moderno com seriedade e um toque de originalidade bem-vinda que para surpresa de muitos lança um olhar inédito sobre os campos de guerra pós 11 de setembro.

Estranhamente, “Máxima Precisão” é um típico drama de guerra como outros que já foram realizados aos montes pelo cinema. Porém, ao mesmo tempo ele é diferente do que os fãs de filmes assim estão habituados a ver. Porque ele lança um olhar contemporâneo sobre os atuais conflitos nos quais os Estados Unidos da América estão envolvidos. Os aspectos marcantes de uma produção do gênero estão presentes no desenvolvimento, mas camuflados por esse olhar e sem a conhecida aparência. O interessante é que “Máxima Precisão” é uma espécie de retratação da guerra como ela supostamente é hoje. E não como será ou como foi, mas como é hoje. Os perigosos ou áridos campos de batalha foram substituídos por apertadas salas de controle climatizadas a milhares de quilômetros de distância do alvo; os horrores da guerra são acompanhados com alta definição por uma tela de computador a centenas de metros de altura dos objetivos; os dramas dos soldados não se encaixam mais no que foi feito antes e são muito mais caseiros como os de qualquer outro cidadão comum; as arriscadas e caóticas incursões sobre território inimigo são substituídas por voos aéreos; as ordens que desencadeiam questionamentos morais não surgem mais de exaltados generais, mas da voz que sai de um alto-falante por metódicos agentes da CIA; o treinamento completo dos pilotos agora somente se passa em simuladores; como as ferramentas de guerra materializadas nas aeronaves não tripuladas acabam sendo o auge da sofisticação de destruição controlada. Mas ao contrário do que os especialistas em segurança militar imaginavam, a matança por controle remoto ainda assim é capaz de desencadear um efeito negativo sobre os soldados americanos. E “Máxima Precisão” aborda isso com uma dose agradável de competência. 

Máxima Precisão” aborda um assunto bem interessante com um nível de realismo bastante competente. A construção da atmosfera militar que cerca os acontecimentos é de um requinte primoroso. O filme explora bem os vários aspectos e as inevitáveis complicações que a guerra por controle remoto pode desencadear, como a facilidade em envolver inocentes nas baixas, as dificuldades em determinar os alvos, a quem responder numa confusa cadeia de comando e como reagir diante dos possíveis erros que podem acontecer durante uma operação. O homem por trás dos drones é muito mais complexo do que eles próprios. O filme perde um pouco de sua força por causa do argumento pouco estudado, mas ganha pontos preciosos pelo desempenho de Ethan Hawke que entrega um desempenho impressionante se comparado a trabalhos passados, como os demais nomes do elenco principal não fazem feio no conjunto.

Nota:  7/10

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