quarta-feira, 25 de março de 2015

Crítica: Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes | Um Filme de Guy Ritchie (1998)


Eddy (Nick Moran), Tom (Jason Flemyng), Soap (Dexter Fletcher) e Bacon (Jason Statham) são quatro membros da classe trabalhadora de Londres que ocasionalmente se lançam em alguns trambiques para ganhar algum dinheiro fácil. Embora todos tenham suas atividades profissionais honestas, esse pequeno grupo ambiciona algo mais do que um emprego honesto numa cidade que não gera grandes oportunidades. E é na habilidade de Eddy com as cartas que eles apostam uma pequena fortuna num jogo de pôquer de apostas altas, mas que para a surpresa do grupo, não sai como o esperado. A mesa é fraudada por Harry Lonsdale (P.H. Moriarty), um perigoso gângster, fazendo com que Eddy caia numa armadilha e saia da mesa em dívida com pouco tempo para pagar. E assim começa uma cruzada repleta de planos equivocados para juntar o dinheiro em uma semana antes que o prazo final se esgote. “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” (Lock, Stock and Two Smoking Barrels, 1998) é uma produção independente de crime escrita e dirigida por Guy Ritchie (diretor britânico que ficou famoso no final da década de 90 por se tornar o marido da estrela pop Madona, a qual hoje não se encontra mais casado). Embora tenha obtido grande sucesso com “Snatch – Porcos e Diamantes” (2000), foi com a adoção de um olhar arrojado sobre o universo dos gângsters, que essa produção conferiu um grato impulso rítmico sobre esse subgênero. Se “Snatch” é inegavelmente bom, talvez até sendo seu melhor trabalho, foi através de seu longa-metragem de estreia que ele surpreendeu muita gente.


Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” possui várias qualidades, que vão de aspectos técnicos aos criativos. Recheado de engenhosas subtramas, entregue por um roteiro afinado com excelentes diálogos, Guy Ritchie acerta ao alternar tudo com um toque de humor inglês bem equilibrado. Cenas de violência e humor se equilibram de modo bem orgânico dentro do conjunto. O filme possui um ritmo curiosamente frenético semelhante a um vídeo clipe musical, exibindo canções geniais ao seu decorrer, mas bem pausado por momentos eficientes de interpretação. Curiosamente essa produção lançou atores que na época eram desconhecidos, como Jason Statham e Vinnie Jones, e hoje são nomes bem conhecidos do grande público. Na verdade, o filme está repleto de ótimas atuações marcadas por um tom levemente teatral, que se encaixa bem dentro do conjunto. Com uma notável edição de imagens e uma montagem extremamente criativa, tudo é marcado por um modo de câmera estilizado, onde o cineasta mescla bem as tramas paralelas com a história principal. Durante muitos anos o cineasta Guy Ritchie ficou sendo comparado a outros famosos cineastas (Quentin Tarantino, Danny Boyle, Martin Scorcese), embora tenha aos poucos provado que seu trabalho não tenha base em plágio, mas numa sabida decisão de estética a qual ele sabe bem lidar. “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” é em resumo puro entretenimento, divertido como deve ser. Essa produção reúne uma série variada de qualidades numa proposta cinematográfica arrojada, dinâmica e que foi o começo de uma carreira promissora.

Nota:   9/10

terça-feira, 24 de março de 2015

Uma Paixão Incondicional de Fã | Batmóvel de garagem


Uma réplica perfeita do carro exibido nos filmes do "Batman", dirigido por Tim Burton em 1989. O carro ficou tão perfeito que deixaria até o personagem orgulhoso! Resultado do trabalho de Zac Mihajlovic, um jovem de apenas 29 anos que reside na cidade de Camden, na Austrália, onde o cara investiu cerca de 2 anos e um considerável valor em dinheiro para construir seu Batmóvel perfeito. E bota perfeito nisso! Assista ao vídeo e confira algumas etapas da construção do objeto de desejo de muitos fãs e algumas nuances em volta de sua motivação:   

segunda-feira, 23 de março de 2015

Crítica: Cinquenta Tons de Cinza | Um Filme de Sam Taylor-Johnson (2015)


Tudo começa com um favor prestado a uma amiga doente. Anastasia Steele (Dakota Johnson) é uma jovem estudante de literatura inglesa que precisa entrevistar para o jornal da faculdade, a pedido da amiga adoentada, o jovem Christian Grey (Jamie Dornan), um milionário e misterioso empresário. Seu sucesso somente está à altura dos mistérios em volta de sua figura. Se de um lado Christian se mostra uma poderosa e fascinante celebridade habituada a estar em destaque, a qual o fenômeno de ser e estar em foco, Anastasia é uma garota de 21 anos, de poucas posses, recatada e de uma inacreditável inexperiência de vida. E desse encontro surge uma estranha relação, física e emocional que pode mudar o destino de ambos os envolvidos. “Cinquenta Tons de Cinza” (Fifty Shades of Grey, 2015) é uma produção estadunidense baseado no best-seller erótico de mesmo nome escrito pela escritora inglesa E.L. James. Dirigido pela diretora Sam Taylor-Johnson (realizadora do interessante “O Garoto de Liverpool”, de 2009), com base no roteiro de Kelly Marcel, o longa-metragem é um típico filme-evento que muitas vezes pode repentinamente habitar a mais diferente das conversas sem aviso prévio. Se você não tiver assistido, um sentimento de estranheza irá toma-lo. E para que isso não aconteça, você passa a se sentir na obrigação de conferir o resultado. E mesmo que o filme possa ser apedrejado pelos mesmos aos quais o alavancaram a cifras exorbitantes nos cinemas (essa produção bateu recordes de bilheteria em território nacional), ainda assim você deve estar familiarizado com os detalhes do desastre.


Cinquenta Tons de Cinza” está para o público adulto como a saga “Crepúsculo” estava para os espectadores adolescentes. E coincidentemente a qualidade também não se difere em muito, sendo que ambos possuem uma carga de requintes estruturais, mas repletos de limitações e falhas incômodas. Em sua primeira hora, o desenvolvimento da trama dessa produção não difere em muito de uma típica comédia romântica, repleta de tiradas de humor, onde os opostos se atraem sob as mais estranhas inconveniências que geram boas risadas. De onde até se pode tirar uma boa dose de entretenimento. Mas é na segunda parte, quando a cortina cai e as motivações de tanta polêmica passam a se materializar em tela, é que a coisa simplesmente desanda. Se a base da transposição já não era das mais ricas, o roteiro burocrático de Kelly Marcel, que permeia todo o desenvolvimento com diálogos pobres não ajudam na confecção de uma excelência textual convincente, tanto nos desejos que imperam nas motivações de Christian Grey, quanto nos consentimentos feitos por Anastasia Steele. A satisfação sexual obtida através de fetichismo é extremamente justificável num mundo contemporâneo que busca sepultar certos tabus, porém a extensão desse comportamento ao cotidiano soa inúmeras vezes artificial no desenvolvimento da trama, como também contraditório pelo argumento limitado. E quem sofre com isso é o elenco: se Dakota Johnson passa a ser refém de sua personagem, se mostrando apenas um lindo corpo nu, Jamie Dornan não compõe um vilão-herói que desperte sequer simpatia. Além do mais, o restante dos personagens que habitam a película (a mãe de Christian interpretada por Marcia Gay Harden) não se mostram verdadeiramente essenciais ao conjunto.

Essa produção fica marcada de mais ausências do que de atribuições, sendo que lhe faltou um verdadeiro clímax arrebatador que causasse espanto ao espectador, como uma cena ícone para ficar gravada na memória do público. E por isso, entre algum erotismo folclórico e muita nudez, “Cinquenta Tons de Cinza” é impossível ser levado a sério, como filme ou como história. Já que uma história marcada de dominação e controle absoluto sobre o sexo oposto, mesmo com uma aprovação documental, adocicada com um verniz hollywoodiano quase sempre infalível, soa demasiadamente um retrocesso evolutivo. Considerando que uma lenta cruzada de pernas realizada por Sharon Stone (referente ao thriller policial “Instinto Selvagem”, realizado em 1992) até hoje é recordação vívida na memória de cinéfilos do mundo todo, “Cinquenta Tons de Cinza” com todo o seu efeito exótico é um caso passageiro sem importância que dentro de algum tempo ninguém mais lembrará sequer do nome.

Nota:  5/10

sábado, 21 de março de 2015

Wayward Pines | Boa sorte M. Night Shyamalan


First Impressions: Após alguns fracassos de bilheteria e crítica, M. Night Shyamalan ataca como produtor desse seriado que tem como base a intrigante série de livros de Blake Crouch que afirma ter sua inspiração em “Twin Peaks”. É certo que cidadezinhas isoladas possuem os cenários perfeitos para cenas de horror, suspense e mistério. E com base nisso, M. Night Shyamalan (responsável por sucessos como “O Sexto Sentido” e “Sinais) idealizou o tão famigerado seriado “Wayward Pines”. Estrelado por Carla Gugino, Matt Dillon, Toby Jones e Terrence Howard, a série tem estreia em 125 países no dia 14 de maio. Já que na telona o cineasta indiano não tem encontrado a felicidade que marcou sua carreira no passado, talvez na telinha ele volte a fazer as pazes com o sucesso novamente.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Crítica: Locke | Um Filme de Steven Knight (2014)


As vésperas da realização de um dos maiores projetos de construção civil da Europa, Ivan Locke (Tom Hardy), um competente gerente de um canteiro de obras é obrigado a tomar uma decisão que pode mudar o rumo de sua vida. Uma decisão difícil que irá causar espanto e choque a todos os seus conhecidos. Ele recebe uma notícia bombástica que o leva a dirigir com urgência da cidade de Birmingham até Londres, aonde no banco do carro, em rápidas interações telefônicas com colegas de trabalho, família e uma antiga conhecida, Ivan faz um profundo retrospecto de seu passado e sem concessões estabelece um novo futuro para si, doa a quem doer. “Locke” (Locke, 2013) é um competente drama de baixo orçamento escrito e dirigido por Steven Knight, que outrora escreveu o roteiro de “Senhores do Crime”, longa-metragem realizado por David Cronenberg em 2008. Aqui em seu segundo filme como diretor, Knight apresenta uma proposta sempre tão corajosa quanto eficiente para se contar uma história. A história desse filme é simplesmente toda contada com apenas um ator em cena e um único cenário: no confinamento de um automóvel BMW ao qual dirige incessantemente, Locke se apresenta e nos familiariza com seu mundo construído com solidez e que passa a desmoronar repentinamente. Durante a viagem de uma cidade a outra, o ator faz e recebe inúmeras ligações telefônicas que interagidas através do viva-voz do carro familiariza o espectador com sua vida passada, e suas inesperadas expectativas para o futuro.


Locke” em resumo é uma produção bem diferente do que estamos acostumados a ver. Na verdade é noventa e nove porcento diferente do que estamos habituados a ver em tempos onde cada vez mais as histórias tem ganhado proporções épicas. Embora tenham surgido cada vez mais filmes com propostas semelhantes de minimalismo a cada ano (Enterrado Vivo”, de Rodrigo Cortés, ou “Gravidade”, de Alfonso Cuarón), ainda são poucas opções diante de produções que adotam métodos convencionais de se contar uma história. Aqui a regra do “menos é mais” se aplica veemente. E somente por isso, essa produção já mereceria um pouco de atenção por parte do espectador. Sobretudo, o trabalho de Steven Knight demonstra excelência e segurança, tanto textual quanto narrativa. Embora tenha algumas falhas (o roteiro se prende a alguns simbolismos que não agregam praticamente nada ao desenvolvimento), pequenas comparadas à grandiosidade do resultado. Em uma sensacional interpretação, Tom Hardy nos brinda com as mais diversas emoções, que vão de tensão a sentimentalismos, passando por devaneios que são obviamente enriquecidos por um argumento enxuto criado por Steven Knight e uma montagem funcional que intensifica o desenvolvimento da história. Com uma direção de fotografia belíssima, que confere um brilho todo especial ao trajeto noturno que Hardy percorre, demonstra o quanto inteligente que é o conjunto técnico que compõe essa produção. Mas é necessário dizer que, “Locke” não é um filme para todos públicos, como outros filmes que possuem suas características narrativas, já que as suas limitações físicas atraentes para uma determinada gama de espectadores também pode ser considerado como um derradeiro defeito para outros mais.

Nota:  7,5/10

quinta-feira, 19 de março de 2015

Crítica: A Pedra de Paciência | Um Filme de Atiq Rahimi (2012)


Quando um herói de guerra do Afeganistão (Hamidreza Javdan) é abandonado por seus companheiros do Jihad, pela mãe e irmãos após levar um tiro na nuca em uma estúpida discussão. Sua vida fica assim aos cuidados de sua jovem esposa (Golshifteh Farahani), que busca em meio às dificuldades recuperá-lo de seu estado vegetativo, ao mesmo tempo em que começa a relatar através de confissões solitárias ao marido em coma, todos os seus sonhos, segredos e suas lembranças que mantinha em cativeiro dentro da alma. “A Pedra de Paciência" (Syngué Saubour, 2012) é um drama de guerra dirigido pelo escritor e cineasta afegão Atiq Rahimi (o seu segundo longa-metragem após “Terra e Cinzas”, de 2004). Tendo como base o seu premiado romance (ao qual o escritor foi agraciado em 2008 com o Prêmio Goncourt por está obra), Atiq Rahimi consegue em parceria com o roteirista Jean-Claude Carrière realizar uma transposição a altura de sua base literária. Essa produção foi selecionada para representar o Afeganistão no Oscar 2013 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, mas infelizmente não obteve indicação. Sobretudo, o trabalho de Atiq Rahimi possui inúmeras qualidades que não necessitam necessariamente da aprovação de críticos acadêmicos para ser notada. Considerando que o filme em suma é uma transposição sensacional do romance que tem na pauta discutir sobre a opressão que as mulheres afegãs são sujeitadas em meio a um panorama social e político difícil, essa produção tem em sua estética e narrativa, contornos simplistas marcados de realismo e poesia.

A Pedra de Paciência" tem um desenvolvimento simples em sua aparência e apurado em sua mensagem. Essa produção retrata a instabilidade política que assola o país, e os perigos que rodeiam a população. E em meio a isso, o espectador acompanha a desolada esposa que busca, com todo despreparo possível (pobre, refugiada nas dependências de uma casa em ruinas, tendo que alimentar as duas filhas sem dinheiro e cuidar de seu marido incapacitado numa vigília solitária) cumprir com suas obrigações. As circunstâncias extremas desse panorama desencadeiam de forma inusitada reflexões e revelações disparadas ao marido sem interrupções, e que ganham sentido através de uma antiga fábula afegã e que confere explicação ao título do longa-metragem. Anos de um obediente silêncio são quebrados sem o temor de uma censura, e amarras óbvias estabelecidas pela cultura são ignoradas resultando num extenso e fascinante monólogo de uma vida. Golshifteh Farahani entrega uma personagem crível e bem elaborada dentro da proposta do filme, e que aproveita com habilidade essa oportunidade. Embora haja outros personagens no decorrer do desenvolvimento das narrações (a tia que a certa altura torna-se essencial na sobrevivência dela, e o surgimento do soldado que enfatiza as mudanças que vão surgindo em sua vida), esses apenas margeiam a grandiosidade de seu desempenho, que dá forma ao comportamento humano e as agruras de uma cultura distante que procura anular a presença feminina dentro da sociedade.

De certo modo, “A Pedra de Paciência" é um filme lento, mas distante de ser tedioso. Visualmente limitado, mas elegantemente bonito devido a uma direção de fotografia funcional, suas maiores qualidades se encontram em sua essência narrativa. Embora o clímax das revelações perca um pouco de sua força em função de um desfecho de pouca elaboração, o trabalho de Atiq Rahimi, aliado ao talento de Golshifteh Farahani se mostra uma grata experiência cinematográfica. Um delicado e sempre necessário manifesto em prol da liberdade.

Nota: 8/10


terça-feira, 17 de março de 2015

The Ultimate Marathon | A maratona de filmes da Marvel


Milhares de fãs reunidos por um só objetivo; 27 horas interruptas de entretenimento; 11 grandes produções da Marvel, e ao final, o mais esperado lançamento de 2015: Vingadores: Era de Ultron

Fonte | Aqui 

sábado, 14 de março de 2015

Eu Sou o Cara!


sexta-feira, 13 de março de 2015

Momentos Icônicos do Cinema por Massimo Carnevale

Todo mundo tem a sua cena de cinema preferida na memória. O ilustrador e artista italiano Massimo Carnevale possui várias. Um expert na área de pintura digital, o artista tem uma série de obras dedicada as suas cenas preferidas do cinema, de fácil reconhecimento e que não seria estranho se coincidirem com a de outros espectadores. Os filmes são os mais variados, mas o estilo artístico é único. Gostou? Veja outras imagens mais em seu blog numa imensa galeria repleta de outras pinturas geniais como estas:     








quinta-feira, 12 de março de 2015

Crítica: O Albergue | Um Filme de Eli Roth (2005)


Quando dois estudantes americanos, Paxton (Jay Hernandez) e Josh (Derek Richardson) traçam uma viagem de mochileiros pela Europa, não imaginam os perigos que essa viagem pode lhes oferecer. Ao conhecerem Oli (Eythor Gudjonson) surge a dica que as mulheres mais fantásticas do continente se encontram na Eslováquia, em especial na capital Bratislava, onde se perdem de amores por duas exóticas garotas. Mas ao contrário do que esperavam, ambos são capturados para servir de entretenimento para bilionários entediados, cuja única satisfação é torturar seres humanos até a morte. “O Albergue” (Hostel, 2005) é um filme de terror dirigido pelo sádico ator e cineasta Eli Roth (responsável por “Cabana do Inferno”, outro filme de terror de 2002). Produzido por ninguém menos do que por seu amigo Quentin Tarantino, essa produção mexe com o imaginário do espectador, sendo que a certa altura da divulgação do longa-metragem seus responsáveis sugeriram em entrevistas que o filme havia sido inspirado em fatos reais. O que se sabe é que a existência de um site Tailandês, que oferecia uma espécie de férias oferecendo aos usuários a oportunidade de torturar e matar alguém por um preço pré-estabelecido, motivou Roth e Tarantino a escrever a história, embora haja controvérsias sobre a veracidade dessa página. Mas uma coisa é certa: “O Albergue” cumpre o que promete, ao extremar os limites do que o cinema mainstream pode mostrar, conferindo a essa produção um lugar de destaque entre os filmes mais violentos realizados na última década.


O Albergue” pode ser dividido em duas partes: na primeira estampa a leveza de um movie road estudantil descompromissado com constantes toques de nudez gratuita e inevitável erotismo, com atuações funcionais e um desenvolvimento ralo para uma transição a segunda parte, onde se inicia aí, o que se pode chamar de uma verdadeira descida ao inferno. O filme perde os contornos de festa e sensualidade e ganha contornos sombrios e irremediavelmente violentos. Repleto de cenas com violência explicita, com brutais torturas (com direito a muito sangue jorrando, vísceras expostas e dilacerações), o método adotado por Eli Roth para com seu trabalho o deixa com uma forte inclinação para o gênero de “torture porn”. Embora a trama seja simplista, o desenvolvimento previsível e o desfecho apressado, o trabalho de Eli Roth se sustenta com habilidade, o que explica inclusive o surgimento de duas sequências para essa produção anos depois (“O Albergue 2”, de 2007 e “O Albergue 3”, de 2011). Criado com cerca de 4,8 milhões, faturou vinte vezes mais o que lhe confere um selo de lucratividade invejável dentro do gênero e fora dele. Por fim, “O Albergue” é um perigoso experimento surgido da mistura do terror dos anos 70, que esbanja sintomas doentios em sua duração, com as regras dos anos 80 (onde a nudez e o sangue são expostos em iguais proporções), mas com toques de elegância do cinema de terror oriental que resulta em um filme para estômagos fortes e nervos de aço.

Nota:  7/10


terça-feira, 10 de março de 2015

Crítica: O Voo | Um Filme de Robert Zemickis (2012)


É mais um dia aparentemente normal de trabalho na vida do experiente piloto comercial Willian Whitaker (Denzel Whashington). Mas quando a aeronave começa apresentar problemas nos instrumentos que fazem com que o avião entre em queda livre, o piloto é forçado a tomar o comando e realizar uma manobra aérea impossível que surpreendentemente salvou todos os passageiros e a tripulação com mínimo de danos possíveis. A grandiosidade de seu feito lhe conferiu grande notoriedade e admiração, porém ao passar por exames foi constatado que Whitaker estava sob o efeito de drogas e álcool. Embora as causas do acidente evitado não foram atribuídas a sua condição, o seu futuro profissional passa a estar em xeque após uma intensa investigação que não apenas irá provar a verdade sobre este embate, mas que irá conduzir esse herói a uma jornada de redenção nunca antes imaginada por ele. "O Voo" (The Flight, 2012) é um drama estadunidense, dirigido e co-escrito por Robert Zemeckis. Em seu primeiro filme em live-action desde 2000, o cineasta tem em seu currículo obras icônicas como a trilogia "De Volta para o Futuro", "Forrest Gump - O Contador de Histórias" e "O Náufrago", embora nos últimos anos havia se dedicado de corpo e alma a animações que usavam a captura de movimento como ferramenta imprescindível em sua materialização de seus trabalhos. Mas ainda que fossem animações geniais de certo modo, Zemeckis nunca encontrou o sucesso no formato em comparação aos seus filmes em live-action. Assim "O Voo" marca o retorno de um grande cineasta, que conta uma história de heroísmo e redenção com a ajuda de outro grande ator.


"O Voo" está repleto de qualidades. Para começar pelo roteiro de John Gatins, que depois de uma série filmes relativamente fracos ("Gigantes de Aço" e "Hardball - O Jogo da Vida"), acertou em cheio ao mesclar vários elementos diferentes em volta da tragédia: a abordagem didática dos aspectos técnicos que sucedem um desastre de avião como o que serve de gatilho para os demais eventos, como um olhar imparcial sobre o alcoolismo e o consumo de drogas por pessoas que muitas vezes detêm poder sobre nossas vidas durante o exercício de sua atividade profissional. Sua visão de proporcionar uma segunda chance ao protagonista com um olhar meio que religioso gera ótimas cenas e excelentes oportunidades ao grande nome do elenco de mostrar o seu valor dentro da produção. Mas a funcionalidade do roteiro se deve em muito pela competência dos demais envolvidos: o retorno de Robert Zemeckis a histórias "reais" é mais do que gratificante, e sua abordagem que equilibra bom humor e dramaticidade é extremamente coesa com a proposta. Mas o grande destaque é sem dúvida nenhuma a interpretação de Denzel Whashington, intensa e crível até nos momentos mais improváveis, o ator confere um toque especial ao personagem. Auxiliado por um elenco de apoio com seu peso proporcional, tendo nomes como Don Cheadle, John Goodman e Kelly Reilly, suas figuras somente vem a agregar uma dinâmica positiva ao conjunto da obra. Em resumo, "O Voo" mistura bem condicionamento técnico requintado, humor excêntrico e emoções fortes entregues por ótimas interpretações surgidas de uma história conduzida com a habilidade típica de um experiente realizador. Um filme que combina apelo comercial e dramaticidade em um único pacote.

Nota:  7,5/10

domingo, 8 de março de 2015

Boyhood – Da persistência à genialidade


Alguns poucos filmes tem nos seus bastidores o seu maior brilho. Isso porque eles detêm aspectos muito singulares e ocultos em alguma etapa do complexo processo de materialização, que em muitos casos, e eu digo até na maioria deles, até superam o resultado do longa-metragem propriamente. “Boyhood – Da Infancia à Juventude” (Boyhood, 2014) é uma produção dramática dirigida por Richard Linklater (que dentre várias indicações foi premiada com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Patricia Arquette) talvez mescle com naturalidade as fascinantes curiosidades que ficaram na memória de uma produção com um filme sensível e equiparavelmente fascinante. O longa conta a história de um casal de pais divorciados que procuram criar seu filho. A trama segue todas as etapas do crescimento do jovem, que se inicia aos seus 6 anos, e se estende até os 18 anos (o papel é interpretado pelo mesmo ator em todas as etapas sem o uso de atores sobressalentes para denotar o inevitável crescimento ou efeitos de maquiagem e visuais), analisando de modo aprofundado o seu relacionamento com os pais à medida que ele cresce.

Esse longa-metragem ganhou grande notoriedade em vários círculos cinéfilos em função do fato de ter levado surpreendente tempo de 12 anos para ser concluído, tornando-se uma das produções mais longas da história do cinema. Com as filmagens iniciadas em julho de 2002, as filmagens foram realmente finalizadas em outubro de 2013. Embora tenha levado exatos 39 dias para ser filmado, onde que Richard Linklater capta de modo fantástico as nuances do cotidiano de uma simples família com pais separados (tendo sido feito estratégicas mudanças no roteiro ao longo dos anos), a produção têm no total 4200 dias de filmagens. Talvez o nível de comprometimento do elenco seja único com seu realizador, já que as mudanças físicas de atores como Ethan Hawke e Patricia Arquette soem mais sutis, a de Ellar Cortrane é gritante e genial dentro da proposta do longa-metragem. Em resumo, “Boyhood – Da Infancia à Juventude” é um pequeno filme de proporções, mas grandioso em seu resultado pela audaciosa forma que foi criado. Sobretudo, fascinante em outros aspectos mais difíceis de ser captado com a devida intensidade na tela. Um desafio logístico superado pela perseverança de seu realizador e pelo comprometimento dos envolvidos. 

sábado, 7 de março de 2015

Mãos à Obra

Se a oportunidade não bate, construa uma porta. (Milton Berle)
Fonte (I'Can Read)

sexta-feira, 6 de março de 2015

Insurgente pode ser diferente!