sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Crítica: Sabotagem | Um Filme de David Ayer (2014)


John Wharton (Arnold Schwarzenegger) é o líder de um grupo de elite do DEA. Sua reputação dentro do DEA é somente comparada ao sigilo de suas eficientes ações contra os mais perigosos cartéis de drogas do mundo. Mas quando sua equipe executa uma perigosa missão ao esconderijo de um cartel, e durante a ação se apodera ilegalmente de 10 milhões de dólares, para a surpresa dos envolvidos desse roubo esse valor some misteriosamente. E ao mesmo tempo em que os agentes são investigados pelas autoridades pelo roubo, cada um dos membros da equipe passa a ser metodicamente executado, deixando um rastro de mortos e reduzindo na lista de possíveis suspeitos o famigerado traidor. “Sabotage” (Sabotage, 2014) é uma produção estadunidense de ação policial dirigida por David Ayer. Com roteiro de Ayer em parceria com Skip Woods, a trama dessa produção gira em volta da figura do astro Arnold Schwarzenegger em vários aspectos. Diferentemente da maioria dos trabalhos em que o astro tem se envolvido nos últimos anos, onde os realizadores procuravam explorar um lado mais cômico sobre seu personagem (veja “O Último Desafio” ou qualquer episódio da franquia “Os Mercenários), essa produção busca ao seu modo ser levada a sério. Com uma dose de violência mais explícita, uma trama que não dá espaço para humor e legitimada com contornos de filmes policiais oitentistas, David Ayer entrega um filme ligeiramente interessante dentro da filmografia do astro austríaco, mas de uma carga dramática impossível de ser materializada de forma crível pelo mesmo pela complexidade teórica do personagem.

Sabotagm” possui uma ação desenfreada sempre bem-vinda, e mais do que esperada nos filmes protagonizados pelo astro. Apenas pausada pelo necessário e burocrático desenvolvimento da trama focado nas investigações que buscam descobrir o assassino que tem eliminado os experientes agentes do DEA, o trabalho de Ayer está também nos moldes de um bom thriller policial. Ayer, um hábil criador de tramas elaboradas consegue criar uma história bem funcional que exibe um bom nível de tensão entre cenas de ação quase que militarizadas pela coordenação técnica rigorosa. Executado com requintes técnicos típicos de grandes produções do gênero, não faltam tiroteios, explosões e exibicionismos para a criação da atmosfera adequada para comportar as nuances ocultas da trama que são dosadas ao espectador a medida do desenvolvimento. Com direito a uma reviravolta surpresa até mesmo para fãs de filmes investigativos, o filme carece gritantemente de um clímax original, ou ao menos com a força compatível com esforço de seu protagonista de ganhar credibilidade como ator sério, e não apenas como uma precisa máquina de matar vilões.  Mesmo tendo nomes de peso no elenco como Sam Worthington, Terrence Howard, Olivia Williams, Josh Holloway e Harold Perrineau, o filme faturou bem pouco nas salas de cinema e desencadeou algumas críticas bem inflamadas a seu respeito em grandes sites cinéfilos como Rotten Tomatoes.

Embora “Sabotage” somente é o que é em função da presença de Arnold Schwarzenegger encabeçando a produção (um filme relativamente interessante sem grandes surpresas para o gênero no qual se encontra), uma dúzia de outros astros em Hollywood teriam sido escolhas mais apropriadas ao personagem, que requeria uma bagagem dramática mais intensa. No final das contas, “Sabotage” até vai naturalmente agradar aos fãs do astro, mas talvez o filme em si tivesse ficado melhor sem ele necessariamente. E dentre as melhorias, até poderia se descartar o título “Sabotage” e substitui-lo por “Traições”, um aspecto muito mais presente no corpo e na alma desse longa-metragem.  

Nota:   6/10

2 comentários:

  1. Gostei muito do seu blog, Marcelo Keiser. Escrevo sobre filmes também, mas mais sobre quadrinhos e outros assuntos. Teria interesse em uma parceria? Aqui o endereço do meu: douglasjoker.blogspot.com

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    1. Obrigado Douglas! Agradecido pela visita e sim, desde já firmamos uma parceria para divulgarmos nossos trabalhos.

      abraço

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