quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Crítica: Transcendence – A Revolução | Um Filme de Wally Pfister (2014)


O Dr. Will Caster (Johnny Depp) é um grande pesquisador de inteligência artificial que é uma verdadeira referência ao mundo. Atualmente ele está trabalhando numa máquina que concilia a lógica com a consciência e emoções humanas ao nível da perfeição. Mas trata-se de um projeto que ao mesmo tempo se mostra surpreendente, também vem carregado de controvérsia por parte de alguns extremistas que são contra certos avanços da tecnologia. E por isso, após uma tentativa de assassinato que o leva a uma morte lenta por radiação, Will Caster convence sua esposa Evelyn (Rebecca Hall) e seu grande amigo, Max Waters (Paul Bettany) a transferir sua consciência aos limites de sua invenção. Porém o que a princípio parecia ser o rompimento de uma barreira em direção a uma inacreditável revolução, também se mostra uma perigosa catástrofe ao mundo despreparado. “Transcendence – A Revolução” (Transcendence, 2014) é um suspense de ficção científica que é a estreia de direção do diretor de fotografia Wally Pfister, que embora apresente uma boa premissa erguida sobre uma ideia ambiciosa que está sempre em alta no cinemão (a evolução da tecnologia ao inimaginável), seu realizador entrega um longa-metragem extremamente indeciso, exagerado em vários aspectos e desinteressante por não saber discutir com fluência as ideias delicadas que ressoam sobre o enredo. Lamentavelmente Wally Pfister desperdiça alternadamente as qualidades que marcam essa produção (os temas ao qual o argumento cita invariavelmente é de grande valor em uma sociedade cada vez mais conectada ao artificial), e uma atualizada perspectiva cinematográfica sempre se mostra interessante, isso quando vinda de modo envolvente. No entanto, seu realizador investe numa trama pouco atraente e por vezes tediosa focada na relação amorosa de Johnny Depp e Rebecca Hall. Consequentemente o subdesenvolvimento de qualquer ideia possivelmente promissora sabota completamente o resultado de estreia de seu realizador.


Curiosamente Wally Pfister mira alto em sua estreia. E isso se volta de modo positivo ao resultado. Se “Transcendence – A Revolução” não se mostrou tão revolucionário como ambicionava (o que consta inclusive nesse subtítulo nacional), pelo menos pode render um passatempo daqueles que ocupa o tempo e não acrescenta nada ao espectador que não espera muito dessa produção: um filme agradável por existir e desnecessário ao longo prazo. Recheado de efeitos visuais distante da vanguarda, mas funcionais aos delírios de seu realizador (a maioria deles materializados na aplicação dos benefícios da nanotecnologia) e uma direção de arte criativa e fotografia inspirada, as qualidades técnicas desse longa-metragem tem o seu valor. Mas os problemas dessa produção estão mais restritos aos aspectos humanos do que propriamente aos artificiais do desenvolvimento. O camaleônico ator Johnny Depp se mostra desinteressado em sua performance e indubitavelmente prejudicado pelo roteiro que não estabelece com confiança o caráter de seu protagonista. Além é claro, a forma como o desenvolvimento desperdiça talentos como a de Rebecca Hall (o grande nome que alavanca a trama) e o de Paul Bettanny (o fio condutor do espectador entre o passado e a degradação presente resultante dos eventos do desenvolvimento). Quanto a Morgan Freeman não é nenhuma surpresa. “Transcendence – A Revolução” está longe de ser uma ficção científica revolucionária. Dividido entre dilemas religiosos e avanços da evolução, que repousam sobre um relacionamento amoroso nada cativante, Wally Pfister não acerta o tom e o rumo de sua trama. Aparentemente seu trabalho tenta combinar uma séries de possibilidades com diferentes elementos (muito mais do que um longa-metragem poderia conciliar de modo orgânico) sem se firmar com precisão em nenhum deles. Pior, a optada pelo roteiro (focada no romance post-mortem em uma trama de conspiração) não se mostra nem de longe a melhor escolha.

Nota:  5/10

2 comentários:

  1. bacana o cartaz que escolheu. eu até gosto da ligação dele com a mulher, até pq eu acho que ele modifica ela para condicioná-la a ele. mas isso se perde, ou mudaram de ideia. a ideia central é inquietante e interessante, mas concordo que se perde em vários momentos. e fica estranha em vários outros. eu me incomodei com os recursos tradicionais de filmes americanos. aquela luta na cidade western é muito surreal, tem até corrida de carros. beijos, pedrita

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    1. Pedrita, a falta equilíbrio no caráter, ou mais propriamente pela indecisão da produção de estabelecer que Johnny Depp seja um herói ou um vilão é algo que me aborreceu muito nesse filme. Meio que ficaram em cima do murro em estabelecer isso, e aliado a uma outra série de incômodos, não pude ser generoso em conferir uma nota melhor do que a que dei. Esperava muito mais....

      bjus

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