Uma unidade especial das Forças de Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos liderada por Marcus Luttrell (Mark Wahlberg), com o apoio de Michael Murphy (Taylor Kitsch), Danny Dietz (Emile Hirsch) e Matt ‘Axe’ Axelson (Ben Foster), são enviados para uma missão estratégica de reconhecimento sobre território Afegão. Feita uma aproximação bem sucedida com o esconderijo inimigo e a confirmação do paradeiro de um dos importantes líderes do Talibã, o grupo é surpreendido com uma inusitada surpresa nas montanhas entre a fronteira do Afeganistão com o Paquistão. Não demora muito e os quatro Seals se vem lutando por suas vidas, encurralados, incapazes de pedir ajuda e em desvantagem numérica diante da ameaça inimiga. “O Grande Herói” (Lone Survivor, 2013) é uma homenagem bem pontuada aos homens que morreram em uma ação militar que fracassou em 2005. Baseado em fatos reais, essa produção tem como base a autobiografia de Marcus Luttrell (livro intitulado “Lone Survivor: The Eyewitness Account of Operation Redwing and the Lost Heroes of SEAL Team 10”) lançado em 2007 que descreve os acontecimentos daquela trágica missão. Se a crítica e o público haviam se frustrado com o trabalho anterior do diretor/roteirista Peter Berg pelo resultado decepcionante de sua realização (Battleship – A Batalha dos Mares, 2012), em “O Grande Herói” o cineasta acerta em cheio ao se prestar a homenagear com doses maciças de realismo os feitos de coragem, o companheirismo e a determinação dos soldados mortos nesse combate sem glorificar a guerra em si.
Apesar do título nacional desinteressante, Peter Berg entrega uma grande realização com a mesma precisão dos homens que ele retrata. Pois existe uma clara pressão de criar um filme que atenda as expectativas comerciais, ao mesmo tempo em que não venha a manchar a memória dos combatentes. Sem mencionar a coragem do cineasta em mostrar em detalhes o desastroso resultado que fere o orgulho dos mais patriotas. E esse aspecto remete a lembrança de outro filme (Falcão Negro em Perigo, de Ridley Scott em 2002) onde seus combatentes passaram por uma via-crúcis para resgatar um helicóptero alvejado em plena guerra civil na Somália que ceifou muitas vidas de soldados americanos. Em “O Grande Herói” Berg prima pelo realismo, e com uma introdução real que demonstra o quanto difícil é fazer parte do Seal, complementada com trivialidades de um sincero companheirismo recheado de situações corriqueiras e diálogos bem humorados do elenco principal, o primeiro ato se fecha como planejado ainda que lento. Mas após apresentar os homens na forma humana, (através de imagens de sua vida e problemas comuns de homens casados) e não apenas sendo a elite do militarismo, Berg inicia com intensidade sua claustrofóbica retratação dos acontecimentos. Ao inserir recursos de som bem escolhidos, de maquiagem, de experientes e corajosos dublês, um ritmo incessante e um impecável realismo ao tiroteio, o cineasta joga seu elenco em trincheiras improvisadas na floresta, numa fuga dolorosa que transporta o espectador para ação. Com imagens fortes, cenas emocionantes (a explosão de um helicóptero de resgate é magistralmente conduzida) o elenco se destaca com interpretações mais do que convincentes e quase impecáveis, principalmente durante o dilema moral ao qual são sujeitados, apesar do fiapo de trama com que Berg tem que trabalhar.
Em resumo, “O Grande Herói” oferece muito com pouco. Surpreendentemente o contexto político é ignorado, como a estampa patriótica é escondida na maior parte do tempo prevalecendo critérios mais emocionais (a camaradagem e o companheirismo entre os soldados) para que o grupo continue perseverante diante da ameaça. Embora esteja dividido entre cumprir seu dever como produto de divertimento, e se mostrar uma obra envolvente e sincera com a memória daqueles que não resistiram ao desigual combate, Peter Berg equilibra bem ambos os propósitos sem danificar o conjunto.
Nota: 8/10
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