terça-feira, 15 de outubro de 2013

Crítica: Tudo pelo Poder | Um Filme de George Clooney (2011)


Mike Morris (George Clooney) é um governador democrata e candidato a presidência pelas primárias, que passa no exato momento pelo Estado de Ohio, em uma disputa acirradíssima com outro candidato representado por Pullman as vésperas das eleições. Morris estampa uma conduta liberal, com discursos afinados e respostas na ponta língua para debates sobre temas polêmicos. Um propenso candidato que tem grandes chances de vencer, embora seus assessores, Paul (Philip Seymor Hoffman) e Stephen (Ryan Gosling) os marqueteiros de sua campanha julguem necessário fazer alguns tratos políticos pouco ortodoxos para conseguir apoio, mesmo contra sua vontade. Mas em meio à fachada bem construída do governador (inteligente, pai de família e cheio de boas intenções), nos bastidores ele comete o pecado capital da política norte-americana: ele envolve-se com a estagiária Molly (Evan Rachel Wood) num caso em que Stephen tenta resolver em segredo para que não venha a público. Porém, após uma proposta do coordenador da campanha do candidato adversário, Tom Duffy (Paul Giamatti) de mudar de lado, Stephen vê seu mundo desabar. Mas detentor de um grande segredo sobre Morris, Stephen irá contra tudo e contra todos para manter sua posição privilegiada na política, mesmo tendo que jogar sujo anulando qualquer resquício de ética existente no meio. “Tudo pelo Poder” (The Ides of March, 2011) é um enxuto drama política sobre os bastidores do poder conduzido por George Clooney em sua melhor direção da carreira.


Com uma história que prende a atenção pelos personagens, o roteiro escrito a três mãos (de responsabilidade de George Clooney, Grant Heslov e Beau Willimon), entrega ao espectador algumas nuances dos bastidores da política com muita dinâmica, deixando a cargo do argumento o maior brilho dessa produção. A cobertura dada ao cabo de guerra travado entre as assessorias de imprensa de cada candidato tem a certa altura o maior foco, como também a exibição didática das estratégias necessárias para se conseguir uma vitória (manipulação de mídia junto aos canais de comunicação, antecampanha que funciona como contra tempo aos adversários, o uso de alianças politicas desonestas e de conveniência materializada por um senador, entre outras mais), confere uma agilidade narrativa antenada com a proposta desse longa metragem, mesmo que não apresente grandes novidades. Mas a corrupção do vale tudo da política, alcança outros níveis, como na personagem da jornalista Ida (Marisa Tomei), voraz por um grande furo de reportagem não hesita em fazer todo tipo de chantagem para consegui-lo. Com atuações fantásticas, quase reais de tão convincentes, o elenco impressiona. George Clooney que apesar de interpretar um homem acima de qualquer suspeita (não sendo apenas seu empregador, mas um ídolo para Ryan Gosling) não está isento de cometer erros como qualquer eleitor. Ryan Gosling, casado com o trabalho, transpõe um homem cheio de idealismo que sofre uma transformação (inevitável dependendo do ponto de vista) distanciando-se do lado cômico do primeiro ato. Qualquer vestígio de ingenuidade vai se perdendo a medida que a trama vai ganhando novos contornos. O papel de Evan Rachel Wood, um clichê no mundo da política é um causador de tensão que desencadeia os melhores diálogos entre Gosling e Clooney. Como Phillip Seymor Hoffman, alternado entre momentos de tranquilidade a extrema intensidade, enquanto Paul Giamatti arquiteta inteligentemente sua estratégia de estabilizar seus oponentes, todos os atores entregam personagens incríveis. Como o próprio cartaz evoca, os personagens possuem um outro lado diferente do qual se apresentam.

George Clooney se mostra uma das personalidades mais vívidas do cinema da atualidade, frente ou atrás das câmeras. Se em filmes como “Confissões de uma Mente Perigosa” ou “Boa Noite e Boa Sorte” mostrava talento, em “Tudo pelo Poder” (além de uma brilhante atuação) ele se mostra maduro o suficiente para dirigir o projeto que bem entende. Sem ter a pretensão de ser moralista, ao mesmo tempo sendo hipócrita (a parte onde Stephen diz a Morris: “You can lie, you can cheat, you can start a war, you can bankrupt the country, but you can’t fuck the interns!”) subentendido que todo o resto é permitido independente do quanto ilícito é o crime, mostra toda a funcionalidade de um roteiro sem grandes novidades, mas apresentado com habilidade tudo o que uma corrida presidencial dá direito. E mesmo que o destino dos personagens no terceiro ato não gere uma ávida curiosidade, Clooney se mostra ainda mais um grande condutor, quando acerta na escolha do momento certo do desfecho que antecede a subida dos créditos finais. Um grande filme!

Nota:  8/10

2 comentários:

  1. Se existe um ator com cara de político......esse ator é George Clooney. Sem dúvida.

    abs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Isso é verdade! Ele tem tudo que um político precisa para cativar eleitores.

      abraço

      Excluir