Durante o declínio do Império Maia, pouco antes da colonização européia iniciada pelos espanhóis na América Central, um pequeno grupo que vive na floresta tropical é dizimado, e onde muitos eram capturados pelos grandes governantes do Império Maia para servirem de escravos ou oferenda aos deuses. A construção de grandes templos e sacrifícios humanos era vista por suas lideranças como a chave da prosperidade desse povo. Jaguar Paw (Rudy Youngblood) filho do líder de um desses vilarejos invadidos, é um dos membros dessa civilização que tenta a todo custo defender sua família desses violentos ataques. "Apocalypto" (Apocalypto, 2006) foi o filme que o cineasta Mel Gibson optou realizar após o controverso "Paixão de Cristo" (2004), no qual acompanhamos as últimas horas de Jesus Cristo antes da crucificação. Da transposição cinematográfica rica em detalhes e fiel do símbolo religioso cristão apresentada ao mundo pelo cineasta, não era de se surpreender que Gibson fizesse o mesmo com a cultura histórica referencial dos Maias. Numa aventura eletrizante, amparada por uma estrutura técnica impecável, o famoso ator e cineasta nos transporta para esse universo de história, que bem observada, pode nos ensinar alguma coisa além de meramente entreter.
O uso de histórias do passado bem fundamentadas, com o propósito de traçar um paralelo com a realidade atual, tendo como finalidade causar reflexão no espectador, não é nenhuma novidade. Na verdade, de certo modo já virou regra em hollywood para justificar sua existência, ou as sequências sanguinolentas incrustadas na história. A diferença dessa obra é conjunto técnico impecável no qual é estruturado. O uso do idioma nativo usado na época, apesar de ser uma escolha arriscada, somente veio a enriquecer a produção. Além do mais, os figurinos, a maquiagem e as locações dão uma perfeita ambientação a trama e as motivações em volta da história. Naturalmente, os estudiosos - profundos conhecedores da cultura Maia - não deixaram de fazer seus protestos em relação as incoerências da obra e soluções poéticas da obra. No entanto, mais do que uma retratação documental de fatos ocorridos na civilização Maia, o trabalho de Mel Gibson apresentado em "Apocalypto" foi criado com a função de entretenimento, rico visualmente e envolvente para o público. Agora se você quer um programa documental fiel, é mais provável que encontre o que procura no History Channel.
Nota: 7,5/10
Vi esse ótimo filme no lançamento em DVD. Pena que não teve muito respaldo junto ao público.
ResponderExcluir"O uso do idioma nativo usado na época, apesar de ser uma escolha arriscada, somente veio a enriquecer a produção."
Adorei essa sacada de Gibson, desde o hebraico, latim e aramaico em A Paixão... É uma jogada mesmo arriscada. Mas, ao mesmo tempo, o cineasta aposta na falta de conhecimento do grande público, que não vai entender alguma eventual falha (a não se que o filme seja visto por um erudito)...
Ótimo site. Bom conteúdo! Seguindo. Abraço!
Obrigado Kleiton. É prazer te-lo no blog como seguidor!
Excluirabraço
Desculpa Marcelo, mas quando vi sua crítica nem parei pra ler, pulei logo pros comentários. =D
ResponderExcluirAcho essa produção primorosa e um retrato rico da história, Mel Gibson como diretor foi espetacular assim como em "Paixão de Cristo". Os atores falando o dialeto original da época, o figurino (ou a falta dele), a caracterização, as cenas de violência que as tribos sofriam e o drama do parto da jovem sob terríveis circunstâncias são só algumas das coisas que achei incríveis. Só de lembrar da cena final em que os navios colonizadores estão se aproximando da costa chego a me arrepiar. Gostei demais e sempre indico.
As escolhas arriscadas de Gibson para sua transposição cinematográfica da história se revelou bastante satisfatória. Também sempre indico a quem ainda não assistiu!
ExcluirBeijos