quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Crítica: Os 12 Macacos | Um Filme de Terry Gillian (1995)



Filmes de ficção científica onde a viagem no tempo é o combustível que movimenta toda a trama sempre desperta algum fascínio sobre o espectador comum. Principalmente a mim, confesso. Ainda mais quando Hollywood junta grandes astros do cinema (Bruce Willis, Brad Pitt e Madeleine Stone) numa parceria com um cineasta autoral como Terry Gillian, para criar uma atmosfera única em um longa-metragem que até pode não superar outras de suas obras (Brazil), mas mesmo assim o filme "Os 12 Macacos" (Twelve Monkeys, 1995) mostra-se perfeitamente relevante aos fãs do gênero por sua competência e pontualidade climática. A história começa no ano de 2035. A humanidade sobrevive enclausurada no subterrâneo após a dissipação de um vírus na década de 90 que praticamente erradicou a raça humana da terra. A superfície do planeta acabou sendo dominada consequentemente pela vida selvagem que sobreviveu a ameaça mortal. Os poucos sobreviventes humanos que restaram, procuram meios para reverter à situação agindo das profundezas da civilização. Assim um grupo de cientistas envia “voluntários”, ora para ir a superfície buscar amostras biológicas do tal vírus nas atuais condições, ora no tempo, mais precisamente ao passado, para coletar amostras do vírus inalterado pelas condições do tempo e informações sobre um grupo chamado “Os 12 Macacos”, com a finalidade de criar uma cura eficiente. Nessa tarefa, James Cole (Bruce Willis) uma espécie de voluntário forçado viaja no tempo para localizar a causa do vírus e conseguir a informações relacionadas ao tal grupo. Não demora muito para que ele seja rotulado como louco pela doutora Kathryn (Madeleine Stone), ao profetizar sobre o holocausto viral que está por vir. E na clínica psiquiátrica acaba ao qual foi internado acaba conhecendo Jeffrey Goines (Brad Pitt), um paciente delirante que se revela ser uma peça fundamental sobre o misterioso grupo “Os 12 Macacos”.



O cineasta Terry Gillian criou uma ficção angustiante em um ambiente desolador. Uma produção cuidadosa em criar um mundo pós-apocalíptico coerente com a trama. Deprimente na superfície dominada pelos animais, evidentemente sucateada no subterrâneo pelos homens. Uma mistura de tecnologia retrô com uma capacidade tecnológica impressionante apesar das condições físicas. Porém, inclusive o presente momento anterior à tragédia biológica ganha um contorno cinza e subversivo que indica o caminho da humanidade. Mérito a uma belíssima direção de fotografia que viabilizou a importância dessa crescente medida. Se o futuro é perturbador visualmente, o presente dá indícios que independente de qualquer tragédia anunciada ele se direciona para isso. Ponto para a trilha sonora que acentua os momentos de reflexão que a trama carrega em seu contexto. O elenco encabeçado por Bruce Willis funciona bem devido ao esmero do roteiro que explora as possibilidades geradas pela premissa de forma inteligente, e não complicada. E se Willis está bem como mensageiro do armagedon e salvador da pátria, visivelmente castigado por essa tarefa, diga-se Brad Pitt, no papel de interno em uma clinica psiquiátrica, numa interpretação alucinada que leva aos extremos sua capacidade de gerar personagens de grande delírio. Enquanto Madeleine Stone balança sobre sua interpretação, de cética profissional a seguidora inabalável desse herói, o roteiro cria uma transição estrategicamente convincente. E se as interpretações estão coerentes com o enredo, o material no qual consiste toda formulação da trama está melhor. O roteiro não deixa furos e a trama está bem disponibilizada ao espectador, com direito a reviravoltas que prendem a atenção e um desfecho que mostra porque essa produção não é apenas mais uma ficção científica costurada. Coincidências a parte, tudo tem explicação entre as óbvias e as sutis deduções apresentadas nas entrelinhas desse filme. 

Por fim, “Os 12 Macacos” é um filme competente em sua proposta. Não abusa de forma irresponsável das viagens no tempo, que geralmente são o calcanhar de Aquiles dessa temática. Como também apresenta a devida profundidade desse universo caótico criado por Gillian, mesmo tendo à corrida contra o tempo ao qual os personagens são envolvidos pela trama conspiratória e pelas revelações que desencadeiam toda a ação. Se você não assistiu ainda, volte até os meados da década de 90 e confira. Imperdível!

Nota: 8/10

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