É difícil falar da presença do aracnídeo nas telonas sem fazer menção ao trabalho de Sam Raimi, que dirigiu três filmes protagonizados pelo herói. Ao primeiro (Homem-Aranha, 2002), que apresentou sua visão do “negócio” ao mundo de maneira que não somente faturou um dinheirão como também abriu os olhos dos executivos para seu potencial, o segundo (Homem-Aranha 2, 2004), que somente enfatizou o carisma que o personagem exercia sobre o publico criando o extraordinário filme da série, e por fim, o terceiro filme (Homem-Aranha 3, 2007), o menos sucedido, mas também interessante, que se perdeu um pouco ao querer satisfazer vários fãs ao mesmo tempo quando inseriu uma infinidade de personagens diferentes e complexos num único episódio sem um roteiro tão cuidadoso quanto os anteriores – a responsabilidade do equívoco é assumida pelo produtor Avi Arad em tom de lamento. O filme perdeu como consequência vários elementos particulares que consagraram essa franquia. Observando a retomada do “negócio” através de "O Espetacular Homem-Aranha" (The Amazing Spider-Man, 2012), essa realização somente vem a selar a grandiosa importância do personagem e seu legado aos saudosos fãs e eventuais espectadores, como também e senão principalmente, de como o visionário cineasta Sam Raimi o consagrou de forma tão natural mesmo sob a pressão de estar comandando um fenômeno de bilheteria que faturou mais U$$ 2,5 bilhões. Através desse novo capítulo na saga do herói o diretor Marc Webb (500 Dias com Ela) vem à promessa de se aprofundar mais nas origens do personagem adotando uma narrativa mais fiel aos quadrinhos de Stan Lee como uma abordagem mais sombria e profunda dos personagens ligados ao Homem-Aranha – mais necessariamente ao pai do Homem-Aranha.
A história começa com o desaparecimento dos pais de Peter Parker (Andrew Garfield) ainda quando criança, quando em seguida é levado aos cuidados da Tia May (Sally Field) e do Tio Ben (Martin Sheen). Alguns anos depois com Parker tendo seus olhos voltados apenas para o estudo e para Gwen Stacy (Emma Stone) ocasionalmente tem que lidar com problemas de sociabilidade no colégio. Numa guinada do destino, quando suas maiores preocupações ainda consistiam em sua paixão platônica pela garota perfeita e nos fascinantes estudos aos quais ele era fascinado, ele é picado por uma aranha geneticamente modificada que além de lhe conferir grandes poderes, também atribui a Parker uma grande responsabilidade. Após a morte de seu tio num desalmado assassinato, Peter encontra em seus poderes uma oportunidade de fazer justiça com as próprias mãos, que o leva a um confronto com o vilão Lagarto (Rhys Ifans) cujos poderes oriundos do mesmo princípio genético o tornam um adversário perigoso e letal.
Essa produção está repleta de surpresas, umas boas e outras ruins. Dentre as boas vem à escolha do elenco que supera as expectativas, mesmo que no caso de Andrew Garfield abandone a postura de jovem bobão que o espectador presumidamente esperava. Houve uma espécie de atualização no personagem mais coerente com a atual condição dos jovens. Como já dá indícios de sua pretensão à carreira fotográfica que é marca do personagem, além de também delinear seu laço de amizade com o doutor Curt Connors que sempre de forma sutil era sugerido ser o próximo antagonista do Homem-Aranha nas produções de Sam Raimi e que nunca se concretizou realmente. A escolha do par romântico de Parker não podia ser melhor, pois rola uma química entre o casal que não deixa a desejar de forma alguma, mesmo que a atriz não faça jus ao papel de assistente do Doutor Connors de forma coerente. A probabilidade de uma estudante por mais brilhante que possa ser é distante de uma possível realidade convencional. Culpa do roteiro recauchutado de Alvin Sargent, James Vanderbilt e Steve Kloves, que de todas as formas fazem com que os personagens se interliguem de forma pessoal. E o Doutor Connors interpretado por Rhys Ifans nos traz um oponente fascinante à tela ao ser composto com a profundidade necessária. O Lagarto é uma combinação da interpretação de Ifans com a sobreposição de efeitos visuais, na qual o personagem perde o grande focinho de sua referência nos quadrinhos ganhando feições mais humanas para refletir visualmente o trabalho de Ifans.
Quando Sam Raimi transpôs sua versão do herói aracnídeo descartou de primeira a possibilidade de Peter Parker criar por si só o lançador de teia que o personagem tem preso a seus pulsos, porque achava que algo tecnologicamente tão moderno não poderia sair da mente de um mero estudante. Não somente por uma questão de criação, mas também pela difícil e improvável capacidade de execução de um aparato dessa natureza. Assim, junto com seus demais poderes de aranha Peter Parker recebeu a capacidade física de disparar as teias naturalmente. No caso de Webb, optou por seguir sua fonte dos quadrinhos que prega o uso de um acessório. Fico com a escolha sensata de Raimi sem condená-lo. O lançador de teia podia funcionar bem no formato dos quadrinhos, mas no formato cinematográfico flerta como sendo um devaneio extraordinário distante da realidade. O filme de Marc Webb exibe efeitos visuais mais realistas, que não se sustentam apenas no CGI. “O Espetacular Homem-Aranha” abandonou um pouco a revolução digital e investiu na aplicação de dublês que se penduraram em gruas de até 90 metros de altura. As cenas de ação ficaram curtas, mas ao mesmo tempo bacanas. Tem uma sequência meio videogame um pouco forçada, mas necessária para dar a noção da perspectiva do herói em ação. E a aparição certa de Stan Lee nessa produção certamente ganha o prêmio de melhor aparição de todos os filmes nos quais ele já perambulou.
Marc Webb vem com uma proposta inovadora de se aprofundar mais no universo do herói ao abordar o passado de Richard Parker e a influência que ele teve sobre o destino de Peter. Apesar dessa pretensão é inegável que “O Espetacular Homem-Aranha” não passe de um reboot do trabalho de Raimi, pois ao contar todos os acontecimentos em volta de como Peter Parker transformou-se no Homem-Aranha, possivelmente poderia ser ignorado alguns detalhes e presumindo que essa questão não se trata mais de nenhuma novidade. Essa repetição pode ser vista como desgastante depois da trilogia de sucesso de Raimi protagonizada por Tobey Maguire. Apesar do resultado satisfatório dessa produção, pelo conjunto da obra, o anúncio da reinvenção da série ainda assim apresentou apenas um esboço do que poderia ter sido deixando margem para outras convenientes continuações.
Nota: 7/10
Achei muito cedo para refazer o filme. O problema de Hollywood hoje em dia é isso, nem esperam esfriar e já estão gravando de novo. Parece que vem outro filme sobre Cinderela. Aff, não tem mais novidades....
ResponderExcluirAbraços!
É! Por melhor que tenha ficado, ainda assim se apresenta desnecessário e precoce.
ResponderExcluirabraço Silvia
Olá Marcelo, como vai? ;)
ResponderExcluirEu gostei muito dos filmes anteriores, mas confesso que achei o espetacular beeeem melhor, justamente por nos mostrar um Peter menos caricato e mais atual, como mencionado. Eu não conhecia a história original, mas alguns amigos meus comentaram que este novo filme é mais fiel aos quadrinhos, então para mim foi mais um ponto legal :)
Também sou fã do ator que interpretou o herói, e não gostava muito do anterior rsrs o que rendeu mais um pontinho extra na minha opinião.
Também acho que, conforme a Silvia disse, era um pouco cedo, mas valeu como entretenimento :)
Grande abraço e boa Quinta!!
Oi Sam...
Excluirtudo bem...
Obrigado pela visita.
Quanto ao filme, esse novo episódio divide opiniões apesar de ter ficado legal. Para mim fica aquela sensação de que poderia ter ficado melhor. Enfim... Esperamos a continuação para ver no que vai dar.
abraço e até a próxima!