Depois do excelente “Conduta de Risco” lançado em 2007, que marcou a estreia de Tony Gilroy na direção, seu segundo filme intitulado "Duplicidade" (Duplicity, 2009), repete com excelência uma hábil incursão atrás das câmeras, onde ele filma um roteiro extremamente inteligente de sua própria autoria. Desde a o inicio da sequencia de abertura a subida dos créditos finais, o espectador é incessantemente bombardeado com diálogos legais, cenas curiosas e um baile de atuações de natureza cool bem ao estilo de “Onze Homens e um Segredo”. A história foca na interação entre Clive Owen e Julia Roberts, onde ambos são experientes espiões que agem a serviço de duas megacorporações da indústria de cosméticos. Nesse trabalho, planejam juntos uma jogada milionária – roubar uma fórmula de shampoo revolucionaria que é capaz de fazer crescer cabelo – usam seus conhecimentos de inteligência, e recursos de espionagem moderna e passam a agir estrategicamente como agentes duplos para seus contratantes. Porém o maior obstáculo para que consigam obter sucesso nessa empreitada, ainda consiste na constante desconfiança que nutrem um pelo outro, típico comportamento preventivo de qualquer agente especial bem treinado.
A relação duvidosa do casal que se apresenta por todo o filme, deixa o espectador confuso e intrigado a cada reviravolta do roteiro. Trata-se de um festival de clichês bem executados – cheio de flashbacks que são colocados mais para confundir do que para esclarecer os fatos – e que prendem a atenção do espectador, que instintivamente procura uma antecipação do desfecho que a direção somente entrega mesmo no final. O curioso ambiente de espionagem ao qual os protagonistas são expostos, que é dado uma relevância que chega parecer que estão evitando a terceira guerra mundial, o diretor usa e abusa da narrativa do gênero e macetes de um bom filme de espionagem internacional. O que é hilário, sendo que todo trabalho desses personagens é voltado ao mundo corporativo da beleza, que se demonstra tão competitivo quanto se tivessem interceptando mísseis nucleares para zonas de conflito no Oriente Médio.
Contudo as melhores atuações não consistem nos duelos verbais de Clive Owen e Julia Roberts ou na condição em que se encontram; Tom Wilkinson e Paul Giamatti também estão ótimos em suas interpretações, como magnatas da indústria a qual o casal presta serviço. Mas caso alguém condene o casal de golpistas pela inescrupulosa atitude de roubar seus patrões, basta ter um pouco de contato com os chefões do negócio, para você torcer para que tudo dê certo para a dupla de espiões traidores. Tanto Giamatti quanto Wilkinson estão, talvez propositalmente, estampando a imagem do mundo corporativo que reside no imaginário da sociedade. Enfim, "Duplicidade" é uma comédia romântica disfarçada de filme de espionagem e suspense. Por isso, talvez seja tão inspirada e divertida como poucas comédias conseguem ser. Foge do convencional sem ser pretensiosa, mas atende ao mesmo público que esperava – independente do sucesso do golpe ou não – que os protagonistas ficassem juntos no final livres de qualquer vestígio de desconfiança.
Nota: 8,5/10
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Nota: 8,5/10
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Este filme é sempre exibido na tv a cabo, mas ainda não conferi.
ResponderExcluirSempre fico com um pé atrás com filmes que misturam policia ou ação com comédia.
Abraço
Acredite! Esse é no mínimo legal.
Excluirabraço