sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Crítica: O Caçador de Pipas | Um Filme de Marc Forster (2007)



Seguindo uma tendência em alta dos últimos anos, foi apenas uma questão de tempo para que o best-seller da autoria de Khaled Hosseini fosse finalmente adaptado para a telona. E inevitavelmente foi o que aconteceu. E certo que foi adaptado para o cinema com todos os cuidados necessários para transpor a essência da obra com a mesma magnitude que consagrou o livro. Por isso não é difícil constatar que O Caçador de Pipas (The Kite Runner, 2007), é uma adaptação bem feita de um romance emblemático que passou a ser leitura mais do que necessária a qualquer ávido leitor. 

O filme acompanha de perto a amizade de Amir (Zekeria Ebrahimi) e Hassan (Ahmad Khan Mahmidzada), dois inseparáveis amigos que se divertem em um torneio de pipas. Após a vitória neste dia um trágico acontecimento é sofrido por Hassan, testemunhado passivamente por Amir, e marcando para sempre a vida de ambos. Amir, após os conflitos serem intensificados em Cabul devido à guerra e o avanço das tropas soviéticas sobre território árabe, viaja sob o clima de fuga com seu pai para longe de sua terra natal e passa a viver nos Estados Unidos. Após um inusitado telefonema retorna ao Afeganistão após 20 anos com a intenção de corrigir seus erros de infância. Porém ele se depara com uma nação desfigurada, diferente de suas lembranças, reconfigurada pelo governo talibã. Amir (agora adulto, interpretado por Khalid Abdalla) passa a ser um turista em sua própria terra, o que não ajuda em seu desejo de consertar seus erros passados.

A transposição do livro para tela está perfeita, demonstrando imensos cuidados na produção e numa perfeita ambientação dos personagens. O elenco, principalmente infantil está bárbaro, apesar da pouca experiência e da responsabilidade conferida aos garotos, pelo fato de que apesar da história ultrapassar décadas, os momentos do enredo mais enfáticos residem na infância dos personagens, cumprem com seu papel com a competência de veteranos. E como no livro, as circunstancias traumáticas que avaria a intensa amizade da dupla, também é igualmente provocante na telona.

As escolhas da direção de Marc Forster, onde ele rejeita a ideia de um longa-metragem todo falado em inglês, apesar do possível boicote do público americano, que tem aversão a legendas, foi uma decisão corajosa e grata a essa produção. O filme deveria ser filmado em Cabul, mas por conta do clima de instabilidade que a região é assolada, recorreu a outras locações. Mas não abriu mão, da necessidade de utilizar atores mirins, mesmo desconhecidos do grande público, mas residentes do Afeganistão. Enquanto os adultos, o escocês de ascendência egípcia Khallid Abdalla transpõe um Amir fiel a sua origem literária, ao mesmo tempo em que o iraniano Homayoun Ershadi (pai de Amir) apresenta uma interpretação emocionante. 

Através de O Caçador de Pipas, Marc Forster apresenta uma adaptação delicada, sublime em certos momentos, possivelmente fruto da participação bem sucedida do roteirista David Benioff (A Última Hora), que descreve com emoção uma história que aborda de forma sensível as variações do amor e as consequências do preconceito e da realidade da guerra sobre a natureza humana, vistas pelo olhar de duas crianças. 

Nota: 7/10

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