Depois do sucesso inegável da série X-Men nos cinemas, a coisa mais óbvia para os estúdios era pegar o personagem mais popular da franquia e fazer um filme solo dele. Não vamos culpar a Marvel de tentar ganhar mais com o mesmo. Antes de qualquer coisa, tudo que gira em volta das transposições cinematográficas de conhecidos personagens de HQs é feito com a intenção de gerar lucro. Apenas isso. Não podemos como fãs esperar outra coisa dos responsáveis, como melhorias em algo que funcionava muito bem sem a ajuda de Hollywood. O problema é que depois dos dois primeiros filmes dirigidos por Brian Singer os fãs, e inclusive eu, criaram em seu imaginário as milhares de possibilidades para o personagem que infelizmente não se concretizaram em sua totalidade.
O personagem também conhecido como Logan é canadense, de temperamento irritadiço, cuja capacidade de regenerar é instantânea e que retarda o processo de envelhecimento de seu corpo. Seu esqueleto é recoberto por adamantium, um metal de natureza fictícia, inventado por seus criadores, que o torna indestrutível, e mortal quando usa suas garras que saem instantaneamente de suas mãos de acordo com sua vontade. Apesar de não ter lembranças de seu passado anterior à inserção cirúrgica do adamantium, os mistérios de suas origens foram sendo reveladas em uma fabulosa minissérie em quadrinhos chamada Origin, que passou a esclarecer vários detalhes do passado do personagem.
O filme "X-Men Origins – Wolverine" (X-Men Origins – Wolverine, 2008) é focado justamente a partir da minissérie “Origin”, mostrando Logan (Hugh Jackman) ainda quando criança, ao lado de seu meio-irmão Victor Creed (Liev Schreiber) que posteriormente ficou conhecido como “Dentes de Sabre”. Atravessando décadas em guerras, matando e morrendo, ressuscitaram até caírem nas graças de William Striker (Danny Huston) que os recrutou para uma divisão especial composta por soldados incomuns – todos mutantes com poderes diferentes. Logan deserta devido aos assassinatos inadmissíveis cometidos pelo grupo e se afasta da violência até o momento que ele é novamente recrutado para impedir que Dentes de Sabre - segundo Striker, que se encontra enlouquecido e descontrolado – continue a matar antigos membros do grupo de soldados especiais. Striker insere em seu corpo o tal adamantium onde é revelado as verdadeiras intenções dele na experiência, causando a fuga de Wolverine.
Se houve alguma intenção de fazer um filme destacando prioritariamente o papel do personagem título, essa ideia foi por água abaixo, a partir do momento em que começa a desfilar uma infinidade de outros personagens da Marvel (Wraith, Blob, Gambit, White Queen, Silverfox, Ciclops entre outros) estragando uma boa premissa e a esperança dos fãs – de Wolverine – de ter um filme a altura do ícone. O personagem Wolverine tem material bom e de sobra para segurar uma trama cinematográfica sozinho. Assim se repete um equivoco cometido em “X-Men – O Confronto Final”, tonteando o espectador com uma variedade exaustiva de personagens, meramente com a intenção de agradar todos os seguidores do formato em quadrinhos.
Apesar de nutrir certo carisma pelo personagem “Gambit”, sua presença foi um pouco desnecessária dentro da trama ou apenas mal transposta. Não é crime que nos percalços de sua trajetória, Wolverine cruze com futuros colegas do X-Men, porém deveria se ter mais cuidado com a elaboração dessa coincidência. Por isso um dos maiores defeitos da produção ficam por conta do roteiro – mal elaborado – e pelos efeitos especiais, que transparecem estar inacabados e feitos as pressas. Isso quando se demonstram desnecessários por conta da falta de coerência da trama. Mesmo com uma direção preocupada com o visual do filme (mais do que com a trama) o diretor sul africano Gavin Hood não empolga nas cenas de ação que se espalham pelo longa, exceto pela brilhante introdução. A maior decepção fica por conta do clímax, com ares de improviso, que é importantíssimo para se definir as possibilidades de uma continuação.
Nota: 7/10
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