domingo, 19 de agosto de 2018

Crítica: A Juventude | Um Filme de Paolo Sorrentino (2016)


Fred Ballinger (Michael Caine) e Mick Boyle (Harvey Keitel) são dois velhos amigos com quase 80 anos de idade e estão passando uma temporada em um elegante e luxuoso nos pés dos Alpes Suíços. Enquanto Fred é um maestro que está aposentado que sempre passava as férias com sua esposa nesse lugar, Mick é um diretor de cinema que anseia pela criação de sua obra-prima e não consegue parar com essa vida enquanto não conseguir um desfecho para sua história. Com muito tempo e pouca coisa para fazer, Fred passa o seu tempo recordando do passado ao lado do amigo e observa as coisas que estavam dadas como certa em sua vida mudando pela influência do destino. “A Juventude” (Youth, 2016) é um drama colaborativo entre Inglaterra, França, Suíça e Itália que foi escrito e dirigido pelo cineasta e roteirista italiano Paolo Sorrentino (responsável pelo cerebral “A Grande Beleza”, de 2013). Estrelado por Michael Caine, Harvey Keitel, Rachel Weisz, Paul Dano e Jane Fonda, “A Juventude” concorreu a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2015. Depois de ter ganhado o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por A Grande Beleza”, Paolo Sorrentino entrega mais uma obra formidável para cinema.

Embora “A Juventude” tenha o cruzamento das histórias dos personagens de Michael Caine e Harvey Keitel como o foco da trama e principalmente sendo o material necessário para se criar uma rápida sinopse para mídia, há uma infinidade de outros personagens tão ou mais fascinantes quanto eles os cercando: como o de Rachel Weisz, filha do compositor e recém-separada que encontra uma reaproximação com o pai por essa suposta tragédia; o ator Paul Dano que ficou famoso pela interpretação de um robô e sua busca pela construção do personagem perfeito para seu próximo filme; e Madalina Ghenea, como a Miss Universo (essa dona de uma cena antológica que estampa o cartaz acima). Há uma intensa construção de personagens se passando no decorrer do filme que é impossível de não ser notada, e mais ainda, admirada pelo público. O roteiro e a direção de Paolo Sorrentino acomoda um condicionamento técnico sublime, onde as locações campestres, a direção de fotografia e a trilha sonora são de uma grande beleza e por vezes irretocáveis. Embora “A Juventude” tenha inúmeras qualidades, tanto técnicas quanto criativas, é imprescindível que algo seja dito sobre a atuação de Michael Caine nesse filme: seu desempenho é fantástico e mostra ainda toda a sua capacidade de compor personagens singulares apesar da idade avançada.

A Juventude” é um filme brilhante sobre os variados aspectos da vida e da morte; sobre a juventude e a velhice e sobre a amizade e solidão. É tudo acomodado em uma plataforma cinematográfica comovente marcada por passagens de intensa sensibilidade, de humor inteligente e de um tom ocasionalmente filosófico. Genial do jeito que é e capaz de provocar o desejo de refletir sobre o tempo que passa diante de nossos olhos.

Nota:  8/10

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