terça-feira, 22 de abril de 2014

Crítica: Histórias Que Nossas Babás Não Contavam | Um Filme de Osvaldo de Oliveira (1979)


A Pornochanchada foi um gênero de cinema nacional nascido na década de 70 na região de São Paulo e que contou com inúmeras produções de grande apelo comercial que compõe um acervo gigantesco de filmes. Vários diretores e atrizes conceituadas hoje tiveram seu início de carreira envolvidas em produções daquela época e desse gênero. Normalmente esses filmes eram providos de muita criatividade e poucos recursos que geraram produções no mínimo interessantes, algumas pérolas que levaram muita alegria a uma geração. "Histórias Que Nossas Babás Não Contavam" (1979) é um bom exemplo dessa fase cinematográfica nacional. Numa mistura temperada de bom humor e fantasia com toques de erotismo soft, o diretor Osvaldo de Oliveira desconstrói o icônico conto de fadas da Disney (Branca de Neve e os Sete Anões), transformando-o em uma animada paródia pornô suavizada. Em sua história acompanhamos a princesa Clara das Neves (Fátima Adele), uma voluptuosa linda mulata que sempre despertou  inveja na rainha (Meiry Vieira). Assim, quando o rei morre a rainha encomenda a morte da princesa com um caçador (o saudoso humorista  Costinha). Mas seu plano não corre como planejado e Clara das Neves foge e vai morar com uma turma de anões (6 héteros e um homossexual) bastante curiosos e tarados.

Naturalmente com pouca qualidade de roteiro (os diálogos são ridículos), uma produção rala de qualidade técnica (hoje qualquer vídeo postado no YouTube não perde em quase nada para essa produção), um figurino feito nas cochas, "Histórias Que Nossas Babás Não Contavam" não tem momentos de genialidade ou passagens inspiradas como outras produções do gênero. Em contrapartida tem uma simplicidade interessante que diverte e seduz sem fazer esforço. A pornochanchada vista com um olhar nostálgico tem mais força, embora esteja sempre disponível para ser descoberta em alguns canais do YouTube por aspirantes descobridores (igual a mim). Criticado por uns e idolatrado por muitos outros, esse celebrado gênero marcou a história do cinema nacional de forma a se tornar memorável criando clássicos que frequentemente são relembrados em blogs cinéfilos e grandes portais de cinema. Filmes como "Dona Flor e Seus Dois Maridos" de 1976, dirigido por Bruno Barreto; "A Dama da Lotação" de 1978, baseado em um romance de Nelson Rodrigues; "O Bem Dotado, O Homem de Itu" de 1979; entre outros que se tornaram clássicos inesquecíveis são filmes que tem lugar garantido no gosto de apreciadores do gênero. Em resumo, "Histórias Que Nossas Babás Não Contavam" é o tipo de filme que irá agradar um público mais específico, não sendo para todos os gostos. Tem as cicatrizes do tempo em sua estética narrativa, além das limitações óbvias. Mas apesar da idade, mostra que pode agradar tanto quanto as comédias nacionais mais contemporâneas (apesar de toda a estrutura atual que a indústria do cinema nacional dispõe) essas muitas vezes, produções de resultado tão limitados que dariam vergonha as suas antepassadas. 

Nota:  7/10

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