sábado, 1 de junho de 2019

Crítica: Nocaute | Um Filme de Antoine Fuqua (2015)


Billy Hope (Jake Gyllenhaal) é um boxeador profissional que tem em sua esposa, Maureen (Rachel McAdams) seu braço direito e maior conselheira para os assuntos da família e dos negócios. Mas quando uma tragédia acontece na vida de Hope, sua vida profissional entra em decadência e as estruturas de sua família são abaladas. Derrotado nos ringues, falido e prestes a perder definitivamente a guarda e o amor de sua filha Leslie, Billy tenta se levantar novamente e superar a depressão que atinge sua vida. Para isso ele procura o treinador Tick Wills (Forest Whitaker), um homem temperamental e com uma personalidade difícil, mas é a ferramenta que pode ajudar Billy a consertar seus erros do passado e fazer as pazes com seu presente. “Nocaute” (Southpaw, 2015) é um drama esportivo estadunidense escrito por Kurt Sutter e dirigido por Antoine Fuqua. O filme teve sua estreia no Shangai International Film Festival e foi o último trabalho a ser assinado pelo compositor James Horner (1953-2015) antes de sua morte. Apesar do enredo clichê que “Nocaute” disponibiliza ao espectador, possivelmente já utilizado centenas de vezes em filmes semelhantes, a forma como a história se desenvolve na tela e é contada ao espectador o torna bem diferente e muito melhor do que em inúmeros outros filmes que o antecedem.

É curioso ver como o diretor Antoine Fuqua evoluiu muito como realizador nos últimos anos. Trabalhador incessante, sua carreira deslanchou após “Dia de Treinamento”, de 2001. Entretanto foi ao decorrer dos anos que sua filmografia foi muito mal preenchida com filmes pouco expressivos como “Rei Arthur”, de 2004 e “Atirador”, de 2007. Mas nota-se uma aparente evolução suficientemente positiva desde “O Protetor”, de 2014, onde retorna com um novo trabalho bastante competente em uma nova parceria com o astro Denzel Washington, que inclusive gerou uma promissora sequência em 2018. O astro ganhou um merecido Oscar de Melhor Ator em “Dia de Treinamento” por seu papel de policial corrupto. Sobretudo, é bastante perceptível a sua evolução em “Nocaute”, quando o diretor pega um enredo deveras clichê e apresenta um produto bem alinhado com sua proposta. O filme tem todas as passagens típicas de um filme que enaltece a esperada busca de redenção, mas são inegavelmente bem feitas. Brilhantemente protagonizado por Jake Gyllenhaal, o ator confere a força necessária para um personagem em declínio que necessita dar a volta por cima antes que seja tarde. Da mesma forma que Gyllenhaal entrega muito com pouco, Fuqua faz o mesmo ao entregar um ótimo filme com base em um enredo previsível, estereotipado e sem novidades. A sensação agradável que esse filme proporciona é unicamente possibilitada por sua excelência na execução. As cenas de luta são muito bem filmadas, o elenco de apoio é genial (onde Forest Whitaker naturalmente se destaca ainda que Rachel McAdams tenha seus momentos), e a ambientação do universo do boxe é bastante realista e convincente.

Nocaute” é um bom filme esportivo, com atuações sólidas e uma carga dramática bastante funcional. O filme funciona ao que se propõe e prende a atenção do espectador pelos desempenhos de atuação dos grandes nomes que habitam o elenco. Sobretudo, a de Jake Gyllenhaal. A difícil jornada pela qual Jake Gyllenhaal passa para encontrar sua inalcançável redenção, que mais batida que possa ser aos olhos dos fãs de filmes assim, ainda é vitoriosa pela consequente soma de pontos positivos.

Nota:  7,5/10

2 comentários:

  1. Apesar de hoje ter sido superado pelo sucesso do MMA, o mundo do boxe ainda é fértil para boas histórias, quase sempre sobre corrupção e ganância.

    Este é um bom filme do gênero.

    Abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Também achei isso, embora todos os filmes sejam muito parecidos em sua forma e essência. Porém a formula quando é bem executada ainda pode render bons filmes.

      abraço

      Excluir