sábado, 8 de agosto de 2015

Crítica: Lago Perdido | Um Filme de Ryan Gosling (2014)


Billy (Christina Hendricks) passa por enorme dificuldade financeira como todos na cidade de Lost River. Mãe solteira de dois filhos em uma cidade sem oportunidades, ela é levada a trabalhar em uma casa de espetáculos macabros para quitar suas dívidas e salvar sua casa de uma eminente demolição. Ela deseja preservar sua casa de sua infância e manter sua família unida. A sua margem está seu filho mais velho, Bones (Iain De Caestecker), numa incessante corrida de gato e rato com um degenerado gangster chamado Bully (Matt Smith), por causa de canos de cobre roubados de prédios abandonados que essa tosca figura se diz dono. E por fim, Rats (Saoirse Ronan), uma vizinha que tem um rato de estimação e uma avó tão fantasmagórica quanto possível. Nesse cenário e em meio a esses personagens, alguns mistérios sobre uma misteriosa maldição que assola a região em função da mudança do leito de um rio que acabou por inundar as cidades vizinhas vêm a tomar a atenção de Bones. “Lago Perdido” (Lost River, 2014) é um drama neo-noir que busca combinar horror e mistério em um trabalho escrito e dirigido por Ryan Gosling. Extremamente criticado pelos conceituados formadores de opinião durante sua estreia, o filme foi mal recebido pelo público e vaiado no Festival de Cannes sem perdão durante a subida dos créditos finais. E em partes, a causa dessa odiosa recepção se deve, ainda que tenha contornos até interessantes aos olhos, o resultado desse longa-metragem foi incessantemente comparado a outros filmes consagrados num nivelamento muito mais reduzido do que tolerado por seus apreciadores.


Odeio comparações, mas em se tratando de “Lago Perdido” elas são inevitáveis. Associar esse longa-metragem a filmes de David Lynch, mais especificamente “Cidade dos Sonhos”, de 2001, ou a filmes de Nicolas Winding Refn como Apenas Deus Perdoa”, de 2013, é muito fácil. Mas infelizmente o trabalho de Ryan Gosling carece de corpo. Sua história até possui um repertório intrigante de elementos interessantes e bem-intencionados, que oscilam entre a sugestão e a ação, mas unidos numa combinação indigesta mal escrita que não leva o espectador a lugar algum. Ryan Gosling se traiu ao conferir a sua estreia na direção os mesmos contornos adotados por Refn, que não possuem um apelo comercial bem-vindo, ainda mais quando extremados como foram nessa produção. Embora lance ao espectador um visual estonteante, repleto de passagens de grande beleza e lirismo, seja nas cores ou nas luzes brilhantemente escolhidas por uma direção de fotografia competente, esse recurso não sustenta a atenção do espectador perante uma infinidade de outras carências (obviamente Gosling apostou na boa recepção da estética de seus trabalhos com Nicolas Winding Refn e se deu mal). Atores de talento considerável, com destaque para Saoirse Ronan, atriz a qual o trabalho eu aprecio muito, mas que mal aproveitados pela história que não detêm uma substância condizente com leito do lago em questão, é outro aspecto que prejudica a experiência que Ryan Gosling busca proporcionar ao espectador. A aparência de cinema arte que se busca evocar nesse longa-metragem se mostra no fim, mais pretensão do que realização. Em resumo, “Lago Perdido” é uma papinha artística difícil de engolir.

Nota:  5/10

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