“Syriana – A Indústria do Petróleo” (Syriana, 2005) é um suspense-dramático e político que foi escrito e dirigido por Stephen Gaghan (responsável pelo roteiro de “Traffic”, de 2000). Brevemente inspirado num livro escrito por Robert Baer, onde o material que foge a regra da academia (filmes baseados em livros geralmente integram a categoria de Melhor Roteiro Adaptado), curiosamente esse longa-metragem recebeu uma indicação de Melhor Roteiro Original no Oscar 2006 por sua derradeira originalidade. Ao retratar as consequências de uma rede de conspirações e corrupção embutida na indústria internacional de petróleo, a estreia como diretor de Stephen Gaghan se mostra audaciosa e distante de ser propaganda política. No entanto, o prêmio mesmo veio através do reconhecimento de George Clooney por seu desempenho no papel de agente da CIA desiludido que foi agraciado com o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Syriana (um termo norte-americana que faz referência a um Estado hipotético que abrange o território do Oriente Médio sem fronteiras definidas) teve um subtítulo nacional para aproximar o espectador de seu difícil enredo de fazer bilheteria. Mas por quê? Porque “Syriana – A Indústria do Petróleo” não é um drama primeiramente acessível a um grande público, principalmente o globalizado, ou pelo menos demostre querer ser. Com uma narrativa que ao combinar vários personagens sem conexão direta, vários aspectos dos bastidores da corrupção abordada, uma atmosfera densa que não busca fazer pausas e um desenvolvimento ágil que não insulta a inteligência do espectador sobre certas nuances do que ocorre no Oriente Médio, acaba mostrando a relevância de sua existência.
“Syriana – A Indústria do Petróleo” tem vários ingredientes que o fazem ser uma obra complexa para uma compreensão imediata. E considerando a amplitude do que ocorre em tela, principalmente por seu contexto intrincado, uma dupla conferida não pode e nem deve ser encarada como um pecado capital (veja e reveja se for necessário). Com atuações adequadas por parte de todo o elenco de apoio (Matt Damon, Jeffrey Wright, Chris Cooper, Christopher Plummer e Amanda Peet), obviamente com destaque para George Clooney que já na época abandonava os personagens fáceis de galã, que também exerce a função de produtor, somos apresentados a uma boa gama de personagens criveis e bem entregues. Este filme se engrandece ao ilustrar o quanto possível que grandes empresas de negócios gananciosas acomunadas com representantes políticos corruptos são capazes de fazer a fim de gerar lucros sobre populações desfavorecidas do mundo. Stephen Gaghan recheia seu trabalho com inúmeros recados direcionados ao espectador, como a queda da fantasia de que alguns governos invadem territórios estrangeiros com a finalidade de solidificar a democracia pelo Oriente por razões humanitárias. A tarja de censura estampada no rosto de Clooney no cartaz de divulgação do filme é outro recado direcionado ao espectador. De mesmo tom alarmista e delator de ideias que foi adotado em “Traffic”, que abordava a perigosa rota do tráfico, Stephen Gaghan confere grande profundidade e poder ao seu trabalho em “Syriana – A Indústria do Petróleo”. Infelizmente poderia ter ganhado contornos mais acessíveis para estender seu alcance, mas que mesmo assim, isso não diminui sua relevância diante do panorama internacional que invariavelmente habita os noticiários.
Nota: 8/10
De fato é uma obra complexa, tanto pela narrativa densa quanto pelos assuntos de ordem geopolítica que abrange, mas achei que faltou tensão, emoção.
ResponderExcluirCumps.
Curioso essa sua observação, sendo que já ouvi de amigos a mesma coisa. Esse seu sentimento de ausência aparentemente não é isolado. Mas particularmente eu gostei, e talvez porque eu valorizei mais os acontecimentos como fatos a serem relatos do que propriamente como eventos desencadeadores de emoções.
Excluirabraço