Baseado no romance homônimo Obrigado por Fumar de Christopher Buckley, de 1994, o cineasta Jason Reitman em sua primeira empreitada simultânea como roteirista e diretor consegue entregar ao público com um alto nível de excelência a adaptação literária dessa obra. Uma transposição de realização bastante complicada em teoria, tanto pela temática relevante e delicada que necessita um impressionante jogo de cintura, quanto pela escolha da abordagem satírica tomada no decorrer de seu desenvolvimento. “Obrigado por Fumar” (Thank You For Smoking, 2006) é uma surpreendente comédia dramática escrita e dirigida pelo cineasta canadense Jason Reitman (responsável por filmes como “Amor Sem Escalas”, “Juno”, “Jovens Adultos”, entre outros mais). Filho do famoso cineasta Ivan Reitman (realizador dos lendários “Os Caça-Fantasmas” 1 e 2), o filho, um incessante realizador e um talentoso combinador de ideias inteligentes surpreende as novas gerações ao seu modo com filmes que misturam profundidade e apelo comercial. E “Obrigado por Fumar” pode ser um bom exemplo disso. Para começar pelo instigante e curioso título, naturalmente herdado do livro, e depois pelo acerto do tom sarcástico e irônico da obra. Tecnicamente não há heróis em sua transposição, apenas personagens com menos ou mais carisma. Em sua trama acompanhamos Nick Taylor (Aaron Eckart), lobista e o porta-voz das grandes empresas do tabaco que ganha a vida defendendo os direitos dos fumantes nos Estados Unidos. Constantemente alvejado pelos vigilantes da saúde, como o senador Ortolan K. Finistirre (William H. Macy), Nick age com inteligência manipulando as informações dadas ao público em programas de TV. Mas quando passa a ter mais contato com seu filho Joey (Cameron Bright), alguns questionamentos incômodos de sua função começam a tirar sua serenidade, que antes via em seu trabalho apenas uma forma de pagar as contas e sobreviver.
“Obrigado por Fumar” é inteligente na forma como expõe suas ideias. E, diga-se de passagem, que há uma quantia agradável de boas ideias nesse longa-metragem. Com algumas indicações a prêmios em festivais, Jason Reitman venceu na categoria de melhor roteiro no Independent Spirit Awards, mérito obtido de um espirituoso trabalho de transposição de sua base literária forte e consistente. Apoiado pelo desempenho formidável de Aaron Eckart como protagonista ao qual basicamente acompanhamos sua jornada de trabalho, com direito a algumas revelações interessantes e nuances estratégicas que geram passagens bem humoradas, temos de atuações extremamente funcionais por parte do restante do elenco (William H. Macy, Katie Holmes, Rob Lowe, Maria Bello, David Koechner e Cameron Bright), o trabalho desse conjunto de nomes acentua todo o trabalho de Reitman. Há uma quantidade significativa de acertos no desenvolvimento da história. O tom irônico e sarcástico do filme que gera inúmeras risadas, o ritmo ágil da apresentação dos acontecimentos, e o fato, de que não descamba para o sentimentalismo apelativo ou alertas desnecessários no tom de novidade para o ato de fumar, talvez sejam algumas das maiores sacadas de sua realização. “Obrigado por Fumar” é divertidíssimo da forma que ele é. A soma de um dos melhores desempenhos de Aaron Eckart e a direção segura e o roteiro sabido de Jason Reitman fazem dessa produção uma obra de articulação inteligente que gera boas risadas e um resultado difícil de causar decepção.
Nota: 8/10
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