sexta-feira, 5 de julho de 2013

Crítica: Killer Joe – Matador de Aluguel | Um Filme de William Friedkin (2011)


Esse filme não existe. Dirigido pelo responsável de filmes icônicos como “Operação França” (1971) e “O Exorcista” (1973) entre muitos outros menos relevantes, William Friedkin tenta a todo custo voltar ao brilho dos holofotes, misturando uma dose ardente aos olhos de violência e um humor negro inesperado. O que torna esse longa-metragem improvável é justamente o nome de seu realizador. Essa viagem white trash realizada por William Friedkin beira a uma tentativa desesperada de novamente fazer parte do primeiro time de Hollywood. “Killer Joe – Matador de Aluguel” (Killer Joe, 2011) é a materialização de uma peça de Tracy Letts, também responsável pelo material de “Possuídos” (2006), filme anterior do cineasta. Em “Killer Joe – Matador de Aluguel” acompanhamos uma família disfuncional, na qual Chris (Emile Hirsch) planeja mandar matar a mãe para pegar o dinheiro de um seguro de vida de cinquenta mil dólares para pagar uma dívida com traficantes. Com a ajuda do pai, Ansel Smith (Thomas Haden Church) e a aprovação da madrasta, Sharla (Gina Gershon) entram em contato com um detetive da polícia de Dallas, chamado Joe (Matthew McConaughey) que faz eventuais trabalhos de assassino de aluguel nas horas vagas. O problema é que Chris não tem o dinheiro para pagar o serviço até que receba o dinheiro do seguro, e Joe não o fará até que receba o pagamento. A solução se encontra, no uso da irmãzinha de Chris, Dottie (Juno Temple) como garantia pelo serviço. Mas como esperado, o que não parecia em momento algum uma boa ideia, tornou-se um pesadelo incontrolável.


Se há uma verdade em volta dessa produção, é que ela serve mais para causar polemica do que propriamente divertir. Profundamente estranha, da premissa ao desfecho, talvez essa tenha sido a verdadeira intenção do cineasta. Com cenas de violência cruas, e duas sequencias de sexo – uma envolvendo pedofilia, e outra com um sexo oral indigesto, com destaque para Gina Gershon e uma coxa de frango – requer do espectador estômago para acompanhar os eventos protagonizados por essa família. E se a estética e narrativa dessa produção se apresenta incômoda, ela acaba por ganhar pontos pelo desempenho do elenco, sem exceção, profundamente comprometido com a proposta diferenciada da produção. Sobretudo, ao papel de Matthew McConaughey, que habituado a estrelar comédias românticas insonsas e filmes óbvios, emerge completamente num papel diferente da cartilha premeditada a galãs de seu quilate. Sua presença em tela é o elemento mais gratificante dessa produção, como também o mais inquietante. No entanto, o restante do elenco não faz feio, e completa as possibilidades do roteiro, dando vigor para essa trama energizada com absurdos e fatalidades que não irão agradar a todos os espectadores, fãs ou não do cineasta. “Killer Joe – Matador de Aluguel” é um longa com diálogos ligeiramente interessantes, cenas antológicas e atuações fortes que levam o espectador a um clímax no mínimo desconcertante, deixando o espectador perdido, para não dizer confuso. Mas seu maior problema reside no conjunto que não funciona de modo natural, quando que, evidencia uma clara tentativa do cineasta de chocar mais o público, do que propriamente de contar para ele uma história.

Nota: 6/10

2 comentários:

  1. Vi recentemente e até que gostei, mesmo sendo esquisito, achei ser uma produção diferente a principio só pra poder conferir o final e foi oque me fez arrepender de ter assistido o filme todo, porque eu já tinha ficado enojado com a cena do frango.

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    1. O final é de doer mesmo... um final que chega a ser bizarro. Mas é por isso que eu acho que o filme é forçado, que tenta justamente chocar o público para se manter vivo na memória do espectador. Mas algo que eu acho que ficou legal, foi a interpretação de Matthew McConaughey. Bem diferente daquela que estávamos acostumados a ver dele.

      abraço

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