quinta-feira, 13 de junho de 2013

Crítica: A Hora Mais Escura | Um Filme de Kathryn Bigelow (2012)


Entre os atentados de 11 de setembro de 2001, e a morte do líder da organização terrorista Al-Qaeda, Osama Bin Laden, muita coisa aconteceu nos bastidores dessa que foi a maior caçada humana da história americana. Durante quase 10 anos o governo americano canalizou forças com diferentes agências de investigação, governos e canais de comunicação do mundo, para descobrir o paradeiro do terrorista e responsável assumido pela morte de centenas de cidadãos pelo atentado que se tornou um marco da história da humanidade. E muita informações consequentemente passaram desapercebidas as pessoas devido ao tempo, deixando o assunto cair quase que em completo esquecimento, gerando um certo conformismo em relação ao assunto - muita gente podia crer que o terrorista já estava morto, e ninguém sabia, ou simplesmente, jamais seria pego depois de tantos anos. Em "A Hora Mais Escura" (Zero Dark Thirty, 2012), acompanhamos justamente a trajetória dos acontecimentos que se passaram durante esse período. Através desse longa-metragem realizado pela oscarizada Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror), com base no roteiro de Mark Boal (No Vale das Sombras), podemos ter uma noção mais contextual das dificuldades superadas pela agente da CIA, Maya (Jessica Chastain) e sua obstinação na captura de Bin Laden, como também, na retratação dos métodos utilizados para a obtenção de informações de prisioneiros no decorrer desses anos, até que enfim, o conhecido desfecho que surpreendeu o mundo. 


Essa produção cujo título original (Zero Dark Thirty) é o uso de uma expressão militar aplicada a uma ação operacional ocorrida num horário precisamente desconhecido da madrugada, que tem em seu estilo uma presente oscilação entre um fluente thriller de suspense, de atmosfera tensa e evolvente, com um expressivo toque documental em sua essência. Tecnicamente melhorado em comparação ao filme anterior de Kathryn Bigelow, essa produção tem claras preocupações em retratar os acontecimentos com realismo evidenciadas em passagens como na abertura - com vozes de telefonemas no dia do atentado -, na tortura de prisioneiros pela busca de informações relevantes para a captura do terrorista, ou na reconstrução em detalhes do esconderijo localizado no Paquistão onde estava escondido o terrorista. E se o realismo que permeia a obra angaria pontos a essa produção, principalmente na execução das estratégias militares na invasão da casa pelos S.E.A.L. Team 6, onde Bin Laden estava escondido, as nuances em volta da investigação da protagonista desenvolve uma substância inesperada ao filme - o machismo no alto escalão da agência, o excesso de informações que dificultam a filtragem da qualidade dessas informações e a complicada burocratização das decisões de urgência que requerem atitude - acentuam toda a obra. "A Hora Mais Escura" é um filme de realização complicada, já que devido ao fato de seu desfecho ser bem conhecido, era mais do que necessário, na verdade vital, ganhar o espectador no processo de sua construção da trama para que a crítica lhe concedesse credibilidade. O resultado veio com 5 indicações ao Oscar, que no fim rendeu um prêmio na Categoria de Melhor Edição (Montagem) de Som. Certamente não foi um estrondoso sucesso, embora possa se afirmar positivamente, que essa produção pode ser dada como missão cumprida.

Nota: 8/10 
   

2 comentários:

  1. Eu gostei, a nota 8 é perfeito.

    O roteiro é bom, explora muito bem os detalhes dos dez anos de caçada e tem ainda uma grande atuação de Jessica Chastain. O papel foi um grande presente para a atriz, que aproveitou muito bem a chance.

    Abraço

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    1. Gostei do trabalho dela em "Os Infratores". Apesar que gostei do tanto do filme que o exemplo (eu acho) nem é válido.

      abraço

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