sexta-feira, 25 de maio de 2012

Crítica: Os Perdedores | Um Filme de Sylvain White (2010)


Essa fita tem suas origens nas HQs – as mais remotas origens – criadas originalmente no final dos anos 60, pelo Rober Kanigher, onde seus personagens estavam ambientados em missões especiais na II Guerra Mundial. Era uma forma do autor de rever o papel americano dentro da história dos confrontos armados ocorridos, aplicando uma liberdade poética, e desmitificando verdades incontestáveis e por fim, causando consequentemente uma reação de reflexão. Anos depois, pós “11 de setembro”, o clima de aflição voltou com que foi chamado de “Guerra ao Terror”, quando noticiários explosivos sobre o Iraque e Afeganistão, tomavam a atenção da população novamente, criando um ambiente apropriado para a editora relançar um material mais contemporâneo dos personagens de Kanigher. Assim em 2003, porém roteirizada por Andy Diggle e desenhada por Jock, através do selo adulto da Vertigo/DC, ressuscitaram o grupo secreto midiático composto por: Clay, Roque, Vira-Latas, Jensen, Cougar e posteriormente pela Aisha – ainda preservando o título original (The Losers). O filme "Os Perdedores" (The Losers, 2010), mantém a trama similar as suas origens. O grupo, que articula ações militarizadas pelo mundo, busca vingança contra a CIA e, especialmente contra um agente chamado Max. Junto ao grupo especial, alia-se Aisha, também uma agente especial, que permanece ainda na ativa na agência, e passa a colaborar com a equipe de vingadores.




Os perdedores é um bom filme de entretenimento, justamente por que suas origens já se assemelhavam a um storyboard que esperava para ser filmado. Bem arquitetado e cheio de boas sacadas típicas que o cinema de ação requer, infelizmente também detém todos os defeitos possíveis ocorridos em produções do gênero já visto antes. Sua narrativa é tão ágil, que tonteia o espectador menos acostumado. Para um público típico da "Geração MTV", não vai passar de um clipe bem grande. E com essas características de formato, não deu para elenco e direção mostrar a diferença, ou algo magistral, nem ao menos um trabalho relevante em frente às câmeras, apesar de um elenco cativante e eclético como: Jeffrey Dean Morgan, Zoe Saldana, Idris Elba, Chris Evans e Jason Patric. Com cenas que se alternam entre a ação e o humor, bem característico hoje em dia nesse gênero, consegue tirar umas boas risadas e causar um efeito até positivo, mas nada muito original que ninguém ainda não tenha visto em outros derivados desse gênero. Exceto na aplicação da trilha sonora, um elemento que praticamente contracena com o elenco, tamanha a importância que lhe foi dada. Os ponto mais positivos dessa produção ficam destinados a direção de arte, pela escolha do formato e design dos cartazes de divulgação, criando verdadeiras capas de revista em tamanho gigante. "Os Perdedores" é fiel as suas origens em vários aspectos. Contudo isso não quer dizer que seja fenomenal, mas apenas divertido e muito, mas muito parecido com o remake de "Esquadrão Classe A" lançado simultaneamente. Sua exibição nos Estados Unidos não foi bem recebida, por isso talvez tenha sido lançado aqui no Brasil direto em DVD. No entanto, entre acertos e erros, não foi de todo mal, terem lançado esse filme direto em vídeo, até porque, por mais legal e bacana que tenha ficado, melhor mesmo será vê-lo em uma “Sessão da Tarde” daqui a uns dois anos.

Nota: 6,5/10
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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Os 300 de Esparta | HQs e Graphic Novels de Sucesso




Para quem ainda não assistiu ao filme “300”, do diretor Zack Snyder (Sucker Punch – Mundo Surreal e Watchmen), deveria conferir sua fonte antes de assistir ao filme. Encontrei em um “Sebo” está semana, por uma bagatela, o livro em perfeitas condições, que me inspirei a postar sobre minha sorte. Ou pelo menos sobre o fruto que descobri ter encontrado. Há no mercado uma famosa versão Widescreen da história de Frank Miller, da editora Devir, lançada em uma compilação de roupagem moderna, capa dura, papel luxuoso e na posição “deitada”, disponível para interessados da obra em uma roupagem mais requintada. Cada página vira uma exposição de arte através desse formato. 

A trama é uma abordagem romantizada e violenta da famosa Batalha de Termópilas, que ocorreu em 480 a.c, quando o rei de Esparta (Leônidas) reuniu um Exército de 300 homens e enfrentou o império persa, comandado pelo imperador Xerxes. O livro está recheado de batalhas sanguinolentas e reviravoltas que são um verdadeiro espetáculo visualmente personificado. As fontes de Miller para compor a obra, foram baseadas em descrições de Heródoto, quem primeiro romanceou a extraordinária batalha, que era contada em números, de 300 espartanos contra 4 milhões de persas. 

Sem se prender a detalhes verídicos da obra, deve-se comtemplar a beleza e o esmero do conteúdo proporcionado por Miller sobre um confronto heroico e desigual que salvou a Grécia e sua história. Apesar de ser conhecedor das fontes de Snyder para sua filmagem, fiquei impressionado com as semelhanças visuais do livro com o filme. 

 Uma comparação da cena do filme com sua versão em Quadrinhos.

Crítica: O Homem Duplo | Um Filme de Richard Linklater (2006)


O filme "O Homem Duplo" (A Scanner Darkly, 2006), foi a segunda incursão do diretor Richard Linklater no universo perfeccionista da animação, e uma evolução em comparação ao seu trabalho feito em “Waking Life, 2001”. Tanto um quanto o outro, foram realizados a partir de um processo chamado “Rotoscopia Interpolada”, onde a ação filmada dos atores reais passa por um processo de animação. O filme é uma adaptação do romance de ficção científica “A Scanner Darkly”, de Philip K. Dick, onde retrata o efeito das drogas sobre a natureza humana e como ela sistematicamente é aplicada pelo governo como ferramenta de manipulação da massa. 

O ator Keanu Reeves interpreta um agente disfarçado, que se infiltra no submundo da sociedade, a fim de combater a disseminação das drogas nas ruas. Nessa empreitada, Reeves acaba conhecendo personagens comuns e extraordinários, cheios de nebulosidades sobre a cabeça, como os interpretados por Woody Harrelson e Robert Downey Jr., que estão fortemente inseridos no submundo das drogas. O problema que Reeves, sendo usuário de drogas intenso para autenticar seu disfarce, passa a ficar confuso e perdido quanto as suas responsabilidades, e por vezes, paranoico quando a droga torna a ter domínio sobre suas ações e decisões. O filme tem uma narrativa sofisticada, atribuída pelo efeito da animação, com tom de alerta prioritário sobre o poder das drogas e seus efeitos nocivos sobre o homem, retratando o alcance da tragédia que seu consumo pode causar. Porém, o mundo não é retratado somente em tom de tragédia o tempo todo, como por exemplo, na negociata de Harrelson na compra de uma bicicleta de 18 marchas, adquirida por uma pechincha de um garoto, que desmorona pela intervenção de seus colegas dependentes e chapados. Sua viagem é hilária e cômica as avessas como poucas já interpretadas nas telonas. 

Com uma produção cheia de problemas técnicos, atrasos de produção, demissões e reajustes de datação da estréia, Richard Linklater fez um adaptação literária de uma obra lisérgica bastante inovadora. Mesmo adaptado para a época atual, todas as paranoias futuristas da obra estão pulverizadas no enredo sutilmente, não renegando suas origens que desencadearia uma fúria dos fãs do autor. Mesmo sendo uma animação – mais sofisticada do que aplicada em "Waking Life" – sua ambientação é bem suburbana, dando um toque de realismo ao enredo pela familiaridade, e acima de tudo, os atores estão totalmente reconhecíveis, justificando as dificuldades de animação sobre o live action. Um trabalho árduo que envolve centenas de profissionais com um objetivo comum.


Por fim, com uma história de ficção científica conceituada, o diretor Richard Linklater, autor de filmes tão desiguais quanto "Jovens, Loucos e Rebeldes", "Antes do Amanhecer" e "Escola de Rock"; criou uma obra inovadora, de ritmo lento que cresce lentamente e cativa o espectador, no entanto, sem chances de agradar a um publico que não simpatiza ou carisma com a arte de animação, independentemente da seriedade do projeto. 


Nota: 7,5/10