quarta-feira, 1 de maio de 2019

Crítica: A Outra História Americana | Um Filme de Tony Kaye (1998)


Danny Vinyard (Edward Furlong) é um jovem adolescente que foi bastante influenciado pelos ideais do irmão mais velho, Derek Vinyard (Edward Norton), um cara que desenvolveu um ódio dos negros e das minorias após a morte do pai, um bombeiro que foi baleado em um bairro negro enquanto atendia uma ocorrência. Derek se tornou uma espécie de liderança para jovens perdidos de seu bairro, e após sua prisão por dois assassinatos a negros passou a ser idolatrado por suas ações que influenciou muitos outros jovens a seguir a mesma doutrina neo-nazista que seguia. Mas a sua estadia na prisão, fez com que Derek passasse a questionar seus valores racistas com o mesmo afinco com que os formou em sua cabeça, abrindo uma brecha de mudança em suas vidas que terá uma radical transformação. “A Outra História Americana” (American History X, 1998) é um drama estadunidense escrito por David McKenna e dirigido por Tony Kaye. Indicado para o Oscar de Melhor Ator pelo desempenho de Edward Norton como uma liderança juvenil de skinheads local que propaga o sentimento de ódio nas redondezas, o diretor Tony Kaye apresenta um longa-metragem contundente, que entrega ao público as mensagens presentes no roteiro com a devida força e importância que tem, além de tocar em um tema que mesmo depois de mais de 20 anos após sua realização ainda se mostra de grande relevância de debate.

Sendo um dos melhores filmes que foram lançados em 1998, “A Outra História Americana” tem em seu protagonista um de seus maiores trunfos. Edward Norton que como em seu trabalho anterior, no surpreendente “As Duas Faces de um Crime”, de 1996, e posteriormente no fascinante “Clube da Luta”, de 1999, ambos os filmes demonstravam todo o potencial do astro que estava em sua melhor fase da carreira. Apenas se equiparando a essa fase, o astro se destacou em 2014, por seu desempenho em “Birdman (A Inesperada Virtude da Ignorância)”, um filme de Alejandro González Iñárritu. Em “A Outra História Americana” o filme é dele em todos os sentidos, onde o ator estarrece nos diálogos, na atitude e inclusive numa bizarra cena na qual assassina um membro de gangue que tenta roubar o seu carro o levando para a prisão. Uma passagem que entrou para a história do cinema. Edward Furlong é outra figura adicionada com excelência que curiosamente após seu desempenho como o jovem John Connor em “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final”, de 1991, além de seu papel nessa produção nunca mais agregou nada de relevante a sua carreira. O filme impressiona pela forma que o roteiro de David McKenna vai se aprofundando na temática racista, da mesma forma com que o personagem se afunda em seus ideais até admitir que as revelações sobre a podridão que o cerca nunca terminariam enquanto ele não largasse seus ideais de ódio e preconceito.

As mudanças que ocorrem no desenvolvimento da trama e no âmago de seus personagens são convincentes, sendo muito bem retratadas em pontuais flashbacks e dotadas de um lirismo visual e narrativo bem elaborado. “A Outra História Americana” é um filme impressionante da introdução ao desfecho perturbador que demonstra que a caminhada para um mundo sem desigualdades ainda levará tempo para ser atingido. Sobretudo, trata-se de uma obra imperdível para quem aprecia dramas de temáticas universais.

Nota:  9/10

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