quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Crítica: Livre | Um Filme de Jean-Marc Vallée (2014)


Cheryl Strayed (Reese Witherspoon) é uma jovem que ao iniciar sua caminhada pela Pacific Crest Trail, uma trilha de cerca de 1800 quilômetros que vai da fronteira dos Estados Unidos com o México até o Canadá, um caminho que somente é possível ser realizado a pé ou a cavalo, também é o começo de uma jornada que a leva a uma experiência de desesperado renascimento. O propósito dessa jornada está em anular o duro passado, este tão difícil de ser suportado quanto às dificuldades que uma viagem dessas pode oferecer a uma pessoa completamente despreparada. “Livre” (Wild, 2014) é um longa-metragem dramático baseado na autobiografia “Livre – A Jornada de Uma Mulher Em Busca do Recomeço”, um livro de sucesso lançado em 2012 e traduzido em mais de 30 idiomas, que conta a história da autora que em 1995, com pouco mais de 20 anos e totalmente despreparada, inicia sua caminhada por um arriscado território. Adaptado por Nick Hornby (responsável pelo roteiro de “Alta Fidelidade” e “Um Grande Garoto), e tem a direção de Jean-Marc Vallée (diretor responsável pelo “Clube de Compras Dallas”, filme que rendeu ao ator Matthew McConaghey o Oscar de Melhor Ator). Estrelado por Reese Witherspoon, atriz que há quase dez anos ganhou o Oscar de Melhor Atriz por seu papel em “Johnny e June”, essa produção reúne estrategicamente um grande timing para materialização dessa história de superação no melhor estilo road movie.

É fácil supor que “Livre” seja comparado a “Na Natureza Selvagem”, um filme de 2007 dirigido por Sean Penn. Mas esta comparação não é somente lógica, como também se mostra agradavelmente justa pela hábil visão cinematográfica aplicada ao longa-metragem (trata-se praticamente de uma versão feminina da jornada de autoconhecimento desenvolvida no longa de Sean Penn). Embora não seja igualmente inesquecível, “Livre” tem seus méritos próprios. Desenvolve em suma uma apresentação ajustada e carismática da protagonista que rende boas cenas de humor, como uma abordagem crível dos perigos que rondam a jornada de peregrinação de Cheryl Strayed. A adesão justificada de flashbacks, que demostram e estabelecem o forte elo afetivo com sua falecida mãe mostra aos espectadores os motivos dessa expedição, e a certa altura, em narrações em off que permeiam toda a obra, as expectativas depositadas pelo seu desfecho. Com uma ótima trilha sonora e uma direção por parte de Jean-Marc Vallée consciente da proposta desse drama, o tempo de duração desse longa é muito bem preenchido. Reese Witherspoon se destaca implacavelmente em seu papel (dona dos direitos da obra e produtora do longa-metragem), deixando para trás anos de produções esquecíveis.

No final das contas, “Livre” certamente não se tornará igualmente memorável como outros filmes do gênero no qual habita, mas também está longe de estar aprisionado a meras comparações. Trata-se de um filme realizado com habilidade, dentro de um padrão de qualidade atraente ao público. “Livre” é visualmente lindo aos olhos (cortesia de uma direção de fotografia de grande excelência), musicalmente bem elaborado aos ouvidos mais apurados e protagonizado com uma rara energia emocional, fazendo com que essa produção tenha muito a oferecer ao espectador que busca inspiração enlatada de alguns instintos supostamente extintos da natureza humana.

Nota: 7,5/10

2 comentários:

  1. Adoro a Reese. E ela sabe escolher bem.seus trabalhos

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    1. Verdade. O envolvimento de seu nome se alterna entre produções despretensiosas e filmes relevantes. Para minha surpresa ela tem atuado em bons filmes, como também tem produzido filmes muito interessantes como "Garota Exemplar". Ela está de parabéns!

      abraço

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