quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Crítica: Adeus, Minha Rainha | Um Filme de Benoît Jacquot (2012)


O destino é implacável. Pelo menos a história nos mostra isso em relação a certas personalidades como a de Maria Antonieta (que de fato foi degolada a certa altura da violenta Revolução Francesa) não conferindo mais surpresa ao espectador. Trata-se de uma figura histórica infinitamente mencionada nos livros de histórias. Inclusive, seus percalços já tiveram uma equivocada retratação em um longa-metragem de responsabilidade de Sofia Coppola (que uniu seu estilo sorumbático de filmar ao som de uma trilha sonora nada convencional para uma produção de época relativamente séria), que tornava seu destino cinematográfico um ultraje. Sabendo disso, talvez o diretor Benoît Jacquot decidiu ao invés de focar seu drama no destino da rainha, espertamente optou por usá-la apenas como parte da história, fazendo com que o espectador procure acompanhar sim, a trajetória de Agathe-Sidonie Laborde (uma das leitoras preferidas da alteza). “Adeus, Minha Rainha” (Les Adieux à la Reine, 2012) é a realização de um eficiente drama (no clima e nos detalhes que materializam o ambiente em que se passa a ação) que não se distancia dos fatos históricos e se revela um entretenimento responsável. Em sua trama acompanhamos em suma Maria Antonieta (Diane Kruger), abalada pelo amor que nutre pela duquesa Gabrille de Polignac (Virginie Ledoven), vive deprimida. Depressão essa que confidencia para uma de suas leitoras, Agathe-Sidonie Laborde (Léa Seydoux) e que coincidentemente também guarda em seu coração alguns segredos em relação à Rainha. Estamos no primeiro ano da Revolução Francesa no ano de 1789, onde a tensão nos arredores do Palácio de Versalhes cresce quando a fortaleza de Bastilha no âmago da realiza parisiense é invadida. Revelada uma lista com 286 nomes de pessoas que serão guilhotinadas, que dentre elas, o Rei Luis XVI e sua esposa, o desespero toma conta do palácio e as horas começam a passar para que se escreva a história.


Caso a história dos livros não gera material que desperte atenção sobre os eventos de um dos maiores momentos políticos da história da França, talvez algumas facetas dos bastidores da realeza que reinava naquele tão famigerado período gere interesse. Com ótimas interpretações do elenco principal (apesar da excessiva gama de personagens secundários pouco explorados que vão surgindo ao decorrer do desenvolvimento da trama), a astuta abordagem focada na tensão que toma os corredores do Palácio de Versalhes ao invés de âmbito nacional e uma reconstituição de época impecável em vários aspectos, Benoît Jacquot constrói um filme que não se prende aos contornos políticos dos fatos (apenas os utilizando como pano de fundo), e cria um envolvente suspense de época. Os confrontos e rebeliões que tomam as ruas de Paris são deixados de lado, descartando cenas de violência excessiva. A narrativa limita-se aos muros do castelo e investe nos conflitos internos das mulheres com descrição, permeando sua narrativa com várias suposições e teorias de incerta confirmação. Filmado com um estilo incomum para filmes do gênero, Benoît Jacquot busca enfatizar sentimentos e emoções das personagens através de invariáveis close-ups e de intencionais tremulações de câmera que se mostram um pouco excessivos e cansativos a certa altura. Por fim, “Adeus, Minha Rainha” não chega a ser minimalista, mas tem proporções reduzidas de espaço e pretensão. Apesar de conseguir gerar tensão de qualidade digna de aplausos, evidentemente busca apenas explorar algumas nuances de uma devota empregada a sua indomável patroa.

Nota: 7,5/10
  

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